Introdução:

A neoplasia do pênis é uma doença rara, sendo mais frequente nos países em desenvolvimento. Representa 0,4%dos tumores malignos dos homens nos EUA e 2,1% no Brasil, sendo mais prevalente nas regiões norte e nordeste. O carcinoma epidermóide representa aproximadamente 95% das neoplasias do pênis e sua ocorrência está ligada à presença de fimose, higiene inadequada e infecções virais. O PD-1 e seus ligante PD-L1 são proteínas de membrana com papel crucial na regulação da resposta imune. O aumento da expressão de PD-L1 parece ser um mecanismo de evasão do sistema imune do hospedeiro pelas células tumorais e tem sido alvo de diversos estudos.

Objetivos:

estabelecer a frequência da Expressão da proteína PD-L1 e das células T nos carcinomas de pênis, correlacionando os aspectos demográficos e clínico-patológicos com a expressão doe as tendências do câncer de pênis no Estado do Ceará.

Métodos:

Tratou-se de estudo retrospectivo, transversal, clínico-patológico e imunoistoquímico de câncer de pênis em pacientes tratados e em acompanhamento no Hospital do Câncer Haroldo Juaçaba do Instituto do Câncer do Ceará (HHJ/ICC). A amostra constituiu-se de 84 pacientes com diagnóstico de câncer de pênis acompanhados no HHJ/ICC, entre 2002 e 2014. Os dados foram obtidos através de revisão dos prontuários e do preenchimento de formulário elaborado pelos pesquisadores. Foi preparado TMA a partir de amostras dos blocos de parafina dos tumores. A imunoistoquímica foi realizada a partir das lâminas do TMA. Os dados foram tabulados, armazenados e processados através do programa estatístico Statistical Package for the Social Science (SPSS) Versão 22.0.

Resultados:

A média de idade foi de 67,6 anos com a maioria oriunda do interior do Estado (65,5%) e casados (68,7%). Amputação parcial foi a cirurgia mais realizada (82,14%) e a maioria dos tumores tinha até 5cm (77,4%). Tivemos cerca de 31% pT1 e 21,5% pN positivo. O subtipo usual foi o prevalente (67,9%) e os carcinomas moderadamente diferenciados (61,9%) tiveram maior representatividade. Houve recidiva em cerca de 21% dos casos. Quanto ao PD-L1 houve expressão em 22,6% dos casos. Houve significância estatística para a associação entre a expressão de PD-L1 com Células Inflamatórias (p=0,000), CD4 (p=0,001), CD8 (p=0,012) e estádio pT (p=0,02). Também houve para a associação entre a expressão de Células Inflamatórias com CD4 (p=0,004), CD8 (p=0,000), estádio pT (p=0,001), grau histológico (p=0,03) e diferenciação histológica (p=0,04). Quanto ao prognostico, a recidiva (p=0,017), o estádio pT (p=0,027) e o grau histológico (p=0,020) mostraram-se como fatores de impacto na sobrevida.

Conclusão:

Trata-se de uma neoplasia que acomete mais a sexta década da vida. A recidiva, o estadiamento patológico (pT) e o grau histológico ratificaram-se como fatores prognósticos relevantes na sobrevida. A expressão de PD-L1 em tumores avançados reforça a importância de continuar a pesquisa para investigação adicional de anti-PD-1 e imunoterapêuticos anti-PD-L1 em pacientes com neoplasia peniana avançada. Reforça-se ainda que por se tratar de um problema de saúde pública, campanhas de conscientização quanto aos sintomas devem ser incentivadas para que se possa fazer o diagnóstico mais precocemente, o que poderia diminuir as taxas de incidência de tumores em estágio avançado e propiciar cirurgias menos mutilantes