Segurança do paciente em unidades de terapia intensiva: estresse, coping e burnout da equipe de enfermagem e ocorrência de eventos adversos e incidentes
Patient safety in intensive care units: stress, coping and burnout of nursing staff and the occurrence of adverse events and incidents

Publication year: 2013
Theses and dissertations in Portugués presented to the Universidade de São Paulo to obtain the academic title of Doutor. Leader: Costa, Ana Lucia Siqueira

Objetivo:

Este estudo objetivou analisar a associação entre características biossociais e clínicas dos pacientes, carga de trabalho de enfermagem, nível de estresse, coping e burnout da equipe de enfermagem e a ocorrência de Eventos Adversos/Incidentes (EA/I) em Unidades de Terapia Intensiva (UTI).

Método:

Trata-se de investigação observacional, analítica, transversal, realizada em diferentes UTI, no mês de outubro de 2012. Utilizaram-se informações extraídas dos prontuários dos pacientes para coleta de EA/I. Para a carga de enfermagem, utilizou-se o Nursing Activities Score (NAS).

A obtenção das informações da equipe de enfermagem ocorreu pela utilização de:

Escala de Estresse no Trabalho (EET), Lista de Sinais e Sintomas de Stress (LSS), Escala de Coping Ocupacional (ECO) e Inventário Maslach de Burnout (IMB). No tratamento estatístico utilizaram-se: Teste Qui-quadrado para associação entre estresse, coping, burnout e variáveis biossociais e do trabalho da equipe de enfermagem para as variáveis qualitativas, Análise de Variância e Teste de Tukey para as quantitativas e regressão logística para identificação dos fatores associados a elas. Utilizou-se a Correlação de Pearson para análise entre variáveis biossociais e clínicas dos pacientes, NAS, estresse, coping, burnout e EA/I.

Resultados:

Participaram do estudo 111 pacientes, a maior parte eram homens (54,10%), com idade média de 51 anos, procedentes da enfermaria (87,40%), sobreviveram à internação (97,30%), com escore de gravidade de 27,05 e probabilidade de morte de 12,00%. Os 111 pacientes sofreram 1.055 ocorrências durante a internação, 64,83% foram incidentes e 35,17% foram eventos adversos, que envolveram 46,85% e 53,15% pacientes, respectivamente. As principais ocorrências relacionaram-se a:procedimento/processo clínico (48,53%), falhas com documentação (28,06%), administração de medicamentos ou relacionados a fluídos endovenosos (8,63%) e acidentes com paciente (6,26%). A variável EA/I correlacionou-se com gravidade (p=0,00 e r=0,27) e probabilidade de morte (p=0,00 e r=0,27) e o tempo de internação (p=0,00 e r=0,41). Referente à equipe de enfermagem, participaram do estudo 287 sujeitos, sendo 34,84% enfermeiros, 12,89% técnicos e 52,27%, auxiliares de enfermagem. Tratavam-se, de mulheres (83,97%), com companheiro (50,53%) e filhos (63,07%). 74,47% dos sujeitos estavam com médio nível de estresse verificados pela EET e 46,13% dos profissionais apresentou médio nível de estresse verificado pela LSS. O percentual de pessoas com burnout foi de 12,54%. As variáveis relacionadas às características do trabalho tiveram associação com o estresse. A equipe de enfermagem utilizou, predominantemente, o coping controle (79,93%). Houve associação estatisticamente significante entre presença de burnout e avaliação da efetividade das horas de sono dormidas (p=0,03) e intenção de deixar a instituição (p=0,04). A maior média de ocorrências de EA/I foi nas unidades com maior NAS, estresse ou burnout. Houve correlação positiva alta e estatisticamente significativa entre EA/I e tempo de internação (r=0,78 e p=0,02). Não houve correlação estatisticamente significativa entre EA/I, gravidade, NAS, estresse (EET), sinais e sintomas de estresse (LSS) e burnout.

Conclusões:

Apesar da hipótese deste estudo ter sido refutada, essa pesquisa avança pela elucidação de variáveis relacionadas ao estresse no trabalho, ao coping ocupacional e ao burnout e indica direções sobre a ligação dos EA/I, carga de trabalho de enfermagem, estresse e burnout.

Objective:

This study aimed to examine the association between biosocial and clinical characteristics of patients, nursing workload, level of stress, coping and burnout of nursing staff, with the occurrence of Adverse Events/Incidents (AE/I) in Adult Intensive Care Units.

Method:

Observational analytic cross-sectional study, performed in different ICU during the month of October, 2012. Data of patients was collected from medical records; to measure the workload of nursing, it was used the Nursing Activities Score (NAS); to collect data regarding the nursing staff it were used the following instruments: Stress Scale at Work (SSW), List of Signs and Symptoms of Stress (LSS), Occupational Coping Scale (OCS) and the Maslach Burnout Inventory (MBI).

The statistical treatment used were:

chi-square test for association between stress, coping, burnout and biosocial and work variables from the nursing staff for qualitative variables; analysis of variance and Tukey\'s test for quantitative variables; logistic regression to identify the associated factors. It was used the Pearson correlation test for analysis of biosocial and clinical variables, NAS, stress, coping, burnout and AE/I.

Results:

The study included 111 patients; the majority were men (54.10%), mean age 51 years, coming from the hospitalization unit (87.40%), who survived to the hospitalization (97.30%), with severity score of 27.05 and probability of death of 12.00%. The 111 patients had 1,055 occurrences during hospitalization, 64.83% were incidents and 35.17% were adverse events, involving 46.85% and 53.15% patients, respectively. The main occurrences related to procedure/clinical process (48.53%), documentation failures (28.06%), medication administration or related to intravenous fluids (8.63%) and accidents with the patient (6, 26%).The variable AE/I correlated with severity (p = 0.00 and r = 0.27), probability of death (p = 0.00 and r = 0.27) and length of stay (p = 0.00 and r = 0,41). Concerning the nursing staff, 287 individuals participated in the study, 34.84% were nurses, 12.89% were nursing technicians and 52.27% were nursing auxiliaries. Most were women (83.97%), with a partner (50.53%) and children (63.07%), 74.47% scored with medium stress level measured by the SST and 46.13% of the professionals scored medium stress level in the LSS. The percentage of people with burnout was 12.54%. The work variables were associated with stress. The nursing staff used predominantly coping control (79.93%). There was a statistically significant association between the presence of burnout and evaluation of the effectiveness of hours of sleep (p = 0.03) and intention to leave the institution (p = 0.04). The highest average occurrences of AE/I were in units with higher NAS score, stress or burnout. There was a high, positive statistically significant correlation between AE/I and length of stay (r = 0.78 and p = 0.02), but there was not significant correlation between AE/I, gravity, nursing workload, stress (SSW), signs and symptoms of stress (LSS) and burnout.

Conclusions:

Although the hypothesis of this study has been refuted, this research advances through elucidation of variables associated to stress at work, occupational coping and burnout, also providing some directions for the connection of AE/I, nursing workload, stress and burnout.

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