Ação educativa em tuberculose envolvendo crianças e adolescentes com a forma ativa e latente da doença e seus cuidadores

Publication year: 2020
Theses and dissertations in Portugués presented to the Instituto Oswaldo Cruz to obtain the academic title of Mestre. Leader: Carvalho, Anna Cristina Calçada

Tuberculose (TB) é uma doença infectocontagiosa com grande morbiletalidade em todo o mundo. A eficácia do tratamento da TB em crianças e adolescentes pode ser comprometida pela falta de informações sobre a doença, seu tratamento, formas de contágio e, principalmente, sobre a administração correta da medicação. O objetivo primário do estudo foi realizar uma ação educativa sobre TB para crianças e jovens com a forma ativa e latente da doença em tratamento no Centro Municipal de Saúde de Duque de Caxias, assim como para seus cuidadores. Realizamos entre maio e outubro de 2019 um estudo qualiquantitativo, baseado em questionário padronizado sobre conhecimento, atitudes e práticas (CAP) sobre TB, seguido da ação educativa. Para a ação educativa elaboramos 11 telas, para exibição por computador ou tablet, que abordavam aspectos da transmissão, manifestações clínicas, tratamento e prevenção da TB pediátrica. Um total de 58 crianças e adolescentes (63% do sexo feminino, mediana de idade de 10 anos) e 41 cuidadores (todas mulheres, mediana de idade de 36 anos, 75% mães) participaram do estudo. Das 36 cuidadoras que responderam ao questionário CAP, 86% conheciam a TB e apontaram a tosse (97%), febre e emagrecimento (94%) e emagrecimento (92%) como os principais sinais e sintomas da doença. Indagadas sobre o modo de transmissão da TB, 97% disseram que seria através do ar, mas 65% disseram também que poderia se dar por meio de objetos. Noventa e cinco por cento das cuidadoras não sabiam o que era TB latente. Todas as cuidadoras disseram que a cura da TB é possível tomando os remédios e comparecendo às consultas.
Quanto à administração dos medicamentos, 37% das cuidadoras referiram dificuldade em administrar o medicamento e 26% tiveram que quebrar os comprimidos devido à dificuldade da criança em engoli-los. Quando os jovens foram perguntados se conheciam outras pessoas com TB, 81% disseram que sim, sendo que 38% citaram os próprios pais. O diagnóstico da TB causou sentimentos de medo (75%) e tristeza (72%) nas cuidadoras e 57% perceberam mudança de comportamento das pessoas quando souberam da TB nas suas famílias. As variáveis associadas a um maior conhecimento sobre TB entre as cuidadoras foram idade > 35 anos e morar em residências com mais de cinco pessoas. Ao final do encontro foi solicitada a avaliação dos participantes sobre o recurso educativo usado, utilizando-se para isso uma escala de Likert. A ação educativa foi apreciada pelas cuidadoras, porém as crianças foram mais críticas: 13% acharam que o tempo empregado foi longo e 17% consideraram a linguagem utilizada complexa. Nossos resultados mostram que há lacunas de conhecimento a respeito da transmissão e das formas de TB (ativa e latente). A manipulação dos fármacos é frequente e dificulta o correto tratamento das crianças, problema que deve ser reduzido com a disponibilidade das novas formulações. A ação educativa em saúde foi bem avaliada e acreditamos que possa ter contribuído para que os participantes aprimorassem seus conhecimentos sobre a TB, reduzindo o estigma associado à doença e aumentando a chance de um desfecho favorável do tratamento. (AU)

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