Acurácia e efetividade da medida de pressão arterial de consultório em condições ideais e não ideais de medição: ensaio clínico randomizado de equivalência entre os métodos auscultatório e oscilométrico

Publication year: 2020
Theses and dissertations in Portugués presented to the Faculdade de Farmácia, Odontologia e Enfermagem, Universidade Federal do Ceará to obtain the academic title of Doutor. Leader: Araujo, Thelma Leite de

Estudo com objetivos de avaliar o impacto de condições não ideais de medição na acurácia da medida de pressão arterial (PA) de consultório obtida nos métodos auscultatório e oscilométrico e comparar a efetividade dos métodos para classificar a PA e identificar hipertensão. Ensaio clínico randomizado de equivalência realizado com 282 adultos, entre agosto de 2019 e março de 2020, em Fortaleza, Ceará. Os braços foram compostos por três desvios do protocolo padronizado de medição da PA, os quais, neste estudo, foram denominados condições não ideais de medição: ambiente ruidoso, uso de braçadeira pressórica de tamanho adulto padrão sem que seja esta a indicação do paciente e combinação de ambos. Consideraram-se medidas de pressão arterial sistólica (PAS) e de pressão arterial diastólica (PAD) de controle aquelas obtidas no método auscultatório, seguindo integralmente protocolo padronizado de medição. Medidas de PAS e PAD na condição de teste foram obtidas mediante inserção dos desvios de protocolo durante a medição realizada nos métodos auscultatório, com esfigmomanômetro aneroide, ou no oscilométrico, utilizando monitor automático para uso clínico. Medições auscultatórias foram realizadas simultaneamente por dois observadores e conferidas por um terceiro. Para cada participante, foram obtidas seis medidas sequenciais, intercalando-se aneroide e monitor, das quais duas primeiras em condições ideais e seguintes em não ideais. Testes de diferenças de médias foram usados para comparar valores pressóricos obtidos nos métodos auscultatório e oscilométrico. Adotaram-se plotagens de Bland-Altman para avaliar equivalência entre métodos. Os desvios de protocolo causaram maior impacto no método auscultatório e na PAD (PAS: 0,57 mmHg x 0,20 mmHg; PAD: 3,29 mmHg x -0,92 mmHg, respectivamente para auscultatório e oscilométrico). Uso de braçadeira adulto padrão acarretou maior redução de acurácia em ambos os métodos, em detrimento do ambiente ruidoso. Medição com braçadeira de tamanho inferior ao adequado gerou superestimação de PAS similar entre os métodos e de PAD maior no auscultatório. O monitor automático atendeu, em condições ideais e não ideais, aos pressupostos de equivalência, mostrando-se tão acurado quanto o esfigmomanômetro manual quando o protocolo de medição da pressão arterial é integralmente seguido, bem como nas situações em que há desvios relacionados ao tamanho da braçadeira e à presença de ruídos. Embora os métodos auscultatório e oscilométrico sejam equivalentes, as diferenças de acurácia naturalmente existem. Diante dos desvios de protocolo, a acurácia do auscultatório para classificar valores de PA foi 75,18% e do oscilométrico, 74,82%; a efetividade para identificação de hipertensão foi 95,15% e 95,52%, respectivamente. Em todas as condições de teste, o oscilométrico apresentou melhores medidas diagnósticas. Conclui-se que monitores automáticos oscilométricos e esfigmomanômetros possuem acurácia equivalente em condições ideais e não ideais de medição. Nos desvios de protocolo testados, os métodos mostraram efetividade similar para classificar valores de PA e identificar hipertensão. Nessas condições, ambos os métodos possuem maior capacidade preditiva de identificação de indivíduos verdadeiramente sem hipertensão arterial, em detrimento da identificação de pessoas com a doença.

Identificação no Registro Brasileiro de Ensaios Clínicos:

U1111-1238-5001. (AU)

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