A doença renal crônica gera prejuízos de ordem física, emocional, social e espiritual, que levam os pacientes a desenvolverem mecanismos ou comportamentos de enfrentamento à doença que o sustentam diante das adversidades do cotidiano. O aumento da espiritualidade é um desses mecanismos que possibilita a busca de sentido para lidar com a vida e abrandar o sentimento de ansiedade e desesperança. Assim, o objetivo desse estudo consiste em avaliar os efeitos da prece no aumento do coping religioso/espiritual e esperança, e na redução dos níveis de ansiedade, pressão arterial, frequência cardíaca e respiratória em pacientes renais crônicos em tratamento hemodialítico. Trata-se de ensaio clínico randomizado realizado na Unidade de Diálise de hospital público de referência para a Região Norte do Estado do Ceará. A amostra foi constituída por 62 pacientes renais crônicos em tratamento dialítico, distribuídos igualmente no Grupo Controle (GC – n: 31) e Grupo Intervenção (GI – n:31), com seguimento de 5 semanas. O GC recebeu somente os cuidados de rotina da Unidade e o GI recebeu a prece. No momento baseline (M0) foram aplicados os instrumentos: caracterização do perfil sociodemográfico, clínico e espiritual; índice de religiosidade pela Duke Religious Index; a esperança pela Escala de Hert; o Inventário de Ansiedade Estado; a Escala de Coping Religioso-espiritual breve; o formulário com registro dos valores de sinais vitais. Os instrumentos que verificam a esperança, a ansiedade, o coping religioso/espiritual e os parâmetros vitais foram reaplicados nos demais momentos (M1 e M2). Na análise estatística, foram aplicados os testes de normalidade Shapiro-Wilk, Qui-quadrado de Pearson, Friedman, MannWhitney e Wilcoxon. Em ambos os grupos, a maioria dos participantes se apresentou católico, praticante da crença religiosa e que acredita no poder da oração. Quanto à variação total obtida pela Escala de Herth, o GI apresentou maior nível de esperança comparado ao GC. O nível de ansiedade, nos três momentos, apresentou redução significativa nos participantes do GC e GI, passando da intensidade mediana para baixa. Ao comparar a média do nível de ansiedade, o GI foi menor do que os participantes do GC. A prece ocasionou diferença significativa na variável frequência cardíaca (nos momentos M0, M1, M2), frequência respiratória (também nos momentos M0, M1, M2), pressão arterial sistêmica (nos momentos M0 e M2) e pressão arterial diastólica (nos momentos M0 e M2). Em referência à comparação do coping religioso/espiritual entre os grupos, foi encontrada significância estatística (no momento M2) nos fatores negativos das questões que envolvem a ‘reavaliação negativa do significado’ e nos fatores positivos das questões das dimensões “transformação de si e/ou de sua vida’ e ‘oferta de ajuda ao outro’. A atenção às necessidades espirituais do paciente oportuniza à integralidade do cuidado e a aplicação de intervenções que visem à melhora da ansiedade, esperança e dos parâmetros clínicos do indivíduo se faz necessária para a prática clínica segura. Portanto, o uso da prece impacta nesse contexto, além de proporcionar aos enfermeiros a individualização do cuidar. Infere-se ainda sua importância por ser uma atividade simples, sem custo financeiro e nem mudança na rotina do serviço hospitalar. (AU)