Cartilha educativa virtual sobre prevenção da violência sexual: promoção da saúde de pessoas cegas
Publication year: 2017
Theses and dissertations in Portugués presented to the Faculdade de Farmácia, Odontologia e Enfermagem, Universidade Federal do Ceará to obtain the academic title of Doutor. Leader: Marques, Juliana Freitas
A deficiência visual é considerada um fator de risco para violência sexual, pois a vítima deficiente pode não conseguir identificar o agressor, tornando-se mais vulnerável. Na perspectiva de promover a saúde da pessoa cega e prevenir a violência sexual, destacam-se as tecnologias assistivas, consideradas estratégias que visam orientar não só o sujeito cego, mas também os profissionais de saúde, visto que a maioria dos serviços, seja ele de baixa, média ou alta densidade tecnológica, ainda possui grande dificuldade de acesso e acolhimento ao cego, acarretando condições desfavoráveis a efetivação da promoção da saúde. Objetivou-se construir e validar cartilha educativa acessível ao cego sobre prevenção da violência sexual. Delineou-se estudo metodológico, realizado em quatro etapas. Na primeira etapa foi realizada construção do conteúdo sobre prevenção da violência sexual, por meio de revisão integrativa da literatura que analisou a produção científica sobre as estratégias de promoção da saúde para prevenção da violência sexual. Utilizou-se os descritores Violência Sexual e Promoção da Saúde/ Sexual Violence and Health Promotion, para buscas nas bases de dados LILACS, PUBMED, ScIELO e CINAHL. Ainda nesta etapa, realizaram-se encontros com os cegos utilizando a técnica de grupo focal (GF). Os encontros aconteceram em instituição de ensino para cegos da cidade de Fortaleza, Ceará. Os dados emergidos do GF foram analisados conforme técnica de análise de conteúdo proposta por Bardin. A segunda etapa da pesquisa validou o conteúdo construído com nove especialistas em violência sexual. A avaliação dos especialistas foi analisada por meio do Índice de Validade de Conteúdo (IVC) e Alfa de Cronbach. A cartilha educativa virtual foi construída seguindo as normas e padrões de acessibilidade para web. A quarta e última etapa realizou teste piloto com 22 cegos para validar aparência da cartilha. Utilizou-se Questionário de Avaliação de Tecnologia Assistiva (QUATA) e os dados foram analisados por meio do programa Statistical Package for the Social Sciences (SPSS) versão 22.0, tendo-se utilizado o teste x2 de Pearson na análise das variáveis. O projeto de pesquisa aprovado pelo Comitê de Ética e Pesquisa da Universidade Federal do Ceará, com parecer com Nº 1.403.815. A análise do grupo focal evidenciou que os cegos conheciam a violência sexual, mas não compreendiam as formas de prevenção. O conteúdo construído foi validado, apresentando IVC acima de 0,83 na maioria dos itens avaliados. A cartilha foi construída considerando os padrões de acessibilidade para web, trazendo menu, com os links que direcionam para o conteúdo específico. Depois de construída, foi considerada validada pelo público-alvo, em que a maioria dos itens obteve avaliação adequada pelos cegos. Não houve significância estatística na maioria dos itens correlacionados, podendo inferir que não há diferença na acessibilidade da cartilha entre os diferentes grupos de cegos. Entretanto, a variável idade apresentou significância estatística nos itens que avaliam o estímulo à aprendizagem de novos conteúdos (p= 0,036) e estímulo para mudança de comportamento (p = 0,036). Conclui-se que a cartilha educativa virtual construída nos padrões de acessibilidade para pessoas cegas é um meio válido de informações obre a prevenção da violência sexual. (AU)