Segurança do paciente em unidades de terapia intensiva: ambiente das práticas profissionais de enfermagem e satisfação profissional na ocorrência de eventos adversos
Patient safety in Intensive Care Units: environment of professional nursing practices and job satisfaction in the occurrence of adverse events

Publication year: 2015
Theses and dissertations in Portugués presented to the Universidade de São Paulo to obtain the academic title of Doutor. Leader: Padilha, Katia Grillo

Objetivo:

Analisar a associação entre variáveis biossociais e clínicas dos pacientes, variáveis biossociais e do trabalho da equipe de enfermagem, ambiente das práticas profissionais de enfermagem e satisfação profissional e eventos adversos (EA) moderado/grave nas Unidades de Terapia Intensiva (UTI).

Método:

Investigação observacional com delineamento misto: coorte histórica para a coleta de dados dos EA e Incidentes (I) e dos pacientes e transversal para a coleta de dados da equipe de enfermagem, Nursing Work Index- Revised (NWI-R) e Índice de Satisfação Profissional (ISP). O estudo foi realizado em 8 UTI do Instituto Central do Hospital das Clínicas, entre 03 de setembro e 01 de dezembro de 2012.

As fontes de informações para a extração dos dados foram:

prontuários dos pacientes, sistema informatizado institucional, instrumentos impressos e passagens de plantão. No tratamento estatístico utilizaram-se os testes t Student e Mann Whitney, além da correlação Pearson/Spearman. Utilizou-se a regressão logística para a associação entre as variáveis biossociais e clínicas dos pacientes e EA moderado/grave, regressão linear para a associação entre as variáveis biossociais e do trabalho da equipe de enfermagem e ISP. O modelo de regressão logística multinível analisou a associação entre as variáveis contempladas nos modelos com EA moderado/grave.

Resultados:

Participaram do estudo 806 pacientes, com total de 890 internações e 54 reinternações, distribuídos em UTI cirúrgicas, UTI clínicas e UTI especializadas.A maioria dos pacientes era do gênero masculino (58,09%), idade média de 54,11 anos, média SAPSII 32,29, probabilidade de morte SAPSII 19,10%, que sobreviveram à internação na UTI (78,76%). Os 806 pacientes sofreram 6.029 ocorrências, classificadas, em maior proporção, como procedimento/processo clínico (45,12%), falhas com documentação (34,12%), administração de medicamentos/fluídos endovenosos (8,39%) e acidentes com paciente (4,54%). Do total de ocorrências, 23,04% foram EA e destes, 8,19% EA moderado/grave, que foram associados às variáveis biossociais e clínicas dos pacientes: gênero masculino (p=0,04), condição de saída óbito (p=0,00) e tempo de permanência (p=0,00). Referente à equipe de enfermagem, participaram do estudo 287 profissionais, sendo 34,85% enfermeiros e 65,15% técnicos/auxiliares de enfermagem. A amostra foi caracterizada pelo gênero feminino (83,97%), com companheiro (50,53%) e filhos (63,06%), avaliou favoravelmente o ambiente das práticas para os domínios relações entre médicos e enfermeiros (2,29 pontos) e autonomia (2,31 pontos) e não favoravelmente aos domínios suporte organizacional (2,37 pontos) e controle do ambiente (2,52 pontos) e apresentou baixa satisfação profissional (ISP=10,96 pontos). A correlação entre os domínios do NWI-R com o escore ISP mostrou que o ambiente favorável às práticas de enfermagem aumentou a satisfação profissional. As variáveis NWI-R (p=0,00), tempo de trabalho em UTI (p=0,04) e sente-se disposto para o trabalho (p=0,00) foram associadas ao ISP. Os únicos fatores associados ao EA moderado/grave foram tempo de permanência na UTI (p=0,00) e condição de saída óbito (p=0,01).

Conclusões:

Apesar de a hipótese deste estudo ter sido refutada, constatou-se que o ambiente favorável às práticas de enfermagem aumentou a satisfação profissional. Os resultados indicaram a necessidade de ampliar as investigações sobre os fatores associados a ocorrência do EA em UTI por serem fenômenos multidimensionais e complexos.

Objective:

To analyze the association between biosocial and clinical patient variables, biosocial and work variables of nursing staff, environment of nursing practices, job satisfaction and the occurrence of moderate/severe Adverse Events (AE) in Intensive Care Units (ICU).

Method:

Observational research with a mixed design: historical cohort study to collect datas of the AE/Incidents (I) and patients and cross-sectional for the sample of nursing staff, Nursing Work Index- Revised (NWI-R) and Index of Work Satisfaction (IWS). The study was conducted in 8 ICU of the Central Institute from the University Hospital, between 2012 September 3th and December 1st.

The sources of information for the datas extraction were:

patients\' medical records, computerized system, printed instruments and shift change. In the statistical analysis we used the Student T and Mann-Whitney tests, and Pearson/Spearman correlation. We used logistic regression to the association between biosocial and clinical variables of patients and moderate/severe AE, linear regression for the association between the biosocial and work variables of the nursing staff and IWS. The multilevel logistic regression model analyzed the association between the variables included in the models and moderate/severe AE.

Results:

The study included 806 patients with a total of 890 admissions and 54 readmissions, distributed in surgical, clinical and specialized ICU. Most patients were male (58.09%), mean age 54.11 years, average 32.29 SAPSII, risk of death SAPSII 19.10%, which survived in the ICU (78.76%) .The 806 patients suffered 6,029 occurrences, classified in greater proportion, as procedure/clinical process (45.12%), documentation (34.12%), medication/intravenous fluids (8.39%) and patient accidents (4.54%). AE were 23.04% and 8.19% moderate/severe AE, which were associated with biosocial and clinical variables of patients: male gender (p = 0.04), death output condition (p = 0.00) and length of stay (p = 0.00). On the nursing team, 287 professionals participated in the study, 34.85% were nurses and 65.15% were technical nursing assistants. The sample was characterized by females (83.97%), with a partner (50.53%) and children (63.06%), who evaluate favorably environmental practices for the relations between doctors and nurses (2.29 points ) and autonomy (2.31 points) and not favorably to organizational support areas (2.37 points) and environmental control (2.52 points) and had low job satisfaction (ISP = 10.96 points). The correlation between the domains of the NWI-R with the IWS score showed that the favorable environment for nursing practices increased job satisfaction. The NWI-R (p = 0.00), working time in ICU (p = 0.04) and feel willing to work (p = 0.00) were associated with the IWS. The only factors associated with moderate/severe AE were length of stay in the ICU (p = 0.00) and death output condition (p = 0.01).

Conclusions:

Although the hypothesis of this study have been refuted, it was found that the favorable environment for nursing practices increased job satisfaction. The results indicated the need to increase research into the factors associated with the occurrence of AE in ICU because they are multidimensional and complex phenomena

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