Os acidentes escorpiônicos vêm se tornando cada vez mais frequentes, no Estado de São Paulo. Propiciados por condições ecológicas que lhe são favoráveis vão adquirindo paulatinamente um caráter urbano. Objetivou-se com esse estudo, caracterizar os acidentes por escorpiões no Estado de São Paulo, no período de 1998 a 2002, sob o enfoque da vigilância à saúde, correlacionando as regiões onde as ocorrências foram registradas, com o grau de desenvolvimento das mesmas, buscando, com isso, sensibilizar os serviços de saúde responsáveis pelos registros e pela intervenção sobre esses agravos, para a utilização de abordagens que incorporem os condicionantes do processo saúde-doença e novas tecnologias no desenvolvimento de seu processo de trabalho. Os dados de acidentes escorpiônicos, ocorridos no período sob estudo, atingiram todas as faixas etárias, porém a faixa mais expressiva foi a de 20 a 29 anos. O coeficiente de letalidade foi de 0,65%. A frequência foi de 3,5 vezes maior na área urbana que na área rural. Os dados revelaram que esses acidentes apresentam um padrão de sazonalidade, com maior frequência nos meses de outubro a abril. Tityus serrulatus foi o principal agente causador dos acidentes. A degradação ambiental consequente da ocupação desordenada do solo favorece a instalação de espécies que são dotadas de reprodução partenogenética. A distribuição espacial dos acidentes escorpiônicos revelou a existência de áreas onde a ocorrência é maior, assim como também as desigualdades sociais. Verificou-se a necessidade de mudança na forma de captação da realidade pela vigilância epidemiológica vinculada à superação dos saberes multicausais, que embasam as práticas de vigilância epidemiológica.