Tradução, adaptação e validação da Mishel Uncertainty in Illness Scale for Family Members: aplicação em familiares de pessoas com paraplegia

Publication year: 2012
Theses and dissertations in Portugués presented to the Faculdade de Farmácia, Odontologia e Enfermagem to obtain the academic title of Doutor. Leader: Carvalho, Zuila Maria de Figueiredo

A incerteza é a inabilidade da pessoa em determinar o significado dos eventos relacionados à doença. Trata-se de um estudo com delineamento metodológico que teve por objetivos traduzir, adaptar culturalmente para a língua portuguesa e validar a Mishel Uncertainty in Illness Scale for Family Members em familiares de pessoas com lesão medular com déficit motor tipo paraplegia e ainda, verificar a confiabilidade e validade da Mishel Uncertainty in Illness Scale for Family Members (PPUS-MF). A amosta envolveu 152 familiares dos pacientes internados com lesão medular. Os dados foram coletados em um hospital público referência em trauma situado em Fortaleza-CE, no período de janeiro a julho de 2012 por meio de entrevista utilizando um formulário para obtenção dos dados sociodemográficos e a seguir com a aplicação da versão final em português da escala PPUS-MF.

O formulário da escala é apresentado no formato de Escala de Likert:

discordo totalmente (1), discordo (2), indeciso (3), concordo (4) e concordo totalmente (5). O processo de adaptação seguiu as etapas preconizadas pela literatura. A PPUS-FM permite medir o nível de incerteza dos membros da família cujo parente está doente. A escala é auto-aplicada, tem 31 itens sendo a pontuação calculada somando-se as respostas com maior escore indicando níveis mais elevados de incerteza e sua pontuação varia entre 31-155. Quanto maior o escore, maior a incerteza do familiar em relação à doença. Os 31 itens são distribuídos em quatro domínios, Ambigüidade, Falta de Clareza, Falta de Informação e Imprevisibilidade.

As propriedades psicométricas analisadas foram:

a validade de conteúdo (comitê de juízes); a validade de construto (análise fatorial confirmatória e a comparação das médias dos fatores e dos escores totais segundo as variáveis sociodemográficas dos familiares do estudo); a confiabilidade (teste-reteste e alfa de Cronbach). Os aspectos éticos e legais foram contemplados. Os resultados revelaram que, a maioria dos participantes era do sexo feminino 85 (55,9%), com média de idade de 42,8 anos, com grau de parentesco entre Irmão (a) 45 (29,8%), seguido por Mãe 27 (17,9%) e Esposa 26 (17,2%). Destes 84 (55,3%) do Interior, 116 (76,3%) possuem companheiro e 68 (44,7%) tiveram 4 a 8 anos de estudo com uma média de 8,78 anos e com 104 (68,4%) exercendo atividades laborais. Na avaliação das propriedades psicométricas, destaca-se que na análise fatorial confirmatória, foram feitos ajustes excluindo-se os itens 4, 9, 14, 24,25 e 27. Destes os itens 4, 24 e 25 pertencentes ao domínio Ambigüidade, os itens 9 e 14 integrantes do domínio Falta de Clareza e o item 27 do domínio Imprevisibilidade. Enfatiza-se que mesmo com a exclusão dos itens houve um super ajustamento de dados para se ter a convergência. A versão traduzida da PPUS-MF apresentou coeficientes muito baixos do alfa de Cronbach em seus domínios: Ambigüidade (0,54), Falta de Clareza (0,41), Falta de Informação (0,40) e Imprevisibilidade (0,29). Houve um ajustamento dos dados na análise fatorial confirmatória para a obtenção da convergência revelando que a escala EMID-MF é, aceitável e está ajustada parcimoniosamente ao modelo original. Os coeficientes para os domínios foram baixos, tais resultados permitiram inferir que os itens parecem representar fenômenos que não podem ser reduzidos a medidas mais sintéticas, especialmente quando se mede um construto psicológico. Concluiu-se, portanto que se obteve um instrumento confiável e válido capaz de ser aplicado com familiares de pacientes internados com lesão medular pontuando as características e domínios de suas incertezas.

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