Percepções maternas sobre alimentação de pré-escolares que frequentam instituição de educação infantil
Maternal perceptions of the nourishment of pre-school children that attend infant education institution

Publication year: 2005
Theses and dissertations in Portugués presented to the Universidade de São Paulo. Escola de Enfermagem to obtain the academic title of Mestre. Leader: Rezende, Magda Andrade

A alimentação na fase pré-escolar constitui-se um processo complexo devido aos fatores relacionados ao desenvolvimento próprio dessa fase e aos referentes às condições ambientais. Visto que os hábitos alimentares adquiridos na infância tendem a se solidificar na vida adulta, é de suma importância atitudes assertivas durante esta fase do desenvolvimento infantil, estimulando assim, precocemente, a formação de hábitos saudáveis. Assim, é fundamental que o enfermeiro conheça as dificuldades e atitudes das mães diante da alimentação de seus filhos, para que possa atuar de maneira efetiva, promovendo desta forma a saúde das crianças a médio e longo prazo. Este estudo teve como objetivo conhecer as percepções de mães sobre a alimentação de seus filhos de 3 a 6 anos que frequentam Instituição de Educação Infantil (IEI). Trata-se de pesquisa qualitativa, utilizando entrevistas semiestruturadas para coleta de dados. A população deste estudo compreendeu mães de pré-escolares matriculados em uma IEI, sendo 10 mães de crianças em período integral e 11 em período parcial.

A análise de conteúdo possibilitou a identificação de seis unidades temáticas:

a importância da alimentação da criança; como é a alimentação da criança; as estratégias utilizadas durante as refeições; alimentação da criança na instituição; influência da IEI no hábito alimentar dos pré-escolares e expectativas das mães referentes à alimentação. Identificou-se que a alimentação dos pré-escolares assume grande importância para as mães, sendo que estas preocupam-se com a qualidade e quantidade de alimentos ingeridos, além de suas consequências para a saúde de seus filhos. Os fatores que influenciam na alimentação dos pré-escolares, segundo suas mães, são: influência do ambiente familiar, influência da IEI e influência da etapa do desenvolvimento infantil, sendo este último o grande causador das dificuldades maternas devido ao desconhecimento das mães ) acerca das mudanças no comportamento alimentar próprias da fase pré-escolar.

As mães utilizam várias estratégias durante a alimentação de seus filhos:

barganha, castigo, coação, persuasão, "camuflar" ou misturar os alimentos recusados com os aceitos, as brincadeiras, a conversa e oferecer os alimentos preferidos das crianças. As mães deste estudo desconheciam como eram os momentos de alimentação na IEI, porém perceberam mudanças em seus filhos após estes frequentarem a IEI: mudança nos horários das refeições, autonomia para servir-se à mesa e mudanças no hábito alimentar, sendo que esta última foi observada em sua maioria pelas mães de crianças em período integral. Salienta-se que essas mudanças positivas aconteceram mesmo ao se levar em conta que a instituição não tinha um programa de promoção da alimentação que pudesse ser considerado plenamente adequado. As mães deste estudo esperam que haja mudanças no hábito alimentar e na quantidade de alimentos ingeridos por seus filhos em casa. Quanto à instituição, esperam: receber informações quanto ao cardápio e ingesta de seus filhos na instituição; que a instituição influencie no hábito alimentar de seus filhos e uma alimentação mais nutritiva nos lanches e mudança no horário destes. Conclui-se que deve haver maior comunicação entre as famílias e a IEI, e esta deve amparar as mães em suas preocupações, trocando experiências e elaborando conjuntamente com as famílias estratégias para lidar com as dificuldades. Finalmente, recomenda-se que as instituições de educação infantil brasileiras implementem seus programas de saúde, e especialmente os de cuidado alimentar, foco deste trabalho, e que tal implementação se dê com o auxílio dos profissionais de enfermagem.
Nourishment in the pre-school phase constitutes a complex process due to the factors related to the development peculiar of this phase and regarding the environmental conditions. Since eating habits acquired in childhood tend to solidify in the adult life, assertive attitudes during this child development phase are essential to stimulate the formation of healthy habits at an early age. Thus, it is important that the nurse knows the difficulties and the mothers' attitudes regarding their children nourishment, so that he or she can effectively work to make an important contribution to these children's health at medium and long term. The objective of this study is to know the mothers' perceptions of the nourishment of their children aged 3 to 6 years that attend an infant education institution (IEI). It is a qualitative research, using semi-structured interviews for data gathering. The population of this study comprised mothers of pre-school children enrolled in an infant education institution (IEI), of which 10 were mothers of children enrolled in full-time class and 11 part-time.

The content analysis enabled the identification of six thematic units:

the importance of the child nourishment; how the child nourishment is made; the strategies used during the meals; the child nourishment in the institution; IEI influence on eating habits of pre-school children and the mothers' expectations regarding nourishment. The study identified that the nourishment of pre-school children is very important for the mothers, who are concerned with the quality and quantity of ingested food, besides their consequence for their children's health. The factors that influence the nourishment of pre-school children according to their mothers are: influence of the family environment; influence of the IEI and influence of the child development phase, the latter being the mothers' major concern because of their lack of knowledge of of the changes in the eating behavior peculiar of pre-school phase. The mothers use several strategies during their children meals, such as: bargain, punishment, coercion, persuasion, disguise or mixture of refused food with the one accepted, play, talk and offer their favorite food. The mothers of this study did not know how the meals or snacks were served at the IEI, however they noticed changes in their children after the IEI attendance, such as: change in the meal times, autonomy to help themselves and changes in eating habits, the latter being noticed by most mothers of children enrolled in full-time course. It is important to highlight that these positive changes happened even taking into account that the institution did not have a nourishment program that would be considered fully appropriate. The mothers of this study expect that there are changes in the eating habits and in the quantity of food eaten by their children at home. Regarding the institution, they expect to receive information about the menu and the quantity of food eaten by their children in the institution, expect that the institution influence the eating habits of their children and expect more nutritive food in the snacks and change in their time schedule. One of the conclusions reached is that there should be a better communication between the families and the IEI, and the latter should help the mothers regarding their concerns, exchanging experiences and creating strategies together with the families to deal with the difficulties. Finally, it is recommended that Brazilian infant education institutions implement health programs, especially of healthy eating, focus of this study, the implementation of which should be supported by nursery professionals.

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