Organização estrutural e funcional de células endoteliais humanas do cordão umbilical em resposta à infecção pelo Toxoplasma gondii
Publication year: 2020
Theses and dissertations in Portugués presented to the Instituto Oswaldo Cruz. Pós-Graduação em Biologia Parasitária to obtain the academic title of Mestre. Leader: Barbosa, Helene Santos
A toxoplasmose é uma doença parasitária zoonótica de importância global com distribuição em quase todo o mundo. O parasito e a doença são negligenciados e a manifestação mais crítica da toxoplasmose é a congênita, pela transmissão vertical da mãe para o feto decorrente de infecção primária pelo Toxoplasma gondii durante a gestação ou por reagudização de infecção prévia em mães imunodeprimidas. A morbimortalidade significativa em crianças afetadas, justifica plenamente, empregar células endoteliais de cordão umbilical humano (HUVEC) como modelo de estudo para o melhor entendimento da relação do parasito com essa via importante para o estabelecimento da toxoplasmose congênita. Desta forma, culturas primárias de HUVEC foram infectadas com taquizoítos da cepa ME-49 isolados de células Vero na relação 2:1 parasito-HUVEC, objetivando-se: 1. Avaliar a infectividade e destino intracelular de T. gondii em culturas de células endoteliais de cordão umbilical humano (HUVEC); 2. Analisar a mobilização de organelas de HUVEC durante o ciclo lítico e cistogênese de T. gondii; 3. Investigar a biogênese de Corpúsculos de WeibelPalade e a modulação da secreção da citocina IL-8 por HUVEC durante a infecção pelo T. gondii. A caracterização funcional de culturas de células HUVEC foi demonstrada pela presença de CWP revelados por imunocitoquímica. Análises quantitativas nos revelaram que o T. gondii foi capaz de invadir e se replicar no interior de células HUVEC. A cistogênese foi comprovada a partir de ensaios de citoquímica. Esse processo de latência poderia representar um mecanismo do parasito para garantir a infecção de HUVEC nesta importante rota de transmissão do parasito para o feto. Análises ultraestruturais e por imunocitoquímica mostraram que a presença do T. gondii levou a um rearranjo nas organelas da célula hospedeira, incluindo CWP tanto durante o ciclo lítico como a cistogênese. A quantificação de CWP em culturas HUVEC infectadas e controle mostrou que o T. gondii modula negativamente a biogênese de CWP e é capaz de induzir a ativação dessas células por meio da maior produção da citocina IL-8 (33 e 40% mais IL-8 às 72 e 96 h de interação). A análise de citocinas pró-inflamatórias com atividade enzimática envolvidas nas respostas imunes inatas e adaptativas poderá explicar o mecanismo de estimulação da produção de mediadores pró-inflamatórios, como IL-8 e outras citocinas durante a infecção.