A prevalência de obesidade entre crianças e adolescentes é alta no Brasil e no mundo, sendo considerado um grave problema de saúde pública. Escolas podem desempenhar um importante elo na prevenção da obesidade devido sua abrangência e seu papel formador de comportamentos. Contudo, as intervenções realizadas em diferentes países para prevenção da obesidade a nível escolar têm mostrado resultados contraditórios. Nessa Tese, são avaliados os dados de um ensaio de base escolar randomizado denominado PAAPPAS (Pais, Alunos, Agendes de Saúde e Professores Pela Alimentação Saudável), conduzido com alunos do 5º e 6º ano de dezoito escolas públicas do município de Duque de Caxias, Rio de Janeiro. O objetivo geral foi avaliar a eficácia da combinação da intervenção primária e secundária para redução do ganho excessivo de peso de adolescentes, por meio do estímulo à alimentação saudável e aumento da atividade física. O desfecho principal do estudo foi a redução do ganho de peso excessivo do grupo intervenção em relação ao grupo controle, por meio de intervenções que estimularam o consumo de alimentos saudáveis, atividade física e redução de sedentarismo durante o ano letivo de 2016. A coleta de medidas antropométricas e consumo alimentar ocorreram no início e no fim do ano letivo. A prevenção primária consistiu em seis sessões de educação nutricional e estímulo a realização de atividade física realizadas nas escolas e a secundária foi dirigida aos escolares com excesso de peso, sendo as orientações domiciliares realizadas por agentes comunitários de saúde, previa mente treinados. Para as análises longitudinais foram utilizados modelos lineares mistos através do procedimento PROC MIXED, que leva em consideração os dados faltantes e desbalanceados. As análises foram realizadas no software Statistical Analysis System (SAS). Foi realizada também análise segundo adesão ao protocolo nas atividades realizadas em classe e segundo a realização de visitas domiciliares pelos agentes de saúde. A variação média do índice de massa corporal não apresentou diferença entre os grupos controle e intervenção. Houve redução do percentual de gordura corporal menor no grupo experimental, comparado ao controle nos meninos. O grupo intervenção aumentou a atividade física em 12,5 minutos por semana em relação ao controle e ocorreu aumento no escore de frequência alimentar de alimentos saudáveis apenas entre as meninas (0,29; p = 0,04). O subgrupo com intervenção domiciliar e na escola também apresentou maior aumento de % de gordura corporal em relação ao grupo controle (0,89; p = 0,01). As mudanças comportamentais combinando a intervenção na escola e nos domicílios aumentaram a atividade física e os hábitos alimentares saudáveis, mas não promoveu redução do ganho de peso, sugerindo a possibilidade do seu aumento