Meu corpo-campo de trabalhadora na APS: uma experiência feminista

Publication year: 2020
Theses and dissertations in Portugués presented to the Universidade do Estado do Rio de Janeiro to obtain the academic title of Mestre. Leader: Mendonça, André Luís de Oliveira

Este ensaio trata da construção de narrativas que questionam a matriz colonial que sustenta práticas na Atenção Primária em Saúde (APS) a partir da afirmação da experiência como produção do conhecimento e do reconhecimento do meu lugar social como mulher branca na sociedade brasileira. Com perspectivas do feminismo negro e decolonial, utilizo da escrita de si e registros de experiência em processo para fundamentar o que em mim pertence a uma sociabilidade de meu tempo. A partir de cenas das vivências de campo, reflito sobre as expressões da heteronorma nas relações de poder e violência de gênero do corpo de trabalhadora, bem como cisões e clivagens sociais na prática da APS considerando a racialidade como estrutura. Minhas reflexões são feitas a partir de leituras das atualizações das políticas que orientam esse nível de atenção e refletem o momento atual, em meio à crise da saúde no Rio de Janeiro-RJ e seu operar necropolítico. Por fim, proponho a reparação como caminho das políticas de saúde, de forma que reconheçamos nossa inscrição machista-patriarcal-heteronormativa-misógina no campo da saúde coletiva e a constituição moderno-colonial da história e democracia brasileira.
This essay discusses the narratives constructed around the colonial matrix that is embedded in some Primary Health Care (PHC) practices in the State of Rio de Janeiro, Brazil. In order to critically analyze this system, I assert my own experience as a legitimate method in the production of knowledge and of humanitarian practices in Public Health, recognizing my social role and my trajectory as a white woman in the Brazilian society. Based on the black feminism and decolonial feminist perspectives, I draw on this writing of the self, keeping records of my in-process experience, aiming to ground what belongs to me in this sociability of my time. Considering race as a structure, the scenes I experienced in the Field boost my reflections regarding the expressions of heteronormativity within relations of Power and gender violence, manifested in the employee’s body, as well as the social divisions and cleavages in the PHC practices. As background of my reflections, I research about updates of the policies that guide this care level. Then, I critically reflect about the current moment in Rio de Janeiro, in the midst of the health crisis, and its necropolitical operation. Finally, present the reasons why I believe in reparation as the most humanitarian path to the health policies, through the assertion of the existence of a heteronormative-atriarchal-misogynist inscription in the field of collective health, and also of the modern-colonial constitution of the Brazilian history and democracy.

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