Representações sociais de violência escolar por professores do ensino médio de uma escola pública
Social representations of school violence by high school teachers from a public school

Publication year: 2021
Theses and dissertations in Portugués presented to the Universidade de São paulo Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto to obtain the academic title of Mestre. Leader: Scherer, Zeyne Alves Pires

Trata-se de um estudo de natureza qualitativa, do tipo exploratório, que buscou compreender as representações sociais de violência escolar por professores do ensino médio de uma escola pública. Participaram dez professores com cargos efetivos, incluindo gestores e coordenadores, de uma escola estadual do interior paulista. Os dados foram obtidos de dezembro de 2018 a maio de 2019 por meio de observação participante e entrevista semiestruturada, e analisados de acordo com a técnica de análise de conteúdo e interpretados à luz das Representações Sociais.

A análise possibilitou a identificação de duas categorias temáticas:

"Violência escolar: percepções e vivências" e "Impactos da violência escolar no trabalho docente".

A violência escolar foi representada como manifestações de múltiplas formas de violência:

física, verbal, bullying, contra o patrimônio e simbólica. Com base em suas vivências, os professores indicaram diferenças nas práticas da violência escolar entre os ensinos fundamental e médio; entre alunos do sexo masculino e feminino; apontaram a violência como um fenômeno que interfere na produtividade da escola e na qualidade do ensino. Com relação às causas, os professores ancoraram os sentidos de suas representações em valores culturais, apontando o meio familiar como local em que o comportamento violento é aprendido, e em aspectos simbólicos, citando objetos como estímulos à prática da violência: cadeiras e mesas desconfortáveis, bebedouros quebrados, pratos de plástico. Mencionaram como ações acertadas para minimizar os impactos da violência as mudanças na infraestrutura da escola e o trabalho de conscientização realizado com os alunos para conservação deste espaço. Os professores afirmaram que não se sentiam preparados para lidar com os alunos agressores, alegando uma lacuna no curso de formação. Citaram que usam do diálogo para mediar os conflitos; contudo, foi observada nos relatos maior ênfase nas medidas de caráter punitivo, como a suspensão, expulsão e, em alguns casos, procuraram o apoio da liderança do tráfico na comunidade. Diante dos achados, considera-se a importância de projetos de intervenção com a participação dos alunos e das famílias, a oferta de atividades com temas transversais como gênero e sexualidade, o investimento na formação continuada dos professores e, por fim, parcerias com equipes interdisciplinares da rede básica para realização de um trabalho intersetorial no enfrentamento da violência escolar
This is an exploratory study of qualitative nature that aimed to understand the social representations of school violence by high school teachers of a public school. Ten teachers in permanent positions, including managers and coordinators, from a state school in the countryside of São Paulo State, participated in the study. Data were obtained from December 2018 to May 2019, through participating observation and semi-structured interview, were analyzed according to the content analysis technique and interpreted in the light of Social Representations.

The analysis enabled the identification of two thematic categories:

"School violence: perception and experiences" and "Impacts of school violence in the work of teachers".

School violence was represented as manifestations of multiple forms of violence:

physical and verbal abuse, bullying, and symbolic violence and against property. Based on their experiences, teachers indicated differences in school violence practices between elementary and high school, between male and female students; they pointed out violence as a phenomenon that interferes in the school productivity and education quality. In terms of causes, teachers assigned the meaning of their representations to cultural values, pointing the family environment as the place where one learns the violent behavior, and based on symbolic aspects, mentioning objects as stimuli to the practice of violence: uncomfortable chairs and desks, broken water dispensers, plastic plates. They mentioned as appropriate actions to minimize the impacts of violence the changes in the school infrastructure and awareness campaigns together with students to preserve the space. Teachers stated that they did not feel ready to deal with abusive students, claiming that there is a gap in their training. They said they use dialog to mediate conflicts; however, it was possible to observe in reports greater emphasis on punitive measures, such as suspension, expulsion, and in some cases, they reached for the leadership of drug dealers in the community. Upon the findings, we consider the importance of intervention projects with the participation of students and their families, the development of activities with transversal subjects as gender and sexuality, investment in teachers' continuing education and, lastly, partnerships with interdisciplinary teams of basic education to develop an inter-sectoral work to face school violence

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