A constituição dos modos de perceber a loucura por alunos e egresses do Curso de Graduação em Enfermagem: um estudo com enfoque da fenomenologia social
The manner in which students and egress of the Nursing School perceive insanity: a study focusing on social phenomenology

Publication year: 2003
Theses and dissertations in Portugués presented to the Universidade de São Paulo. Escola de Enfermagem to obtain the academic title of Doutor. Leader: Merighi, Míriam Aparecida Barbosa

Este estudo teve por objetivo conhecer como foi constituída a percepção que os alunos de graduação e egressos de uma Escola de Enfermagem têm sobre o doente mental e, compreender de que forma o ensino de enfermagem psiquiátrica repercute nesse processo. Para tanto, foi usado o método qualitativo com enfoque na Fenomenologia Social e, como recurso de desvelamento da essência do fenômeno, foram realizadas entrevistas com nove alunos ingressantes no curso de graduação que não haviam experienciado o ensino na área da Saúde Mental utilizando as seguintes questões norteadoras: Doente mental: quando você ouve esta palavra que imagens lhe vêm à mente? Como foi sendo constituída, ao longo de sua vida, esta percepção que você tem do doente mental? No entanto, aos dez enfermeiros egressos, também sujeitos desta investigação, foi acrescida a questão: Após ter cursado a Disciplina Enfermagem Psiquiátrica, houve alteração na sua percepção em relação ao Doente Mental? Dos discursos dos sujeitos emergiram cinco categorias concretas do vivido: percebendo uma pessoa diferente; pessoas que despertam medo; pessoas que despertam dó e compaixão; preconceito e contextualizando a percepção sobre o doente mental. Embora tenha sido possível encontrar semelhança inicial entre os discursos dos alunos e dos egressos no que se refere à percepção constituída, duas outras categorias originaram-se pautadas na vivência do processo ensino-aprendizagem proporcionada pela Disciplina Enfermagem Psiquiátrica: pessoa que precisa de ajuda, reelaboração da percepção. O tipo vivido do aluno quanto à percepção do doente mental, foi assim constituído: uma pessoa diferente, violenta, sem controle, que perde a razão, sem habilidades e condições de viver socialmente, que desperta emoções conflitantes como medo, preconceito e compaixão. O egresso retrata um tipo vivido que concebe o doente mental como uma pessoa que precisa de ajuda, pois a falta de conhecimentos, de recursos psíquicos e emocionais dos profissionais, das famílias e da sociedade favorece a segregação e a exclusão. Assim, os doentes atendidos sob este novo paradigma, por agirem sem se auto-estigmatizarem, estabelecem um novo modelo de relação com os profissionais. O estudo permitiu compreender que o estigma do doente mental, construído socialmente, está bastante arraigado nos sujeitos e, portanto, em nossos alunos, muito do que se verifica como fruto da própria psiquiatria e que transformações ocorrerão a partir da vivência de forma plena do novo modelo. Assim, o ensino necessita da prática subsidiada teoricamente pelos eixos que sustentam os princípios da Reforma Psiquiátrica.
The purpose of this study was to discover how the perception about the mentally ill of students and egress of a Nursing School was built, and understand just how the study of psychiatric nursing influences this perception. For this purpose a qualitative method focusing on social phenomenology was used. To reveal the essence of the phenomenon, nine students initiating Nursing School were interviewed. These students had had no previous teaching in the area of mental health.

The following guiding questions were made:

What images come to your mind when you hear the expression mentally ill? How has this image been built throughout your life? Ten egress students were asked an additional question: After having attended to the Psychiatric Nursing discipline, was there any modification in your perception of the mentally ill? The interviews revealed perceptions, which can be grouped in five categories: perceiving a different person; people who arouses fear; as people who arouses pity and compassion; prejudice; contextualizing the perception of the mentally ill. Although many similarities were found among the interviewees, the egress students' answers formed two additional categories, based on the living of the teaching-learning process yielded by the psychiatric nursing discipline: people who needs help, perception re-elaboration. The image the students with no previous teachings in mental health has is that the mentally ill is a different person, violent, uncontrolled, unreasonable, helpless and unable to have a social life, arousing in others conflicting reactions varying from fear, prejudice and compassion. The egress nurses revealed, however, that their perception of the mentally ill is that of human beings in need of help, because the lack of knowledge, the lack of psychological and emotional support from their own families, professionals, and society favor segregation and isolation. Therefore, the mentally ill person treated under this new paradigm, since they do not stigmatize themselves, establish a new model of relation with the professionals. This study has allowed to understand that the reasons for the stigmatization of the mentally ill are deeply rooted on the subjects, and therefore in our students, very much as a consequence of the psychiatry itself, and that the transformations will occur from the complete living of the new model. Therefore, teachings in psychiatric nursing, needs practices theoretically based on the principles of the Psychiatric Reform.

More related