Aspectos positivos e limitantes no trabalho dos profissionais de saúde em unidades penitenciárias federais
Positive aspects and limitations in the work of health professionals in federal prisons

Publication year: 2019
Theses and dissertations in Portugués presented to the Universidade de São Paulo, Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto to obtain the academic title of Mestre. Leader: Henriques, Sílvia Helena

O Brasil possui a quarta maior população carcerária do mundo e, apesar do elevado quantitativo de trabalhadores existentes nesses locais, poucos estudos abordam questões relativas ao trabalho de saúde e suas condições de operacionalidade dentro desses estabelecimentos. Nesse sentido, o objetivo geral deste estudo foi analisar os aspectos positivos e limitantes no trabalho de profissionais de saúde em unidades penitenciárias federais. Trata-se de um estudo descritivo-exploratório de abordagem qualitativa, que utilizou a análise temática de dados. Foram entrevistados 22 trabalhadores de saúde que atuam em quatro penitenciárias federais brasileiras. No que diz respeito ao preparo dos profissionais de saúde, os resultados indicaram que estes trabalhadores desconheciam o ofício a ser desenvolvido ao ingressarem no sistema, assim, poucos já haviam tido experiências ou adentrado alguma prisão. Em consonância com estes dados, a instituição oferece poucos cursos, e aqueles que são disponibilizados têm pouca aplicabilidade e conexão com as práticas em saúde desenvolvidas no local de trabalho. Outro ponto importante é a deficiente oferta de cursos direcionados para a segurança pessoal desses trabalhadores.

Como aspectos positivos apontados neste trabalho estão:

reconhecimento salarial e estabilidade no trabalho; bom relacionamento interpessoal com os colegas no ambiente de trabalho; demanda de atividades diminuída nas unidades penitenciárias; jornada de trabalho flexível; e aporte de recursos físicos e materiais adequados. Já como aspectos limitantes, estão: falta de reconhecimento e valorização profissional; divergência entre o trabalho realizado e a atividade profissional; violência, medo e adoecimento no trabalho. Conclui-se que é premente a necessidade de melhorar as condições de trabalho desses profissionais. Eles, como qualquer outro servidor, estão sujeitos a sofrer violência, necessitando, portanto, de medidas institucionais como treinamentos, capacitação, educação permanente voltada à segurança pessoal, horário de trabalho mais flexível e porte de arma. A gestão deve considerar a segurança dos trabalhadores de saúde dentro e fora das prisões, e os centros formadores e educacionais devem repensar estratégias para a inserção do futuro profissional ainda enquanto aluno de graduação, de modo que estas instituições sejam campos de imersão e capacitação. Infelizmente, com o exponencial crescimento de pessoas encarceradas no país, as chances de os profissionais de saúde assistirem presos dentro ou fora de instituições carcerárias é muito grande, e sem a mínima formação não há como refletir sobre o planejamento do cuidado voltado para essas pessoas
Brazil has the fourth largest prison population in the world and, despite the large number of workers in these places, few studies address issues related to health work and its operational conditions within these establishments. The aim of this study was to analyze the positive aspects and limitations in the work of health professionals in federal prisons. This is a descriptive-exploratory study with a qualitative approach utilizing thematic data analysis. 22 health workers from four different federal prisons were interviewed. The results indicate that these workers were not acquainted with how the procedures within this environment are, as only a few of them had ever entered or had prior experiences with prisons. Corroborating these data, the institution provides only a few courses with low applicability and connection to the application of health practices in such environments. Another important aspect is the lack of courses regarding the safety of these workers.

The positive aspects of working in prisons are the following:

financial stability; good interpersonal relationship with colleagues in the work environment; lower demand of activities than in other environments; flexible work hours; and presence of resources and suitable materials. The limitations of working in prisons, on the other hand, are the following: no professional recognition and valuation; divergence between actual performed work and professional activity; violence, fear; and getting sick at work. It is therefore essential that the working conditions of these workers be improved. Just as any other civil servant, these workers are subjected to violence and thus require institutional measures such as training, capacitation, permanent education related to personal security, more flexible working hours and possession of arms for self-defense. The management must consider the security of health workers both inside and outside the prison, and educational centers must rethink strategies for the insertion of the future professional while undergraduate student so that these institutions become areas of immersion and training. Unfortunately, with the exponential growth of people incarcerated in the country, the chances of health professionals assisting inside or outside prisons are very high, whereas the lack of formation brings no possibility to reflect on the planning of care turned to such individuals

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