Assistência prestada às pessoas que vivem com HIV para prevenção da transmissão do vírus no âmbito prisional
Assistance provided to people living with HIV in order to prevent virus transmission in prisons

Publication year: 2019
Theses and dissertations in Portugués presented to the Universidade de São Paulo, Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto to obtain the academic title of Mestre. Leader: Monroe, Aline Aparecida

Este estudo objetivou analisar a assistência prestada às pessoas que vivem com HIV baseada nas ações de saúde ofertadas com enfoque na prevenção da transmissão do vírus no âmbito prisional. Trata-se de um estudo descritivo, do tipo levantamento, elaborado com base em dados provenientes de um banco coletado entre agosto e novembro de 2015 em seis unidades prisionais (UP) dos municípios de Ribeirão Preto e Serra Azul, São Paulo. A população do estudo foi constituída por pessoas privadas de liberdade (PPL) que viviam com HIV e estavam custodiadas por seis meses ou mais. As variáveis selecionadas envolveram características sociodemográficas, de acompanhamento, prática sexual e ações ofertadas visando a prevenção do HIV. Os dados foram analisados por meio de técnicas estatísticas descritivas e da criação de indicadores relacionados à assistência prestada para a prevenção da transmissão do HIV, que foram classificados como insatisfatórios, regulares e satisfatórios conforme o valor médio das respostas dos entrevistados às perguntas com escala Likert, que variou de "um" a "cinco". Realizou-se análise de correspondência múltipla para verificar associação entre as variáveis da assistência prestada e as demais variáveis do estudo. Nos últimos 12 meses antes da entrevista, 44,7% dos 85 indivíduos que participaram do estudo relataram práticas sexuais, dos quais 73,7% com parceria fixa e 71,0% com relação sexual com pessoas do sexo oposto. Das 85 PPL, 15,3% recebiam visitas íntimas e 28,2% referiram sempre utilizar preservativo nas práticas sexuais. Identificou-se desempenho insatisfatório das UP quanto à oferta de gel lubrificante e orientações acerca do planejamento familiar/reprodutivo, sexo seguro, uso de preservativos e não compartilhamento de materiais perfurocortantes. A avaliação satisfatória permeou a distribuição de preservativos e a não existência de atraso na entrega da terapia antirretroviral. A oferta de exames sorológicos, a disponibilização de cartazes e/ou panfletos educativos e o questionamento sobre a regularidade da ingestão da TARV receberam avaliação regular. O desempenho regular/insatisfatório da assistência prestada foi associado às Penitenciárias A e D, Centros de Detenção Provisórias, indivíduos do sexo feminino, parceria fixa e eventual e não utilização de preservativos nas relações sexuais. O desempenho satisfatório associou-se à Penitenciária C, a indivíduos em regime semiaberto, de 23 a 30 anos, sem estudo, à relação sexual com parceiros do mesmo sexo e a pessoas que referiram quase nunca utilizar preservativos nas relações sexuais. Também houve associação entre sentenciados que cumpriam regime semiaberto e sem estudos em relação à maior oferta de orientação sobre sexo seguro. Identificou-se, ainda, a oferta de insumos para realização do sexo seguro, sem as respectivas orientações envolvendo a prevenção da transmissão do HIV nas UP. De modo geral, os resultados deste estudo contribuem com reflexões sobre o provimento de um cuidado em saúde que contemple ações de conscientização e motivação das PPL no tocante ao engajamento proativo na prevenção e no controle do HIV, bem como no autocuidado apoiado pela equipe de saúde prisional, já que as UP apresentam importantes oportunidades para atuarem de acordo com as prerrogativas da atenção primária à saúde, articuladas aos demais pontos da rede de atenção
This study aimed to analyze the assistance provided to people living with HIV, based on health actions available, focusing on the prevention of virus transmission in prisons. This was a descriptive/survey research developed from data collected between the months of August and November in 2015, within six correctional facilities (UPs) located in the municipalities of Ribeirão Preto and Serra Azul, São Paulo. The study population was composed by people in deprivation of their liberty (DoL) living with HIV and in custody for at least six months. Selected variables involved follow-up sociodemographic characteristics and sexual behavior aiming HIV prevention. Data were analyzed using descriptive statistics and creating indicators related to the assistance provided for preventing HIV transmission, which were then graded as unsatisfactory, regular and satisfactory, based on the group average answer, expressed on a five-point Likert scale. A multiple correspondence analysis was carried out to verify the association between variables in the assistance provided and others among this study. During the twelve months prior to the interview, 44.7% out of 85 respondents reported sexual practices, of which 73.7% had a single partner and 71.0% had sexual relations with the opposite sex. Out of 85 people DoL, 15.3% had intimate visits and 28.2% reported always using a condom during their sexual practices. An unsatisfactory performance was identified in UPs when it came to having lubricants available and the orientation towards family planning and reproductive health, such as the use of condoms and not sharing sharp instruments. Meanwhile, a satisfactory result was observed in condom distribution and no delays in providing antiretroviral therapy. The availability of serologic tests, educational visual aids and TARV intake regularity were assessed as regular. Prisons A and D, Provisional Detention Centers, female individuals, single and multiple partnered individuals who did not use preservatives deemed the assistance regular or unsatisfactory. A satisfactory result was seen within individuals from Prison C, those who had semi-open conditions, ages between 23-30, were uneducated, had same-sex relations and in those who reported rarely using condoms during their sexual practices. There was also an association between convicted individuals who were uneducated and entitled to semi-open conditions regarding higher safe-sex orientation levels. Furthermore, there were resources for safe sex, even without related guidance involving the prevention of HIV transmission at UPs. Altogether, the results of this study add up to observations surrounding the provision of a health care including awareness and motivation actions towards those in DoL concerning the proactive engagement for the prevention and control of HIV, as well as the self-care supported by the prison healthcare staff, since the UPs have important opportunities to act according to the prerogatives of primary health care, and related to others in this network

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