Assistência a negros e não negros nos centros de atenção psicossocial em álcool e outras drogas nos estados do Amapá, Minas Gerais e São Paulo: um estudo comparativo

Silva, Nelma Nunes da

O movimento de Reforma Psiquiátrica trouxe a necessidade de reestruturar os serviços de assistência em saúde mental e para tal a avaliação torna-se prioritária para prestar uma assistência integral e humanizada. Diante desse contexto e considerando que a população brasileira é constituída em sua maioria por negros (pretos e pardos), é fundamental que todas as pesquisas em saúde tenham um recorte racial, a começar pela inserção do quesito raça cor. Desta forma identificando o perfil e as peculiaridades dessa população, garantindo assim a qualidade da assistência com a utilização dos dados encontrados no processo de avaliação. Estudo de caráter descritivo, exploratório e transversal, teve como objetivo: comparar variáveis sociodemográficas relacionadas ao cuidado recebido dos usuários atendidos em CAPSad nos estados AP, MG e SP quanto ao quesito raça/cor. Foram entrevistados 707 usuários atendidos em CAPSad nos estados AP, MG e SP Para o presente estudo foram utilizados: os seguintes instrumentos um questionário de dados sociodemográficos, a Escala de Satisfação SATIS-BR e a Escala de Avaliação da Percepção de Mudança (EMP).

Este estudo constatou as seguintes características de variáveis sociodemográficas:

predominância da população masculina (57,3%), que se autodeclararam negros (59,4%), solteiros (59,0%), com faixa etária média de 44 anos, sendo o emprego a principal fonte de renda (31,7%) e com renda familiar de até 2 salários mínimos (71,1%). Quanto à escolaridade, apesar de 94,3% saberem ler, a maioria (38,8%) tinham apenas o ensino fundamental incompleto, e somente 5,1% da amostra deste estudo apresentavam nível superior completo ou acima. Os resultados apontaram que sobre o tempo de permanência no serviço os não negros tem 1,7 mais chances de ficarem mais de 6 meses no CAPSad que os negros, controlado os efeitos de alfabetização, escolaridade e renda. Sobre internação os não negros tem 1,6 mais chances de terem sido internados antes do tratamento no CAPS ad que os negros, controlado os efeitos de alfabetização, escolaridade e renda, sobre a visita domiciliar os negros tem 2,4 mais chances de receberem visita que os não negros, controlados os efeitos de alfabetização, escolaridade e renda. Identificou também que negros e não negros estão igualmente satisfeitos e com a mesma percepção de mudança.

The psychiatric reform movement resulted in the restructuring process of metal health services, which aims to provide integral and humanized assistance, prioritizing the evaluation. Given this context and considering that the population in Brazil is made up mostly of black and pardo people, it is essential that every health research consider all the racial aspects, starting with race color. Therefore, it is possible to identify the profile and peculiarities of a certain population, guaranteeing the quality of assistance services offered through the data obtained in the evaluation process. The study made with descriptive, explanatory and transversal aspects, had as a goal to compare sociodemographic variants related to the care offered to the user of Psychosocial Care Center for Alcohol and Drugs (CAPSad), in the states of Amapa (AP), Minas Gerais (MG) and Sao Paulo (SP), considering race/color. 707 users of CAPSad were interviewed in the states of AP, MG and SP.

In the study the following instruments were used:

a socio demographic questionnaire, the Satisfaction Scale (SATIS-BR), the Scale of Perceived Change (EMP).

The sociodemographic variants were characterized by:

a larger male population (57,3%), which (59,4%) is self-denominated black, (59,0%) single, with the majority being in the 44 years old range, with the job as main source of income (31,7%), and with a family income equivalent to two times the value of the Brazilian minimum wage (71,1%). As for schooling, while 94,3% can read, the majority (38,8%) didnt complete their basic education, and only 5,1% graduated from college. The results revealed that 1,7 of non-black participants are more likely to be more than 6 months in the CAPSad than the black participants, where the effects of literacy, schooling and income are under control. About hospitalization, non-black participants have 1,6 more chances of being hospitalized before the treatment at the CAPSad than the black participants, where the effects of literacy, schooling and income are under control. About homecare visits (VD), the black participants have 2,4 more change to receive VD than the non-black participants, where the effects of literacy, schooling and income are under control. It was determined that black participants and non-black participants are equally satisfied and have the same perception of change.