Efeito de uma intervenção no apoio social de cuidadores familiares de idosos com alta dependência
The results of an intervention on the social support of family caregivers of elderly with high dependence

Publication year: 2020
Theses and dissertations in Portugués presented to the Universidade de São Paulo, Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto to obtain the academic title of Doutor. Leader: Kusumota, Luciana

Introdução:

O cuidado com um idoso dependente pode gerar desgastes psicológicos, físicos, emocionais e sociais para os cuidadores familiares, alterando sua qualidade de vida, diminuindo o apoio social e aumentando os sintomas depressivos e a sobrecarga. O apoio social formal pode auxiliar no enfrentamento dessas adversidades.

Objetivo:

avaliar o efeito de uma intervenção no apoio social de cuidadores familiares de idosos dependentes.

Método:

Estudo quase-experimental não randomizado, realizado com 17 cuidadores familiares de idosos com dependência em seguimento ambulatorial de um hospital público terciário do interior paulista. Houve perda de seguimento de três cuidadores. O estudo foi realizado em cinco etapas, em um período de cinco semanas de seguimento (Tempo zero - T0 a Tempo quatro - T4), sendo 1) T0 constou do recrutamento dos cuidadores e idosos no ambulatório; 2) T1 foi nomeada etapa avaliativa e de início da intervenção, na qual foram realizadas entrevistas nos domicílios, para caracterização sociodemográfica, clínica, de saúde, dependência e de cuidado, do idoso e do cuidador, com aplicação dos instrumentos: MOS para avaliação do apoio social, o WHOQOL-Bref para avaliação da qualidade de vida, o QASCI para avaliação da sobrecarga, o CES-D para avaliação dos sintomas depressivos e o SRQ-20 para a avaliação do desconforto emocional, além de durante a visita, instalar um aplicativo para smartphone afim de melhorar o nível de apoio social dos cuidadores, nomeado "cuidando do cuidador e do idoso" e feitas as orientações de uso. Com as avaliações dos cuidadores, a pesquisadora elaborou planos de apoio social gerontológico individuais; 3) T2 foi realizado um contato telefônico para reforço da intervenção, esclarecimento de dúvidas e envio do plano gerontológico; 4) T3 realizado novo reforço da intervenção, via contato telefônico; 5) T4 em uma segunda visita nos domicílios foram realizadas novas medidas das variáveis investigadas no T1. Os dados foram analisados descritivamente e realizados modelos de efeitos mistos para verificar a associação entre os desfechos e variáveis independentes no programa R. Todos os preceitos éticos foram respeitados e o projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos da Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo.

Resultados:

A maioria dos idosos apresentou alto nível de dependência para a realização das atividades básicas de vida diária (70,6%). A maioria dos cuidadores familiares era do sexo feminino (88,2%), casada (64,7%), de cor autodeclarada branca (64,7%), com idade média de 53,56 (±11,77) anos. Ao final do estudo, apresentaram melhora nos resultados de apoio social, de qualidade de vida, de sobrecarga, de sintomas depressivos e de desconforto emocional, com significância estatística somente para a redução dos sintomas depressivos (p=0,0221). Houve correlação positiva entre o apoio social e os domínios físico (T1 [0,5661; p=0,0178] e T4 [0,5139; p=0,0100]) e meio ambiente da qualidade de vida (T1 [0,5389; p=0,0256] T4 [0,5562; p=0,0100]); e correlação inversa entre o apoio social e a sobrecarga financeira (T1 [-0,6814; p=0,0100] e T4 [-0,5878; p=0,0100]). Além disso, os cuidadores familiares com maior nível de apoio social possuíam maior escolaridade (p=0,0058) e mais horas dedicadas ao cuidado do idoso (p=0,0039). O efeito da intervenção foi verificado nos sintomas depressivos (T4 [t=4,0895; p=0,0005]), nos domínios físico (T4 [t=5,5637; p=0,0000]) e relações sociais (T4 [t=7,1468; p=0,0000]) da qualidade de vida e no domínio eficácia e controle da sobrecarga (T4 [t=8,0054; p=0,0000]).

Conclusão:

A intervenção no apoio social de cuidadores familiares de idosos com dependência apresentou efeito positivo para a diminuição dos sintomas depressivos e da sobrecarga no domínio eficácia e controle, bem como no aumento da qualidade de vida nos domínios físico e relações sociais.

Introduction:

Care for a dependent elderly person can generate psychological, physical, emotional and social stress for family caregivers, changing their quality of life, decreasing social support and increasing depressive symptoms and overload. Formal social support can assist in facing these adversities.

Objective:

to evaluate the effect of an intervention on the social support of family caregivers of dependent elderly people.

Method:

Quasi-experimental, non-randomized study carried out with 17 family caregivers of elderly people with dependence in outpatient follow-up at a public tertiary hospital in the interior of São Paulo. There was loss of follow-up by three caregivers. The study was carried out in five stages, in a period of five weeks of follow-up (Time zero - T0 to Time four - T4), being 1) T0 consisted of the recruitment of caregivers and elderly people at the clinic; 2) T1 was named an evaluation stage and the beginning of the intervention, in which interviews were conducted at home, for sociodemographic, clinical, health, dependency and care characterization, of the elderly and the caregiver, with the application of the instruments: MOS to assess the social support, WHOQOL- Bref for assessing quality of life, QASCI for assessing overload, CES-D for assessing depressive symptoms and SRQ-20 for assessing emotional discomfort, in addition to installing a smartphone application in order to improve the level of social support of caregivers, named "taking care of the caregiver and the elderly" and the use guidelines are made. With the evaluations of the caregivers, the researcher developed individual gerontological social support plans; 3) T2 was contacted by phone to reinforce the intervention, clarify doubts and send the gerontological plan; 4) T3 performed a new reinforcement of the intervention, via telephone contact; 5) T4 in a second home visit, new measurements of the variables investigated in T1 were performed. The data were analyzed descriptively and mixed effects models were performed to verify the association between the outcomes and independent variables in the R program. All ethical principles were respected and the project was approved by the Ethics Committee in Research with Human Beings of the Ribeirão Preto College of Nursing of the University of São Paulo.

Results:

Most elderly people had a high level of dependence to perform basic activities of daily living (70.6%). Most family caregivers were female (88.2%), married (64.7%), self-declared white (64.7%), with a mean age of 53.56 (±11.77) years. At the end of the study, they showed improvement in the results of social support, quality of life, overload, depressive symptoms and emotional discomfort, with statistical significance only for the reduction of depressive symptoms (p=0.0221). There was a positive correlation between social support and the physical domains (T1 [0.5661; p=0.0178] and T4 [0.5139; p=0.0100]) and the quality of life environment (T1 [0, 5389; p=0.0256] T4 [0.5562; p=0.0100]); and inverse correlation between social support and financial burden (T1 [-0.6814; p=0.0100] and T4 [-0.5878; p=0.0100]). In addition, family caregivers with a higher level of social support had more education (p=0.0058) and more hours dedicated to caring for the elderly (p=0.0039). The effect of the intervention was seen in depressive symptoms (T4 [t=4.0895; p=0.0005]), in the physical (T4 [t=5.5637; p=0.0000]) and social relationships (T4 [t=7.1468; p=0.0000]) of quality of life and in the domain of effectiveness and control of overload (T4 [t=8.0054; p=0.0000]).

Conclusion:

The intervention in the social support of family caregivers of elderly people with dependence had a positive effect in reducing depressive symptoms and overload in the domain of effectiveness and control, as well as in increasing the quality of life in the physical and social relationships.

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