"Anorexia? Não, olha seu tamanho": anorexia nervosa "atípica" em mulheres gordas

Publication year: 2020
Theses and dissertations in Portugués presented to the Universidade do Estado do Rio de Janeiro to obtain the academic title of Mestre. Leader: Azize, Rogerio Lopes

O objetivo da presente dissertação é refletir sobre que é considerado atipicidade na anorexia nervosa, especialmente os casos entendidos como atípicos pelo peso corporal. Nas imagens que circulam entre diferentes veículos de mídia e alimentam o imaginário social, o corpo anoréxico é feminino, branco, jovem e extremamente emagrecido; tem costelas ressaltadas e o corpo esguio.

Essa percepção acaba inferindo erroneamente sobre o reconhecimento da presença e da gravidade do transtorno alimentar:

pessoas podem ser naturalmente magras sem dietas e pessoas consideradas “acima do peso” podem desenvolver relações conturbadas de restrição alimentar. Para a pesquisa, quatro mulheres autodenominadas gordas e duas profissionais de saúde foram ouvidas em entrevistas presenciais. Acredito que a experiência da anorexia nervosa em pessoas que não se encaixam no critério diagnóstico de “peso corporal significativamente baixo” nos auxilia a pensar as fronteiras entre típico e atípico, entre peso normal e anormal, entre saudável e doente. O critério de peso corporal pode distanciar de um tratamento qualificado pessoas em notável sofrimento psíquico, mas que não necessariamente possuem o Índice de Massa Corporal em um valor considerado baixo o suficiente para receberem tal diagnóstico.
The goal of the present dissertation is to reflect upon what is considered “atypical” in anorexia nervosa, particularly in cases determined as atypical because of body weight. In the images disseminated by various media platforms that feed social repertoire, the anorexic body is feminine, white, young and extremely thinned: they have their ribs emphasized and their waist is very slim.

This perception ends up inferring erroneously on the detection of the presence or the gravity of eating disorders:

people can be naturally thin without diets and people considered “overweight” can develop problematic patterns of eating restrictions. This research consists of presential interviews with four women that self-identify as fat as well as two health professionals. I believe that the experience of anorexia nervosa by people that don’t “fit” the diagnostic’s criteria of “significantly lowered body weight” helps bringing our attention to the frontiers between typical and atypical, over and underweight, healthy and unhealthy. A body weight criteria can distance people in high levels of suffering – but that don’t necessarily have what’s considered a “low” BMI – from qualified treatment.

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