Uma genealogia dos feminismos contemporâneos: o ativismo de mulheres em tempos de guerra
Publication year: 2021
Theses and dissertations in Portugués presented to the Universidade do Estado do Rio de Janeiro to obtain the academic title of Doutor. Leader: Camargo Jr, Kenneth Rochel de
No Brasil, desde os anos 2010 aprofundou-se a ascensão de grupos ultraconservadores na política. Observa-se a chegada à governança nacional representantes de discursos e práticas violentas, racistas, misóginas, classistas e homofóbicas junto com um aprofundamento da crise do neoliberalismo no país. Frente a esse “triste” enredo, nos anos 2010 viu-se também retrocessos profundos nas políticas nacionais de HIV/AIDS que incluíram censuras de campanhas e reduções de ações de prevenção, apesar da doença seguir relacionada ao preconceito e apresentar altas taxas de infecção para os grupos mais vulneráveis – incluso de mulheres. Por sua vez, os feminismos contemporâneos demonstram cada vez mais “fôlego” e vem desempenhando um papel de “catalisador” de grupos diversos de ativistas pelos direitos das mulheres cis e trans –inclusive ativistas com enfoque na causa da AIDS. Deste modo, preocupada com a memória dos feminismos e do ativismo de mulheres no campo do HIV/AIDS, construiu-se essa genealogia dos feminismos contemporâneos a partir das histórias de vida de mulheres ativistas em diversos campos de ação. Com base na obra de Michel Foucault, foi construída uma arqueologia dos ativismos estudados, onde a genealogia delineou novos sentidos às histórias de vida. Assim, as memórias de mulheres, de distintos lugares sociais, trazem a diversidade de suas agências produzindo uma narrativa histórica dos movimentos em um Brasil recente de Nova República até o Bolsonarismo. O enfoque é no ativismo delas e como essas ações se tornam novas localidades políticas na sociedade – "verdadeiros abrigos”.
The rise of ultra-conservative groups in politics in Brazil has intensified since the 2010s. Representatives of violent, racist, misogynist, classist, and homophobic discourses and practices have come to national governance, along with a deepening crisis of neoliberalism in the country. Faced with this "sad" script, the 2010s also saw profound setbacks in national HIV/AIDS policies that included censorship of campaigns and reductions in prevention actions, despite the fact that the disease is still linked to prejudice and has high rates of infection for the most vulnerable groups - including women. In turn, contemporary feminisms show more and more "strength" and have been playing a role of "catalyst" for diverse activist groups for the rights of cis and trans women - including activists focused on AIDS. Thus, concerned with the memory of feminisms and women's activism within the field of HIV/AIDS, this genealogy of contemporary feminisms was constructed from a study of life stories of women activists in various fields of action. Based on the work of Michel Foucault, an archeology of the activisms studied was constructed, where genealogy delineated new meanings to life stories. Thus, the memories of women from different social places, bring the diversity of their agencies producing a historical narrative of the movements in a recent Brazil from the New Republic to Bolsonarism. The focus is on their activism and how these actions become new political localities in society - "true shelters".