Potencialidades e limites do jogo violetas para o enfrentamento da violência de gênero
Potentials and limits of the game Violetas for confronting gender violence

Publication year: 2018
Theses and dissertations in Portugués presented to the Universidade de São Paulo. Escola de Enfermagem to obtain the academic title of Doutor. Leader: Fonseca, Rosa Maria Godoy Serpa da

Introdução:

A violência contra a mulher é um fenômeno social complexo e historicamente construído que requer dos profissionais que atuam nos serviços de atendimento conhecimento sobre a desnaturalização das violações e o empoderamento das mulheres envolvidas. Os jogos apresentam-se como instrumentos adequados para tal propósito.

Objetivo:

Compreender as potencialidades e os limites do jogo Violetas para o enfrentamento da violência de gênero.

Método:

Estudo exploratório, descritivo e interventivo, de abordagem qualitativa. As categorias analíticas foram gênero, violência de gênero e educação crítico-emancipatória. O cenário foi constituído por três unidades da Casa da Mulher Brasileira situadas em Brasília, Campo Grande e Curitiba. Os participantes foram os profissionais responsáveis ou envolvidos no atendimento de mulheres em situação de violência. Os dados foram coletados por meio de Oficina de Trabalho Crítico- emancipatória e os dados foram gravados e transcritos na íntegra. Os participantes jogavam as partidas e depois comentavam a experiência do jogo. O tratamento dos dados foi realizado segundo a proposta de Bardin, com o apoio do Software WebQDA.

Resultados e discussão:

emergiram três categorias empíricas: Percepções das profissionais em relação à violência contra a mulher; Percepções das profissionais em relação ao Jogo Violetas; Os limites e as potencialidades do jogo Violetas para o enfrentamento da violência de gênero. As questões de gênero foram associadas às concepções de feminilidade e masculinidade, determinadas biologicamente e responsáveis pela construção dos papéis sociais no contexto da vida pública e privada. O jogo permitiu identificar violações visíveis e invisíveis perpetradas contra as mulheres por meio das respostas sobre os filmes que constituem as questões e da dinâmica da partida. Emergiram sugestões de medidas para a prevenção e o enfrentamento da violência de gênero mediante ações individuais e coletivas das jogadoras. Os limites do jogo se relacionaram à ausência de proximidade das participantes com tecnologias lúdicas, ao entendimento das regras e à interpretação de algumas perguntas. As potencialidades foram associadas à estética, à sensação de desafio e à interação estabelecida entre as jogadoras para a elaboração das respostas e estratégias para contenção da violência no tabuleiro. A tecnologia lúdica provocou o surgimento dos sentimentos de tensão e alegria, bem como o compartilhamento de experiências e o estímulo à aquisição de conhecimentos sobre a violência de gênero.

Conclusão:

O jogo proporcionou reflexões sobre as expressões da violência de gênero, a atuação das profissionais no atendimento às vítimas e a análise sobre a rede de enfrentamento, conformada por serviços especializados e não especializados. Dessa forma, consiste em importante tecnologia para a formação e qualificação das profissionais, pois promove o pensamento crítico e emancipatório sobre a prevenção e o enfrentamento da violência de gênero.

Introduction:

Violence against women is a complex and historically built social phenomenon which demands knowledge on denaturalization of violations and the empowerment of women involved. Games are adequate instruments for such purpose.

Objective:

Understanding the potentials and limits of the game Violetas for confronting gender violence.

Method:

This is a descriptive and interventive qualitative approach exploratory study. The analytical categories were gender, gender violence and emancipatory critical education. The scenario included three units of Casa da Mulher Brasileira; they were located in Brasília, Campo Grande and Curitiba. Participants were professionals responsible for or involved in the care of women in situations of violence. Data collection was carried out by means of a critical-emancipatory workshop recorded and transcribed in full. Participants played the matches and then spoke about the experience of the game. The data treatment was performed according to Bardins proposal, with the support of WebQDA Software.

Results and discussion:

three empirical categories emerged: Perceptions of professionals in relation to violence against women; Perceptions of professionals regarding the game Violetas; The limits and potentialities of the game Violetas for confronting gender violence. Gender issues were associated with conceptions of femininity and masculinity, which are biologically determined and responsible for the construction of social roles in the context of public and private life. The game led to the identification of visible and invisible violations perpetrated against women by means of answers about movies mentioned in the questions and in the dynamics of the game. Suggestions of measures for the prevention and confrontation of gender violence emerged through individual and collective actions of the players. The limits of the game were related to the lack of exposure of the participants to recreational technologies, the understanding of the rules and the interpretation of some questions. The potentials were linked to the aesthetics, the feeling of challenge and interaction established between the players for the preparation of answers and strategies for containment of violence on the board. The recreational technology has conducted to the emergence of feelings of tension and joy, as well as the sharing of experiences and the encouragement to acquire knowledge about gender violence.

Conclusion:

The game provided reflections on the expressions of gender violence, the performance of the professionals in the care of the victims and the analysis of the network of violence confrontation composed of specialized and non-specialized services. Hence, this is an important technology in training and qualifying professionals, because it promotes critical and emancipatory thinking for the prevention and confrontation of gender violence.

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