Introdução - A relação entre tipo de parto e crescimento infantil, composição corporal e desenvolvimento neuropsicomotor tem sido estudada nos últimos anos, mostrando controvérsias quanto a relação do tipo de parto e os desfechos investigados. Objetivo - Investigar a relação entre o parto cesárea e crescimento, composição corporal e desenvolvimento neuropsicomotor de crianças até um ano de vida. Objetivos específicos, descritos nos artigos desta tese, foram: I) relacionar o tipo de parto com o crescimento da criança no primeiro ano de vida; II) relacionar o tipo de parto com a composição corporal da criança no primeiro ano de vida; III) relacionar o tipo de parto com o desenvolvimento neuropsicomotor da criança no primeiro ano de vida. Métodos - Crianças nascidas na Maternidade Municipal foram acompanhadas até o primeiro ano de vida, provenientes do estudo do tipo coorte prospectivo Estudo Coorte Araraquara, em desenvolvimento no município de Araraquara, SP. Para avaliação do crescimento, ao nascimento foram utilizadas as curvas do Intergrowth e no primeiro ano de vida da criança a velocidade de ganho de peso (VGP) e velocidade de ganho de comprimento (VGC) e para avaliação da composição corporal ao nascimento foi utilizada a pletismografia, para as demais faixas etárias foi utilizado o índice de massa corporal (IMC). Na investigação do atraso no desenvolvimento neuropsicomotor (ADNPM) e socioemocional (LSPB) das crianças foi utilizada a escala Survey of Well being of Young Children - (SWYC). O impacto do tipo de parto no crescimento, composição corporal, ADNPM e LSPB da criança foi analisado através das Equações de Estimação Generalizada (GEE). Resultados- Os resultados descritos nos artigos desta tese, foram: I) As médias de VGP e VGC não diferiram segundo o tipo de parto (p=0,672; p= 0,378). Observou-se maiores médias de VGP nas crianças de mães com maior escolaridade, do sexo masculino, que não foram amamentados e que apresentaram diarreia (p<0,005), e menores médias de VGP nas com menor peso ao nascer (p<0,005). As maiores médias de VGC foram observados nas crianças não amamentadas e naquelas com mães de maior estatura, e menores médias de VGC nas com menor comprimento ao nascer (p<0,005). II) o parto cesárea se associou positivamente com o percentual de massa de gordura corporal ao nascer (% MG) (p=0,015). Os nascidos de mães brancas e os indivíduos do sexo masculino demostraram menores médias de % MG ao nascer (p <0,005). Observou-se associação positiva do peso ao nascer com o IMC, ter diarreia no primeiro ano de vida demostrou associação inversa com o IMC (p <0,005). III) o tipo de parto não demostrou associação com o ADNPM e LSPB. A prevalência de ADNPM com um ano de vida foi de 17,1%, e a LSPB foi de 45,3%. Observou-se associação positiva entre o ADNPM e sexo feminino (p=0,031) e com as crianças que conviviam com algum membro da família que era tabagista (p=0,020). Foram observadas associações positivas entre sexo feminino (p=0,010), depressão materna (p=0,016) e insegurança alimentar (p=0,020) com a LSPB, e associação inversa entre leitura e a LSPB (p=0,019). Conclusões- Dessa forma entende-se que a gama de fatores que influencia o crescimento, composição corporal e o desenvolvimento neuropsicomotor no primeiro ano de vida não se associa com a via de parto nessa população.