Publication year: 2019
Theses and dissertations in Portugués presented to the Universidade de São Paulo. Escola de Enfermagem to obtain the academic title of Doutor. Leader: Oliveira, Maria Amelia de Campos
Introdução e justificativa:
a família é um importante recurso de apoio em caso de adoecimento de um de seus membros. Entretanto, quando o cuidado é realizado no domicílio, há grande impacto no ambiente familiar, o que pode alterar a dinâmica e fortalecer ou fragilizar as relações familiares. Objetivo:
avaliar o impacto do cuidado em famílias de pacientes com incapacidades e dependência em diferentes contextos de vulnerabilidade. Método:
pesquisa longitudinal que utilizou dados do Estudo SABE (Saúde, Bem-Estar e Envelhecimento), 2010 e 2015. Os idosos incluídos no estudo foram agrupados em três categorias, de acordo com a dificuldade referida na realização de atividades básicas de vida diária (ABVD): Incidência, Piora e Permanência. Para cada contexto de vulnerabilidade social (baixa e média/alta), foi feita a análise do perfil dos idosos, condição de saúde, dificuldade na realização de ABVD, características da família, rede e apoio social, perfil dos cuidadores, dificuldades enfrentadas e aspectos positivos do cuidado. Foram feitas a análise descritiva dos dados e de regressão logística múltipla hierárquica, para cada grupo de incapacidade funcional, em cada contexto de vulnerabilidade, considerando o peso amostral. Os dados foram analisados utilizando-se o programa Stata versão 15.1 e os resultados foram considerados estatisticamente significativos quando p<5.Resultados:
nos contexto de baixa vulnerabilidade social, 61,06% dos idosos foi classificado no grupo Incidência, 19,41% no grupo Piora e 19,53% no grupo Permanência. Já nos contexto de média a alta vulnerabilidade, 54,58% foi incluído no grupo Incidência, 30,93% no grupo Piora e 14,49% no grupo Permanência. Em ambos os contextos e em todos os grupos de incapacidade predominaram idosos que moravam com os filhos, dividiam o domicílio com uma a duas pessoas, tinham boa percepção quanto à funcionalidade familiar e recebiam auxílio nas tarefas domiciliares. O grupo Piora apresentou maior proporção de idosos que contava com um cuidador, em ambos os contextos: 37,83% dos idosos em contextos de baixa vulnerabilidade e 53,47% em contextos de média a alta vulnerabilidade. Os grupos Incidência e Permanência, nos contextos de média a alta vulnerabilidade, apresentaram maior proporção de cuidadores que referiram dificuldade elevada no cuidado ao idoso. Nos contextos de vulnerabilidade baixa, predominaram cuidadores que referiram dificuldade baixa nos grupos Incidência e Piora. A satisfação pelo cuidado prestado foi elevada para os grupos Incidência (baixa vulnerabilidade) e Permanência (média a alta vulnerabilidade). Somente o grupo Permanência (baixa vulnerabilidade) apresentou predomínio de cuidadores que referiram baixa satisfação pelo cuidado realizado. Nos contextos de baixa vulnerabilidade, em 2010, a percepção dos cuidadores sobre a funcionalidade familiar foi boa em todos os grupos de incapacidade funcional; já em 2015, a maior parte dos cuidadores avaliou as famílias como disfuncionais. Nos contextos de vulnerabilidade média a alta, em ambos os anos, predominou a boa funcionalidade familiar. As variáveis associadas à incapacidade funcional variaram entre os grupos, entretanto destaca-se a disfunção familiar e a ausência de cuidador, que apresentaram influência na incapacidade funcional do idoso na maior parte dos grupos, em ambos os contextos de vulnerabilidade. Conclusão:
os aspectos que mais influenciaram a incapacidade funcional variaram entre os grupos de incapacidade e os contextos de vulnerabilidade. Assim, além do perfil do idoso, da família e dos cuidadores, o foco da intervenção deve considerar os recursos disponíveis em determinados contextos de vulnerabilidade social, a fim de reduzir a carga do cuidado de todos os envolvidos no processo.
Introduction and justification:
The family is an important support resource in case of illness of one of its members. However, when care is provided at home, there is a great impact on the family environment, which can change the dynamics and strengthen or weaken family relationships. Objective:
To evaluate the impact of care on families of patients with disabilities and dependence in different contexts of vulnerability. Method:
longitudinal survey using data from the SABE Study (Health, Welfare and Aging), 2010 and 2015. The elderly included in the study were grouped into three categories, according to the difficulty reported in performing basic activities of daily living (BADL): Incidence, Decline and Permanence. For each context of social vulnerability (low and medium/high), an analysis was made of the elderlys profile, health condition, difficulty in performing BADL, family characteristics, social network and support, caregivers\' profile, difficulties faced and aspects positive of care. Descriptive data analysis and hierarchical multiple logistic regression were performed for each group of functional disability in each context of vulnerability, considering the sample weight. Data were analyzed using the Stata software version 15.1 and the results were considered statistically significant when p<0,05. Results:
in the context of low social vulnerability, 61.06% of the elderly were classified in the Incidence group, 19.41% in the Decline group and 19.53% in the Permanence group. In the medium to high vulnerability context, 54.58% was included in the Incidence group, 30.93% in the Decline group and 14.49% in the Permanence group. In both contexts and in all disability groups, elderly people who lived with their children predominated, shared the household with one to two people, had a good perception of family functionality, and were assisted with household tasks. The Decline group had the highest proportion of elderly people with a caregiver in both contexts:
37.83% of the elderly in low vulnerability context and 53.47% in medium to high vulnerability context. The Incidence and Permanence groups, in the medium to high vulnerability context, presented a higher proportion of caregivers who reported high difficulty in caring for the elderly. In contexts of low vulnerability, predominated caregivers who reported low difficulty in the Incidence and Decline groups. Satisfaction with the care provided was high for the Incidence (low vulnerability) and Permanence (medium to high vulnerability) groups. Only the Permanence group (low vulnerability) showed a predominance of caregivers who reported low satisfaction with the care provided. In low vulnerability context, in 2010, caregivers' perception of family functionality was good in all groups of functional disability; In 2015, most caregivers rated families as dysfunctional. In contexts of medium to high vulnerability, in both years, good family functionality predominated. Variables associated with functional disability varied between groups; however, family dysfunction and the absence of caregivers stand out, which influenced the functional disability of the elderly in most groups, in both contexts of vulnerability. Conclusion:
the aspects that most influenced functional disability varied between disability groups and vulnerability contexts. Thus, in addition to the profile of the elderly, family and caregivers, the focus of the intervention should consider the resources available in certain contexts of social vulnerability in order to reduce the burden of care.