Avaliação dos resultados das condições perineais após o reparo de trauma perineal com cola cirúrgica ou fio de sutura até 8 meses de pós-parto
Evaluation of perineal condition outcomes after repair of perineal trauma with surgical glue or suture yarn in the first 8 months after delivery

Publication year: 2019
Theses and dissertations in Portugués presented to the Universidade de São Paulo. Escola de Enfermagem to obtain the academic title of Mestre. Leader: Becker, Adriana Caroci

Introdução:

existem poucos estudos sobre os resultados do uso da cola cirúrgica para o reparo perineal após o parto.

Objetivos:

comparar a intensidade da dor perineal, a ocorrência de incontinência urinária (IU), a força muscular do assoalho pélvico (FMAP), a função sexual (FS) e a satisfação da mulher após o reparo perineal com a cola cirúrgica ou fio de sutura até 8 meses após o parto.

Metodologia:

estudo longitudinal aninhado a um ensaio clínico (EC) randomizado. A população foi composta por mulheres participantes de um EC que tiveram o primeiro parto normal e que foram submetidas ao reparo de lacerações perineais de primeiro e/ou segundo graus ou episiotomia com cola cirúrgica Glubran 2® (Grupo experimental - GE) ou com fio de sutura Vicryl® (Grupo Controle - GC), em uma maternidade de Itapecerica da Serra, São Paulo, e que retornaram para avaliação ou aceitaram ser avaliadas em domicílio. As mulheres foram acompanhadas nos primeiros 8 meses de pós-parto em seis etapas: etapa 1: logo após o parto normal; etapa 2: entre 12 e 24 horas; etapa 3: entre 36 e 48 horas; etapa 4: entre 10 e 20 dias; etapa 5: entre 50 e 70 dias; e etapa 6: entre 6 e 8 meses de parto. As primeiras três etapas correspondem ao banco de dados do EC; a etapa 4 corresponde a um estudo transversal; e os dados das etapas 5 e 6 correspondem ao presente estudo. O estudo foi aprovado pelo Comitê de ética em pesquisa da EEUSP, sob registro 2.44.813.

Resultados:

foram avaliadas 140 mulheres nas primeiras três etapas, 110 mulheres entre 10 e 20 dias de parto (etapa 4), 122 mulheres entre 50 e 70 dias (etapa 5) e 54 mulheres entre 6 e 8 meses de parto (etapa 6). Ao comparar a intensidade da dor perineal ao longo do tempo nos dois tipos de reparo perineal, o GE apresentou melhores resultados que o GC (p = 0,001). No entanto, não houve significância ao comparar a IU nas cinco primeiras etapas (p = 0,699) e o uso do ICIQ-SF na sexta etapa (p = 0,835). Em relação à FMAP, houve uma diferença de 4,96 pontos entre as médias do GE (média 32,39; dp 14,03) e GC (média 27,43; dp 12,75), porém sem significância (p = 0,331). Sobre o FS, percebeu-se que as mulheres do GE apresentaram médias de escore superior em todos os domínios, mas não houve significância (p = 0,504). O GE também apresentou melhores médias em relação à satisfação da mulher com o reparo perineal, porém também sem significância (p = 0,068).

Conclusão:

o uso de cola cirúrgica apresentou menor intensidade de dor perineal, significantemente, até 8 meses após o parto e melhores médias relacionadas à FMAP, à FS e à satisfação da mulher com o reparo perineal. A cola cirúrgica pode ser uma opção viável para diminuir as morbidades relacionadas ao reparo perineal após parto normal e aumentar a satisfação da mulher.

Introduction:

In literature, there are few studies about the use of surgical glue for perineal repair after delivery.

Objectives:

To compare the intensity of perineal pain, the occurrence of urinary incontinence (UI), the pelvic floor muscle strength (PFMS), the sexual function (SF) and the satisfaction of women after perineal repair with surgical glue or suture yarn in the first 8 months after delivery.

Methodology:

Longitudinal study linked to a randomized controlled trial (RCT). The population was consisted of women attending a RCT who had normal delivery, underwent repair of first and/or second-degree perineal lacerations or episiotomy with Glubran 2® surgical glue (Experimental Group EG) or with Vicryl® suture yarn (Control Group CG) in a maternity hospital located in Itapecerica da Serra, São Paulo, and returned for evaluation or accepted to be evaluated in their homes. The women were followed-up during the first 8 months after delivery in six stages, with the first 3 stages corresponding to the RCT database, stage 4 to a cross-sectional study and stages 5 and 6 data to the current study.

Stage 1:

soon after normal delivery; stage 2: between 12 and 24 hours; stage 3: between 36 and 48 hours; stage 4: between 10 and 20 days; stage 5: between 50 and 70 days; stage 6: between 6 and 8 months after delivery. This study was approved by the Research Ethics Committee of EEUSP, under registration number 2.44.813.

Results:

A total of 140 women were evaluated in the first three stages, 110 women between 10 and 20 days after delivery (stage 4), 122 women between 50 and 70 days (stage 5) and 54 women between 6 and 8 months after delivery (stage 6). When comparing the intensity of perineal pain over time in the two types of perineal repair, EG presented better results than CG (p=0.001). However, there was no significance when comparing UI in the first five stages (p=0.699) and the use of ICIQ-SF in the sixth stage (p=0.835). Regarding PFMS, there was a difference of 4.96 points between the means of EG (mean 32.39; SD 14.03) and CG (mean 27.43; SD 12.75), but with no significance (p=0.331). As for SF, it was noticed that the EG women presented higher mean scores in all domains, but there was no significance (p=0.504). EG also presented better means in relation to womens satisfaction with perineal repair, but also with no significance (p=0.068).

Conclusion:

The use of surgical glue showed significantly lower perineal pain intensity in the first 8 months after delivery and better means related to PFMS, SF and womens satisfaction with perineal repair. Surgical glue may be a viable option to decrease the negative outcomes of perineal repair after normal delivery, as well as to increase womens satisfaction.

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