Narrativas (d)e cuidado em saúde mental: por uma clínica política
Narratives (of) and mental health care: for a political clinic

Publication year: 2021
Theses and dissertations in Portugués presented to the Universidade de São Paulo. Escola de Enfemagem to obtain the academic title of Mestre. Leader: Oliveira, Marcia Aparecida Ferreira de

No Brasil, assim como em tantos outros países do Ocidente, até meados do século passado, a história do atendimento em saúde mental coincide com a história da psiquiatria praticada em instituições totais e pautada pelo modelo médico de atenção, tratando a doença mais do que o sujeito e seu sofrimento.

A mudança do modelo de atenção à saúde mental brasileiro iniciou na década de 1980 com propostas de serviços territoriais e essa transição ocorreu lentamente:

somente na década de 1990 foi iniciado o investimento gradativo em dispositivos substitutivos aos hospitais psiquiátricos - Centros de Atenção Psicossocial (CAPS), inaugurando um novo paradigma de assistência em saúde mental no Brasil. A presente pesquisa tem como objetivo apresentar narrativas construídas a partir da experiência profissional do pesquisador em seu percurso enquanto trabalhador no campo da saúde mental. Tratase de uma pesquisa ação - qualitativa, de caráter exploratório e que faz uso de narrativas como ferramenta metodológica, visando imprimir no texto a presença e as vivências a partir da experiência do pesquisador como trabalhador da rede de saúde mental pública na produção de cuidados em saúde mental. Para guiar este estudo, temos as seguintes questões norteadoras: Como se dá a produção de cuidado no cotidiano de um serviço de saúde mental hoje? O que emerge em narrativas a partir da experiência de um trabalhador do campo da saúde mental? Quais as ferramentas teórico-conceituais que fundamentam as práticas / experiência no cotidiano de um trabalhador do campo da saúde mental? Este estudo tem como referencial teórico as discussões sobre cotidiano elaboradas por Agnes Heller. O presente estudo justificase pelo atual contexto sociopolítico neofascista vivenciado no Brasil, no qual inúmeras políticas sociais estão sendo retiradas da população brasileira. Nesse contexto, há a necessidade da discussão da Atenção Psicossocial enquanto prática de cuidado em saúde mental junto dos modos e formas de cuidado presentes neste cenário e a sua relação com o tempo.
In Brazil, as in so many other Western countries, until the middle of the last century, the history of mental health care coincided with the history of psychiatry practiced in total institutions and guided by the medical model of care, treating the disease more than the subject and their suffering. The change in the Brazilian mental health care model began in the 1980s with proposals for territorial services. This transition took place slowly and it was only in the 1990s that the gradual investment in substitutive devices for psychiatric hospitals began - Psychosocial Care Centers (Centros de Atenção Psicossocial - CAPS), thus inaugurating a new mental health care paradigm in Brazil. This work aims to present narratives constructed from the author\'s professional experience during his career as a mental health worker. It is considered \"action research\" - qualitative, exploratory, and uses narratives as a methodological tool, aiming to print out the presence and experiences from the author\'s experience as a worker in the public mental health network in the production of care in mental health. To guide this study, we have the following questions: How does the production of care take place in the daily life of a mental health worker today? What emerges in narratives from the experience of a mental health worker? What are the theoretical-conceptual tools that underlie the daily practices/experience of a mental health worker? This study has, as a theoretical reference, the discussions about everyday life contained in the work of Agnes Heller. The present study is justified by the current neofascist sociopolitical context experienced in Brazil, where numerous social policies are being withdrawn from the Brazilian population. In this context, there is a need to discuss Psychosocial Care as a mental health care practice along with the modes and forms of care present in this scenario and its relationship with time.

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