Análise longitudinal do papel da segurança na relação entre o capital social e a hipertensão arterial: mediação ou moderação? Evidências dos resultados do ELSA-Brasil
Longitudinal analysis of the role of security in the relationship between social capital and arterial hypertension: mediation or moderation? Evidences of the ELSA-Brazil results

Publication year: 2022
Theses and dissertations in Portugués presented to the Universidade de São Paulo. Faculdade de Saúde Pública to obtain the academic title of Doutor. Leader: Lotufo, Paulo Andrade

Introdução. O conceito de capital social refere-se aos recursos aos quais indivíduos ou associações humanas têm acesso através de suas redes sociais. Estudos realizados na última década apontam para uma associação positiva entre maior capital social e melhores indicadores de saúde. Embora, a literatura sobre o tema aponte que percepções de segurança possuem um papel relevante sobre as redes de capital social, ainda não está claro se elas atuam sobre as associações entre capital social e os resultados de saúde, os mecanismos indiretos, nos quais a percepção de segurança atuaria como mediadora ou moderadora sobre essas associações, ainda carecem de maiores investigações. Nesse sentido, pesquisas que abordem o tema podem corroborar para o entendimento do efeito das percepções sobre as associações entre o capital social e desfechos de saúde. Objetivos. Analisar se as percepções de segurança na vizinhança de residência atuam como mediadoras ou moderadoras na associação entre o capital social e a hipertensão. Métodos. Foram usados os dados da primeira (2008-2010) e da segunda (2012-2014) etapa de coleta de dados do Estudo Longitudinal de Saúde do Adulto (ELSA-Brasil). O ELSA-Brasil é uma coorte multicêntrica, composta por 15.105 funcionários públicos, ativos e aposentados, de ambos os sexos e com idades entre 35-74 anos vinculados a seis diferentes instituições de ensino e pesquisa brasileiras. As variáveis de interesse foram capital social, coesão social de vizinhança e a percepção de segurança em relação a vizinhança de residência, todas analisadas no nível individual, e a hipertensão arterial. Devido à natureza distintas dos indicadores de capital vizinhança individual (coesão social) e capital social individual (via Resource generator) foi elaborado um modelo para cada tipo de medida de capital social - usando-se o mesmo conjunto de variáveis. Para analisar a influência da percepção de segurança em relação a vizinhança de residência sobre a associação entre capital social e hipertensão foi utilizada a análise de caminhos (Path Analysis). Resultados. As análises estatísticas não mostraram evidências de que a segurança percebida exerce influência sobre a segurança percebida não exerce influência sobre as associações entre o capital social e a hipertensão. No modelo onde o capital social individual foi utilizado, não foi identificada associação entre o capital social e hipertensão ( -0,01; p≅0,26), e a escolaridade exerceu um importante efeito moderador sobre o capital social (0,25; p<0,00). Já no modelo onde a coesão social foi empregada, também não foi constatada a associação entre coesão social e hipertensão ( -0,01; p≅0,12), e a percepção de mobilidade foi a variável com maior efeito moderador sobre a coesão social (0,20; p<0,00). Em ambos os modelos, a idade foi a variável com maior efeito moderador sobre a hipertensão (0,29; p<0,00). Conclusões. A percepção de segurança em relação a vizinhança de residência nas associações entre as medidas de capital social e a hipertensão, na análise longitudinal, sugerindo que domínio de segurança em relação a vizinhança de moradia usado no presente estudo, talvez, não seja o mais adequado para analisar o fenômeno. Por isso, novos estudos são necessários para se verificar se o evento se repete.

Introduction:

The concept of social capital refers to resources to which individuals or human associations have access through their social network. Studies performed in the last decade point to a positive correlation between bigger social capital and better health markers. Even though literature about the theme suggests that perception of safety has a relevant role in the social capital networks, it is not clear yet, if they act on the correlations between social capital and health markers. The indirect mechanisms in which the perception of safety would act as a mediator or moderator on these correlations need further investigation. In this sense, research that approaches the issue can corroborate the understanding of the effect of perceptions about the interconnection between social capital and health outcomes.

Objectives:

To analyse if perceptions of safety in the neighborhood of residence act as mediators or moderators in the correlation between social capital and hypertension.

Methods:

Data from the first (2008-2010) and the second (2012-2014) stages of the Longitudinal Study of Adult Health (ELSA - Brazil) were used. The ELSA-Brazil is a multicentred cohort composed of 15.105 civil servants, active or retired, of both sexes and within the age range from 35 to 74 years, from six different Brazilian teaching and research Institutions. The variables of interest were social capital, neighborhood social cohesion and the perception of safety regarding the neighborhood of residence, all of which were analyzed on an individual level, and arterial hypertension. Due to the distinctive nature of the markers of individual neighborhood capital (social cohesion) and individual social capital (via Resource Generator) a model for each type of social capital measure was developed using the same set of variables. To analyze the influence of perception of safety in the neighborhood of residence on the correlation between social capital and hypertension, the Path Analysis was used.

Results:

The models have shown that perceived safety does not influence social capital and hypertension correlations. In the model in which the individual social capital was used, there was no association between social capital and hypertension identified (-0,01; p≅0,26) and the level of education exerted an important effect on social capital (0,25; p<0,00). In the model in which social cohesion was employed, no association between social capital and hypertension was identified either (-0,02; p≅0,12) and the perception of mobility was the variable with the biggest moderator effect over social cohesion (0,20; p<0,00). In both models, age was the variable with the biggest moderator effect on hypertension (0,29; p<0,00).

Conclusion:

In longitudinal analysis, the perception of safety regarding the neighbourhoods of residence in the associations between the measures of social capital and hypertension suggests that the safety domain concerning the neighborhoods of residence used in this study perhaps is not the most adequate to analyse the phenomenon. Therefore, further studies are necessary to verify if the event repeats itself.

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