Encontros com Sapopemba: coletivos em movimento produzindo vida e saúde
Meetings with Sapopemba: collectives in movement producing life and health
Publication year: 2022
Theses and dissertations in Portugués presented to the Universidade de São Paulo. Faculdade de Saúde Pública to obtain the academic title of Doutor. Leader: Akerman, Marco
A minha trajetória de vida como docente me inquietou e me inquieta por perceber inúmeras lacunas no processo de ensino na comunidade. E é tentando desvelar esses elementos que me propus durante o doutorado estudar os encontros possíveis dentro do território que possibilitam entender as práticas de produção de saúde para além do serviço de saúde e da visita domiciliar.
As perguntas centrais desta pesquisa são:
há encontros produtores de saúde nos territórios? Como encontrá-los? Quem produz esses encontros? Como esses encontros são produzidos? O que se produz nesses encontros? Quais os efeitos produzidos por esses encontros? A produção de saúde é considerada uma transversal da vida e codetermina a ação: produzir saúde é produzir vida e subjetividades, que instituem novas maneiras de vida e se dá de modo coletivo e cooperativo, entre sujeitos, e se faz numa rede de relações que exigem interação e diálogo permanentes. Por isso pretendemos, com essa tese, encontrar espaços coletivos de luta e resistência no território de Sapopemba, identificar as estratégias utilizadas pelos coletivos que mobilizam a comunidade, entender as relações que são produzidas e compartilhadas e os efeitos e afetos produzidos. E com isso apontar a capacidade da mobilização comunitária e do encontro para se aumentar a potência de vida das pessoas, produzindo lugares saudáveis em contextos de experiências coletivas e comunitárias. De acordo como o delineamento, caracteriza-se como documental e de campo. A técnica utilizada para o levantamento de dados foi o diário de campo e as narrativas dos sujeitos entrevistados. As narrativas foram transcritas literalmente e analisadas. O cenário foi o Distrito de Sapopemba e as organizações populares (coletivos e associações) que mobilizam a comunidade a partir de suas pautas reivindicatórias. Os sujeitos da pesquisa foram as lideranças comunitárias e outros sujeitos sociais que participam ou participaram das atividades dos coletivos. Para me aproximar dos coletivos, fiz contato por e-mail, ligação telefônica, whatsapp, direct, messenger, lives e presencialmente. Utilizamos a técnica de entrevistas narrativas semiestruturadas, técnica que se apoia na memória dos indivíduos e leva em consideração a intensidade e as características de suas vivências em função do contexto sociocultural, dos indícios. Identificamos a produção de saúde em vários espaços no território, nos coletivos e associações. As pessoas que conseguem acessar esses espaços vivem uma experiência de existir coletivamente, de pensar sobre outras formas de existência mais cooperativa e menos egocêntricos. Partindo da ideia que pode se ampliar a potência de vida a partir dos encontros conseguimos identificar no território várias espaço onde as pessoas se encontram, estabelecem momentos de falas e de escuta e se organizam para resolução de problemas de forma coletiva. Esses encontros fazem com que as pessoas aumentem a sua potência de agir e de viver, porque a partir das falas se percebe que afetos de alegria são produzidos.
My life trajectory as a teacher worried me and I am worried about perceiving countless gaps in the teaching process in the community. And it is trying to reveal these elements that I proposed during my doctorate to study the possible encounters within the territory that make it possible to understand health production practices beyond the health service and home visits.