Saúde e educação se mostram como campos bem definidos, mas sua construção intersetorial e suas interfaces ainda é um processo em construção para os saberes e práticas da saúde coletiva. O fio condutor desta pesquisa é a busca pelo conhecimento sobre como a intersetorialidade se manifesta no cotidiano de profissionais e usuários das redes da saúde e da educação, o que os mobiliza e como desenvolvem as ações. O foco será a ação de profissionais que atuam conjuntamente, sem homogeneizar e nem invisibilizar seu campo de práticas específico, uma vez que a prática intersetorial é justamente a possibilidade de que 1+1 seja igual a 3. A discussão do tema será feita a luz dos conceitos de intersetorialidade como a base para construção de políticas públicas e como dispositivo para alteridade e negociação entre os profissionais. A articulação entre os vários planos de análise será amparada pela teoria de análise de políticas educacionais proposta por Ball e Bowe no encontro com a construção política da intersetorialidade. O objetivo geral é identificar as expressões intersetoriais entre saúde e educação na promoção da saúde a partir do mapeamento da produção acadêmica; identificando potências e desafios.

Foi realizada revisão de escopo norteada pela proposta metodológica da JBI com a pergunta de pesquisa:

Quais são as expressões da intersetorialidade entre saúde e educação e o que produzem? Foram encontrados e analisados 40 artigos que apresentaram as expressões da intersetorialidade entre a saúde e educação e foram analisados em duas dimensões: estudos sobre políticas públicas e programas desenhados para fomentar a intersetorialidade entre a saúde e a educação e estudos sobre práticas pontuais disparadas pelos atores locais a partir da percepção da complexidade do problema enfrentado. Considerando que a intersetorialidade pode apresentar-se como a Babel das Políticas Públicas e fomentar esforços entre os setores voltados para resolução de problemas de saúde pública ou se mostrar como dispositivo para a alteridade e negociação entre os atores dos campos da saúde e da educação interessados em enfrentar problemas complexos do cotidiano. Na análise do ciclo de políticas, a Babel seria a política prescrita e o dispositivo, a política interpretada na execução; e o ciclo se transforma a partir dessas interações. A revisão de escopo demonstrou que as expressões da intersetorialidade entre a saúde e a educação podem ser percebidas em ações compartilhadas entre seus atores, com práticas assistenciais e educativas para atender à necessidade dos territórios. Essas práticas podem ser voltadas para educação em saúde da população e em processos de qualificação dos profissionais de saúde e da educação, tendo importante papel as universidades no campo da saúde na proposição de ações intersetoriais.