Adição por comida: prevalência e fatores associados em um estudo de base populacional no Rio de Janeiro
Food addiction: prevalence and factors associated in a population-based study in Rio de Janeiro
Publication year: 2022
Theses and dissertations in Portugués presented to the Universidade do Estado do Rio de Janeiro to obtain the academic title of Doutor. Leader: Lopes, Claudia de Souza
Adição por comida caracteriza-se por uma perda de controle sobre o consumo de certos tipos de alimentos, na maioria das vezes hiperpalatáveis, e por tentativas fracassadas de ultrapassar o problema alimentar apesar das consequências adversas. A tese atual descreve a prevalência de adição por comida e fatores associados (socioeconómicos, demográficos, estilos de vida, estado nutricional, comorbilidades psiquiátricas e clínicas) em uma amostra representativa da cidade do Rio de Janeiro, Brasil. Este é um estudo transversal que utiliza dados do Compulsão alimentar no Rio -Binge Eating in Rio Survey, um inquérito domiciliar que incluiu 2.297 indivíduos dos 18 aos 60 anos. Os participantes forneceram informações sociodemográficas, antropométricas, sobre o estilo de vida, comorbidades clínicas e psiquiátricas. O instrumento utilizado para avaliar a adição por comida foi a escala modificada de adição por comida de Yale 2.0. A entrevista foi aplicada face-a-face. E os dados foram coletados entre setembro de 2019 e fevereiro de 2020. Prevalência e respectivos intervalos de confiança de 95% (95%CI) foram estimados considerando o peso da amostral e o desenho complexo do inquérito. Foram utilizados modelos de regressão logística para estimar a razão de chance entre as comorbidades psiquiátricas, clínicas e adição por comida. Os modelos foram ajustados para potenciais variáveis de confusão, sexo, idade e IMC. A prevalência de Adição por comida foi de 2,78% (95%CI 1,40 a 4,17) e, foi classificada como leve em 17% dos casos, moderada em 36% e como severa em 46%. A prevalência de adição por comida nas mulheres foi superior à dos homens, 4,08% vs 1,39 (p=0.001), com tendência decrescente com a idade (p=0,017). Quanto ao IMC, adição por comida foi mais prevalente entre aqueles com IMC mais elevado 6,76 % (IC95%CI 4,19 a 10,70) em comparação com aqueles com IMC normal 0,69% (IC95%CI 0,31 a 1,53). Entre aqueles que tinham adição por comida, a prevalência de sintomas psiquiátricos foi de: 75,41% com sintomas de depressão, 77,05% com sintomas de ansiedade, 19,7% de transtorno de compulsão alimentar, 32,79% de transtorno de déficit de atenção e hiperatividade, e 19,7% de consumo de álcool. Adição por comida foi associada a todas as comorbidades psiquiátricas, tanto nos modelos brutos como nos modelos ajustados. Entre as morbidades clínicas, os modelos brutos e ajustados mostraram uma associação entre adição por comida e uma maior chance de diabetes, AVC, asma, asma crônica, dores de cabeça, problemas musculares, e refluxo gastroesofágico. Quanto à força da associação, aumentou quando ajustado para problemas crônicos da coluna vertebral e IMC. Como observado em outros países, a adição por comida foi mais frequente nas mulheres e nos indivíduos mais jovens; associou-se à obesidade, também a IMC mais elevado, a comorbidades psiquiátricas e a várias comorbidades clínicas.
Food addiction (FA) is characterized by a loss of control, causing overeating of certain kinds of foods, most often hyperpalatable foods, and failed attempts to overcome the eating problem despite adverse consequences. The current thesis describes the prevalence of FA and associated factors (socioeconomic, demographic, lifestyle, nutritional status, psychiatric and clinical comorbidities) in a representative sample of the city of Rio de Janeiro, Brazil. This is a cross sectional study using data from the Binge Eating in Rio Survey, a household survey that included 2.297 individuals from 18 to 60 years. The participants will provide sociodemographic information, lifestyle, clinical comorbidities, and psychiatrics. The instrument used to evaluate the FA will be the Modified Yale Food Addiction Scale 2.0. The interview was applied face-to face. Data were collected from September 2019 to February 2020. Prevalence and respective 95% confidence intervals (95%CI) were estimated considering the sample weight. In analyses were performed logistic regression models to estimate odd ratios between psychiatric and clinical comorbidities. Models were an adjustment for potential confounder variables, gender, age, and Body Mass Index (BMI). The prevalence of FA according to YFAS 2.0 was 2.78% and, 17.42% was classified as mild, 36.49% as moderate, 46.09% as severe. The prevalence of FA in women was higher than men, 4.08% vs 1.39% (p=0.001), and with a decreasing trend with age (p=0.017). Regarding the BMI, FA was more prevalent among those with a higher BMI 6.76 % (95%CI 4.19 to 10.70) compared those in the normal BMI range 0.69% (9is 5%CI 0.31 to 1.53). Among those who had a FA, the prevalence of psychiatric symptoms was as follows: 75.41% with symptoms of Depression, 77.05% symptoms of Anxiety, 19.7% Binge Eating Disorder, 32.79% Attention Deficit Hyperactivity Disorder symptoms, and 19.7% alcohol use. Food addiction was associated with all psychiatric morbidities in both the crude and adjusted models. Among the clinical morbidities the unadjusted and crude models showed an association between food addiction and an increased chance of diabetes, stroke, asthma, chronic asthma, headaches, muscle problems, and gastroesophageal reflux. Regarding the increase of association, when adjusted for chronic spinal problems and BMI increases the OR values: FA was a prevalent condition in Brazil, more frequent in women and younger individuals, and associated also with higher BMI as observed in studies from high income countries. Furthermore, it shows that they constitute a group with specific characteristics and deserve special attention in this regard. FA was associated with psychiatric comorbidity and several clinical comorbidities in our sample.