Incidência, mortalidade e tendências do câncer de estômago no Brasil: um estudo de base populacional
Incidence, mortality and trends of stomach cancer in Brazil: a population-based study

Publication year: 2022
Theses and dissertations in Portugués presented to the Fundação Antônio Prudente to obtain the academic title of Doutor. Leader: Curado, Maria Paula

INTRODUÇÃO:

O câncer de estômago (CaE) ocupou o 5º lugar de todos os cânceres que ocorreram no mundo em 2020 e foi a 4ª principal causa de morte por câncer no Brasil, e a 4ª mais frequente entre os homens e o 6º nas mulheres. A incidência e mortalidade de CaE variam de acordo com o IDH (Índice de Desenvolvimento Humano). Essas variações são atribuídas a diferentes fatores de riscos associados ao estilo de vida, a prevalência de H. Pylori e detecção precoce do CaE.

OBJETIVO:

analisar o perfil epidemiológico de incidência, mortalidade e tendências do CaE no Brasil e verificar as suas associações com IDH.

MÉTODOS:

Os dados para a incidência foram extraídos dos Registros de Câncer de Base Populacional (RCBP), de 1988 à 2017, sob o código C-16 (neoplasias maligna do estômago) e os dados da mortalidade extraídos do Sistema de Informação de Mortalidade do Sistema Único de Saúde (DATASUS). Foram calculadas as taxas de incidência e mortalidade brutas e padronizadas. Para as análises de tendência foi utilizado a análise de regressão no programa Joinpoint Regression Program (SEER). Os dados do IDH foram extraídos do banco do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD). Para as análises de correlação de Pearson foi utilizada o programa Stata 15. Os efeitos de idade-período-coorte de nascimento foram estimados para a mortalidade pelo modelo de APC calculados pelo pacote Epi do software R.

RESULTADOS:

A incidência do CaE foi o dobro no sexo masculino. As maiores taxas incidência foram observadas na região Norte com tendência de estabilidade na maioria das capitais brasileiras. Foi observado correlação negativa do IDH e IDH-longevidade com as taxas padronizadas de incidência para homens e mulheres e IDH-educação para mulheres. A mortalidade foi maior para homens e as maiores taxas foram observadas no Amapá. A região Sul apresentou as maiores taxas de 2000-2009 e em 2010-2019 foi a região Norte para homens e mulheres. As regiões Sul, Sudeste e Centro-oeste apresentaram tendências de redução da mortalidade de CaE, enquanto as regiões Nordeste e Norte aumento nos últimos 20 anos. As taxas de mortalidade de CaE aumentam com a idade (> 60anos), com risco maior de óbito em homens e mulheres nascidos após a década de 1960 nas regiões Nordeste e Norte, o risco diminui nas regiões Sudeste, Sul e Centro-Oeste para ambos os sexos. Houve correlação positiva da taxa de CaE (2000-2010) com IDH (2000) para ambos os sexos e correlação negativa para a tendência.

CONCLUSÃO:

A incidência de CaE apresentou estabilidade para a maioria das capitais do Brasil e a mortalidade aumento para as regiões Norte e Nordeste. O risco de CaE é maior em pessoas acima de 60 anos e o IDH correlaciona-se inversamente com as taxas de incidência e tendências da mortalidade na primeira década e positivamente na taxa de mortalidade no mesmo período. A análise permite verificar que as melhorias no desenvolvimento socioeconômico ao longo do tempo podem contribuir para a redução na tendência da mortalidade do CaE.

INTRODUCTION:

Stomach cancer (SC) ranked 5th among all cancers that occurred in the world in 2020 and was the 4th leading cause of cancer death in Brazil, and the 4th most frequent among men and the 6th among women. The incidence and mortality of SC varies according to the HDI (Human Development Index). These variations are attributed to different risk factors associated with lifestyle, H. pylori prevalence, and early detection of SC.

OBJECTIVE:

to analyze the epidemiological profile of incidence, mortality and trends of SC in Brazil and to verify its associations with HDI.

METHODS:

Data for incidence were extracted from the Population Based Cancer Registry (PBCR), 1993 to 2017, under code C-16 (malignant neoplasms of the stomach) and mortality data from the Information System of Mortality of the Unified Health System (DATASUS). Crude and standardized incidence and mortality rates were calculated. For trend analysis, linear regression analysis was used in the Joinpoint Regression Program (SEER). HDI data were extracted from the United Nations Development Program (UNDP) database. For Pearson's correlation analysis, the Stata 11.2 program was used. The age-period-birth cohort effects from 2000-2019 were estimated by the APC model calculated by Epi of the R software.

RESULTS:

The incidence of SC in Brazil were twice as high in males. The highest incidence rates were observed in the North region, with a trend towards stability in most Brazilian capitals. A negative correlation of IDH and HDI-longevity with the standardized incidence rates for men and women and HDI-education for women was observed. Mortality was higher for men and the highest rates were observed in Amapá. The South region had the highest rates from 2000-2000 and in 2010-2019 it was the North region for men and women. The South, Southeast and Central-West regions showed a tendency to reduce SC, while the Northeast and North regions increased in the last 20 years. SC mortality rates increase with age (> 60 years), with a higher risk of death in men and women born after the 1960s in the Northeast and North regions and the risk decreases in the Southeast, South and Midwest regions for both the sexes. There was a positive correlation between the SC rate (2000-2010) and the HDI (2000) for both sexes and a negative correlation for the trend.

CONCLUSION:

The incidence of SC remained stable for most capitals in Brazil and mortality increased in the North and Northeast regions. The risk of SC is higher in people over 60 years of age and the HDI is inversely correlated with incidence rates and mortality trends in the first decade and positively with the mortality rate in the same period. The analysis makes it possible to verify that improvements in socioeconomic development over time can contribute to a reduction in the mortality trend of SC

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