Crenças em saúde de pessoas vivendo com o vírus da imunodeficiência humana em tempos da COVID-19
Health beliefs of people living with the human immunodeficiency virus in times of the COVID-19 pandemic

Publication year: 2021
Theses and dissertations in Portugués presented to the Universidade de São paulo to obtain the academic title of Mestre. Leader: Gir, Elucir

Introdução:

A aids é uma doença infecciosa de grande importância epidemiológica e que representa grave problema mundial de saúde pública. Ao longo do desenvolvimento da epidemia, com a evolução do tratamento e com o potencial de cronicidade que a doença atingiu, foram propostas estratégias diferenciadas, voltadas para a sexualidade, para a identidade de gênero, para a singularidade do sujeito e para as melhorias na qualidade de vida. Contudo, ainda se observam a presença de aspectos negativos e uma pluralidade de crenças que permeiam as experiências de vida dessas pessoas. A dimensão de susceptibilidade sugere evidências de maior proporção ao ser analisada pelo prisma contemporâneo em tempos da pandemia da COVID-19.

Objetivo:

Analisar as crenças em saúde de pessoas vivendo com o vírus da imunodeficiência humana em tempos da pandemia da COVID-19.

Método:

Trata-se de um estudo transversal, descritivo, utilizando fonte secundária de informações (prontuário) e entrevistas junto às pessoas vivendo com HIV (PVHIV), usuárias de um Serviço Especializado em IST/AIDS, de um município do interior de Minas Gerais. Os dados foram coletados utilizando a Estratégia Aninhada Concomitante, analisados estatisticamente com o auxílio do software IBM®SPSS, versão 21.0 e os dados qualitativos com base na análise de conteúdo indutivo, considerando-se o referencial de Crenças em Saúde de Rosenstock (1974). Todos os aspectos éticos foram comtemplados.

Resultado:

Participaram do estudo 46 pessoas, sendo a maioria do sexo masculino 31 (67,4%) e idade de 18 a 65 anos. Os dados qualitativos foram obtidos por meio de entrevista com duração média de 23,54 minutos. Os resultados e as discussões são dispostos nas categorias pré-definidas com base nas dimensões do Modelo de Crenças Saúde e, além destas, o Apoio e a Assistência às PVHIV. No que se refere à susceptibilidade percebida, a maioria dos participantes a relacionou à fragilidade do sistema imunológico inerente ao HIV. No que versa à COVID-19, foram apontadas dúvidas e desconhecimento sobre a temática, porém se reconhecem como "grupo de risco" e aplicam medidas de prevenção. Quanto à gravidade percebida, as pessoas sinalizaram o potencial da doença pelas próprias experiências ou pelo convívio próximo e pelo medo da morte. Dentre os benefícios percebidos, evidenciaram-se a terapia antirretroviral, a relevância de empregar hábitos saudáveis, a postura positiva frente à doença e o cuidado com outro, utilizando o preservativo nas relações sexuais. Na dimensão das barreiras percebidas, os aspectos psicossociais tiveram maior relevância, principalmente o preconceito, o sigilo do diagnóstico e a complexidade nos relacionamentos amorosos. Quanto ao apoio recebido, os contextos relacionados à família, seguido da religiosidade, obtiveram maior destaque nos achados, se mostrando os principais motivadores. No que tange à assistência os participantes relataram satisfação com os serviços prestados e com os profissionais de saúde revelando, ainda, as habilidades da equipe. A assistência foi analisada qualitativamente, utilizando-se os conceitos da Cascata de Cuidados Contínuos.

Conclusão:

A aplicação do Modelo de Crenças em Saúde permitiu identificar o conhecimento das PVHIV acerca do seu diagnóstico e analisar seus comportamentos. Possibilitou, ainda, refletir a dimensão dos aspectos psicossociais frente às vivências e à necessidade primordial do apoio das pessoas e do serviço especializado que os assistem.
AIDS is an infectious disease of great epidemiological importance and represents a serious worldwide public health problem. Throughout the development of the epidemic, with the evolution of treatment and the potential for chronicity which the disease has reached, different strategies have been proposed, focused on sexuality, gender identity, individual uniqueness and improvements in quality of life. However, there are still negative aspects and a plurality of beliefs through these people's life experiences. The dimension of susceptibility evidences a greater proportion when analyzed from a contemporary perspective in times of the COVID-19 pandemic.

Objective:

To analyze the health beliefs of people living with the human immunodeficiency virus in times of the COVID-19 pandemic.

Method:

This is a cross-sectional descriptive study, using a secondary source of information (medical records) and interviews with people living with HIV (PLHIV), users of a Specialized Service on STI / AIDS, in a Minas Gerais' inland city. Data were collected using a Concomitant Nested Strategy, statistical stimulus with the help of IBM®SPSS software version 21.0 and qualitative data based on the analysis of inductive content, considering the Rosenstock Health Beliefs (1974). All ethical aspects have been contemplated.

Result:

The study have been compound by 46 people, the majority being male 31 (67.4%) and aged from 18 to 65 years. Qualitative data were obtained through interviews with an average duration of 23.54 minutes. The results and discussions are classified in the pre-defined categories in the dimensions of the Health Belief Model and Support and Assistance to PLHIV. Regarding the perceived susceptibility, most participants related it to the fragility of the immune system inherent to HIV. In the case of COVID-19, doubts and ignorance about the theme were pointed out, but they recognize themselves as a "risk group" and apply preventive measures. As for the perceived severity, people signaled the potential of the disease through their own experiences or close contact and the fear of death. Among the perceived benefits, antiretroviral therapy showed the relevance of using healthy habits, a positive attitude towards the disease and caring for others, using condoms during sexual intercourse. In the dimension of perceived barriers, psychosocial aspects were more relevant, mainly prejudice, confidentiality of diagnosis and complexity in romantic relationships. Regarding the support received, the contexts related to the family, followed by religiosity, were more prominence in the findings, being the main motivators. About the assistance, the participants reported satisfaction with the services provided and with the health professionals, also revealing the team's skills. Assistance was analyzed qualitatively using the concepts of the Continuous Care Cascade.

Conclusion:

The application of the Health Belief Model allowed to identify the knowledge of PLHIV about their diagnosis and to analyze their behaviors. It also made it possible to reflect the dimension of the psychosocial aspects in the face of the experiences and the primary need for the support of people and the specialized service that assists them

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