Covid-19 e a diplomacia da saúde no BRICS: um estudo à luz da saúde global
Covid-19 and health diplomacy at BRICS: a study in the light of global health

Publication year: 2022
Theses and dissertations in Portugués presented to the Universidade de São Paulo. Faculdade de Saúde Pública to obtain the academic title of Doutor. Leader: Ribeiro, Helena

Introdução:

A Covid-19 representa o maior desafio do século XXI e o bloco econômico BRICS se destacou na produção de vacinas e assumiu o compromisso de sua distribuição equânime e a priorização do acesso pelos países periféricos, que são os mais vulneráveis. Durante os dois primeiros anos da pandemia (2020 e 2021), a China assumiu publicamente o desafio de tornar a vacina um bem público global, mas a diplomacia da vacina disputou espaço com os interesses econômicos das nações mais poderosas.

Objetivo:

Estudar a diplomacia do BRICS no mundo Covid-19, sua contribuição para a imunização global, em especial dos países do sul global, e seu posicionamento a respeito da implementação dos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável.

Metodologia:

pesquisa de dados, documental e bibliográfica em livros, artigos científicos, jornalísticos e relatórios institucionais; pesquisa em websites que tratam sobre os temas de interesse do estudo.

Resultados:

No Brasil, a Fundação Oswaldo Cruz - Fiocruz conquistou autonomia para produzir a vacina AstraZeneca e o Instituto Butantã contribuiu eficazmente para a produção da CoronaVac, atuações que garantiram à população receber duas doses da vacina, mais duas doses de reforço. A Rússia criou a Sputnik V, mas não obteve sua aprovação pela Agência Europeia de Medicamentos, o que comprometeu a credibilidade do país para produzir e exportar vacinas Covid-19. O sistema de saúde da Índia, Ayushman Bharat, em processo de implementação, foi fortemente demandado no período crítico da pandemia, mas o país permanece ampliando investimentos em vacinas e medicamentos. A China foi quem mais produziu vacinas Covid-19, vendeu e doou milhões de doses, mas a diplomacia da vacina não exerceu a solidariedade tantas vezes declarada e o país mantém seus interesses econômicos preservados enquanto o desafio da equidade na imunização permanece no sul global. O governo da África do Sul enfrenta o descrédito da população no poder imunizante da vacina e lida com a necessidade de ampliar o sistema público de saúde. O BRICS demonstra interesse na implementação dos ODS para prevenir contra novos patógenos de potencial pandêmico, mas as realizações são tímidas quando analisadas a partir das declarações nas reuniões de cúpula.

Conclusão:

A Covid-19 se mostrou um problema de saúde global de enorme complexidade e o desafio da solidariedade assumido pelo BRICS, que deveria acontecer pela distribuição de vacinas, pelo compartilhamento de tecnologias e pelo empoderamento econômico dos países periféricos, não se concretizou, o que fez aumentarem a insegurança internacional e as desigualdades entre pobres e ricos. A implementação dos ODS é o melhor caminho para lidar com os desafios do mundo Covid-19, pois a Agenda 2030 contempla os grandes problemas globais, fortemente explicitados pela pandemia, mas os países do norte global priorizam a reconstrução econômica em detrimento da solidariedade com os países do sul global. A visão de desenvolvimento, em geral, permanece desassociada da proteção e preservação ambiental, o que poderá resultar em agravamento da sindemia em curso.

Introduction:

Covid-19 represents the greatest challenge of the 21st century and the BRICS economic bloc stood out in the production of vaccines and has committed to its equitable distribution and prioritization of access by peripheral countries, which are the most vulnerable. During the first two years of the pandemic (2020 and 2021), China publicly took on the challenge of making the vaccine a global public good, but vaccine diplomacy disputed space with the economic interests of the most powerful nations.

Objective:

To study BRICS diplomacy in the Covid-19 world, its contribution to global immunization, especially in the countries of the global south, and its position on the implementation of the Sustainable Development Goals.

Methodology:

Data and documents reasearch; literature search in books, scientific and press articles, institutional reports and sites dealing with the topics of interest to the study.

Results:

In Brazil, the Oswaldo Cruz Foundation - Fiocruz gained autonomy to produce the AstraZeneca vaccine and the Butantã Institute contributed effectively to the production of CoronaVac, actions that ensured the population received two doses of the vaccine, plus two booster doses. Russia created Sputnik V but did not obtain its approval by the European Medicines Agency, which compromised the country's credibility to produce and export Covid-19 vaccines. India's health system, Ayushman Bharat, in the process of being implemented, was heavily demanded during the critical period of the pandemic, but the country continues to expand investments in vaccines and medicines. China has produced covid-19 vaccines the most, sold and donated millions of doses, but vaccine diplomacy has not exercised solidarity so often declared and the country keeps its economic interests preserved while the challenge of equity in immunization remains in the global south. The Government of South Africa faces the discredit of the population in the immunizing power of the vaccine and deals with the need to expand the public health system. BRICS shows interest in implementing the SDGs to prevent new pathogens of pandemic potential, but achievements are timid when analyzed from the statements at the summit meetings.

Conclusion:

Covid-19 proved to be a global health problem of enormous complexity and the challenge of solidarity assumed by BRICS, which should happen through the distribution of vaccines, the sharing of technologies and the economic empowerment of peripheral countries, did not materialize, which increased international insecurity and inequalities between the poor and rich. The implementation of the SDGs is the best way to address the challenges of the Covid-19 world, as the 2030 Agenda addresses the major global problems, strongly explained by the pandemic, but the countries of the global north prioritize economic reconstruction over solidarity with the countries of the global south. The vision of development, in general, remains disassociated from environmental protection and preservation, which may result in worsening of the ongoing sindemia.

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