Publication year: 2019
Theses and dissertations in Portugués presented to the Universidade de São Paulo Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto to obtain the academic title of Doutor. Leader: Gozzo, Thais de Oliveira
INTRODUÇÃO:
O entendimento de que fronteira é uma forma diferenciada de organização territorial daquele conceito tradicional, centrado nos limites políticos-administrativos. Esse recorte analítico e espacial de diversas realidades sociais explicam sua dinâmica e deve permear a visão de fronteira como um complemento e não como barreira. Isso se justifica, pois a relação saúde em regiões de fronteira sofre grande influência dessa mobilidade populacional que, ao utilizar o sistema regional, incrementa o risco de emergência e reemergência de doenças e das condições de vida de grupos mais vulneráveis. Nesse contexto, insere-se uma população flutuante na fronteira do Brasil com o Paraguai, as chamadas brasiguaias, que estão a mercê da falta de políticas para saúde nas fronteiras, e sujeitam-se às dificuldades do sistema para os atendimentos de suas necessidades gestacionais e obstétricas. OBJETIVO:
Analisar a atenção à saúde das gestantes brasiguaias sob a ótica do acesso e da cobertura de saúde materna na fronteira Brasil/Paraguai. MÉTODO:
Trata-se de estudo quantitativo, metodológico e descritivo, que ocorreu em Foz do Iguaçu, com análise do banco de dados dos SINASC do ano de 2018 e com entrevistas semiestruturadas com as puérperas brasiguaias que procuraram pelo atendimento obstétrico no hospital de referência na fronteira no mesmo ano. RESULTADOS:
A pesquisa apontou uma população de 183 gestantes brasiguaias cadastradas no Sistema de Informações sobre Nascidos Vivos (SINASC) de Foz do Iguaçu, no ano de 2018, e que representa 3,5% do total dos partos realizados pelo hospital em Foz do Iguaçu. São mulheres com média de idade de 28,5 anos, de etnia branca em 70% das declarações, sendo que 68% relataram estar solteiras, separadas ou viúvas e 60% tinham menos de 12 anos de escolaridade. Na comparação com as demais gestantes, são mais velhas e com mais estudo do que as brasileiras. Em sua grande maioria, são oriundas de Ciudad del Este, no Paraguai, que fica a 32km de Foz do Iguaçu, utilizando o meio próprio para chegar ao hospital, e aquelas que residem mais distante da fronteira optam por se estabelecer na casa de parentes em Foz do Iguaçu antes do parto. Quanto aos dados de pré-natal, são gestantes que tem menos acesso e cobertura, com média de 6,7 consultas e início tardio, e realizam mais cesáreas que as brasileiras, uma vez que chegam ao serviço hospitalar só para o parto e sem o devido acompanhamento gestacional. CONCLUSÃO:
Os dilemas sociais de uma população flutuante e não contabilizada em nenhum censo, na busca por serviços públicos de saúde, no lado da fronteira em que eles são oferecidos especialmente de forma gratuita, carece de estudos científicos, diagnósticos precisos, intervenções exitosas e principalmente de acordos bilaterais que apresentem soluções práticas, legais e financeiras para o desfecho mais adequado no pré-natal e parto das gestantes brasiguaias
INTRODUCTION:
Understanding that frontier is a differentiated form of territorial organization from that traditional concept, centered on political and administrative boundaries. This analytical and spatial cut of various social realities, explain its dynamics and should permeate the frontier view as a complement and not as a barrier. This is justified because the health relationship in border regions is greatly influenced by this population mobility, which, by using the regional system, increases the risk of emergence and reemergence of diseases and living conditions of the most vulnerable groups. In this context, there is a floating population on the border between Brazil and Paraguay, the so-called brasiguaias, which are at the mercy of the lack of border health policies, and subject themselves to the difficulties of the system to meet their gestational and obstetric needs. OBJECTIVE:
To analyze the health care of Brazilian pregnant women from the perspective of access and coverage of maternal health in the Brazil / Paraguay border. METHOD:
This is a quantitative, methodological and descriptive study that took place in Foz do Iguaçu, with analysis of the Live Births Information System database. (SINASC) in 2018 and with semi-structured interviews with the Brazilian puerperal women who sought obstetric care at the referral hospital on the border in the same year. RESULTS:
The survey showed a population of 183 Brazilian pregnant women registered at SINASC of Foz do Iguaçu in 2018 and representing 3.5% of the total deliveries performed by the hospital in Foz do Iguaçu. They are women with an average age of 28.5 years, white in 70% of the statements, 68% reported being single, divorced or widowed and 60% had less than 12 years of schooling. Compared to the other pregnant women, they are older and with more advanced studies than the Brazilian. Most of them come from Ciudad del Este, Paraguay, which is 32km from Foz do Iguaçu, using the proper means to reach the hospital, and those who live farther from the border, choose to settle in the house of relatives in Foz do Iguaçu before childbirth. As for prenatal data, pregnant women have less access and coverage, with an average of 6.7 consultations and late onset, and perform more cesarean sections than Brazilian women, since they arrive at the hospital only for delivery and without due gestational monitoring. CONCLUSION:
The social dilemmas of a fluctuating population not accounted for in any census seeking public health services on the border side where they are offered especially free of charge, lack scientific studies, accurate diagnoses, successful interventions and especially bilateral agreements that provide practical, legal and financial solutions for the most appropriate prenatal and childbirth outcome of Brazilian pregnant women