Qualidade do cuidado à saúde das pessoas com diabetes mellitus tipo 2 assistidas na Estratégia Saúde da Família do município do Rio de Janeiro
Publication year: 2019
Theses and dissertations in Portugués presented to the Universidade Federal do Rio de Janeiro, Escola de Enfermagem Anna Nery to obtain the academic title of Doutor. Leader: Paz, Elisabete Pimenta Araújo
Esta tese procurou analisar a qualidade do cuidado à saúde prestado às pessoas com diabetes mellitus tipo 2 pelas equipes da estratégia de saúde da família no município do Rio de Janeiro. Teve como objetivos descrever a ocorrência de internação por diabetes mellitus entre os anos de 2010 a 2015 segundo bairros de residência dos pacientes por meio de estudo ecológico e avaliar na perspectiva das pessoas com diabetes mellitus tipo 2 a qualidade do cuidado prestado pelos profissionais. Para investigar a relação entre internações por diabetes e condições de vida da população, calcularam-se indicadores demográficos, socioeconômicos e ambientais a partir do local de residência. A taxa média de internação por diabetes mellitus no período foi de 20,5 internações por 10 mil habitantes, sendo mais elevada entre pacientes do sexo masculino (23,0 por 10 mil) em comparação ao feminino (18,4 por 10 mil). A região Centro apresentou mais situações de vulnerabilidades sociais e ambientais e maior taxa de internação comparada às demais regiões. A análise de variância mostrou diferenças no que se refere às características sociodemográficas e ambientais que afetam as condições de vida e saúde em todas as regiões. Para alcance do segundo objetivo realizou-se inquérito com 451 pessoas com diagnóstico de Diabetes Mellitus 2, assistidas por equipes de Saúde da Família da área programática 2.1. Utilizou-se o Patient Assessment of Chronic Illness para investigar sobre o atendimento recebido e um formulário com variáveis socioeconômicas, condições clínicas, medidas antropométricas e exames laboratoriais para complementação de informações sobre a saúde dos participantes. Os resultados mostraram que 64% da amostra possuíam 60 anos ou mais, 52,1% se autodeclararam pardos, 62,6% possuíam ensino fundamental, 53,4% informaram ser casados/em união, 50,7% eram naturais do Rio de Janeiro. A ausência de informação de medidas antropométricas foi identificada em 50,8% dos prontuários e ausência de resultados de Urina I foi em 46,3%. A qualidade do cuidado prestado pelas equipes obteve a média de 2,5 (± 1,2 DP) e mediana de 2,3, resultado abaixo do ponto de corte 3,0, estabelecido para determinar cuidados à saúde consistentes e direcionados melhores práticas na gestão das condições crônicas. As dimensões do PACIC que apresentaram os piores resultados foram “Ativação do paciente” e “Coordenação do cuidado”, com 2,0 e 1,9, respectivamente. Concluiu-se que o manejo das pessoas com diabetes mellitus tipo 2 realizado pelos profissionais das equipes, não está centrado em suas necessidades. É importante que as práticas profissionais sejam revistas, com oportunidade de ouvir as pessoas, espaço para que expressem suas necessidades e que se construam planos de cuidado mais adequados às condições de vida, tirando-as da dependência por consultas que não impactam em seu quadro clínico. É importante destacar que para o êxito de um bom plano terapêutico, a disponibilidade em ouvir, em receber, em orientar e pactuar com a pessoa os detalhes de suas ações de cuidado pode favorecer a autonomia, o vínculo e a melhora da capacidade de gerenciar cuidados individuais e coletivos com efetivos ganhos em saúde, controle glicêmico e diminuição das complicações.
This thesis aims to analyze the quality of health care provided to people with type 2 diabetes mellitus by the teams of the family health strategy in the city of Rio de Janeiro. It objectives to describe the incidence of hospitalization for diabetes mellitus between the years 2010 to 2015 according to neighborhoods of residence of patients through ecological study and to evaluate the quality of care provided by professionals from the perspective of people with type 2 diabetes mellitus. To investigate the relationship between hospitalizations for diabetes and the population’s living conditions, demographic, socioeconomic and environmental indicators were calculated from the place of residence. The average rate of hospitalization for diabetes mellitus in the period was 20.5 hospitalizations per 10,000 inhabitants, being higher among male patients (23.0 per 10,000) compared to female patients (18.4 per 10,000). The Center region presented more situations of social and environmental vulnerabilities and a higher rate of hospitalization compared to the other regions. The analysis of variance showed differences with regard to sociodemographic and environmental characteristics that affect living and health conditions in all regions. To reach the second objective, a survey was carried out with 451 people diagnosed with diabetes mellitus 2, assisted by Family Health teams from Catchment Area 2.1. The Patient Assessment of Chronic Illness Care (PACIC) was used to investigate the care received and a form with socioeconomic variables, clinical conditions, anthropometric measurements and laboratory tests to complement information on the health of the participants. The results showed that 64% of the sample were 60 years old or older, 52.1% declared themselves to be brown, 62.6% had elementary school, 53.4% reported being married / in union, 50.7% were born in Rio de Janeiro. The absence of anthropometric information was identified in 50.8% of the medical records and the absence of Urine I results was in 46.3%. The quality of the care provided by the teams obtained an average of 2.5 (± 1.2 SD) and a median of 2.3, a result below the cutoff point 3.0, established to determine consistent health care directed at best practices in the management of chronic conditions. The dimensions of PACIC that presented the worst results were "Active Participation of the in Treatment" and "Care Coordination’’, with 2.0 and 1.9, respectively. It was concluded that the management of people with type 2 diabetes mellitus performed by the professionals of the teams is not centered around their needs. It is crucial that professional practices are reviewed, with the opportunity to listen to the patient, give them a space to express their needs and to build health care plans that are more appropriate with their life conditions, taking them out of dependence for consultations that do not impact their clinical condition. It is important to emphasize that, in order to obtain a good therapeutic plan, it is important to listen, welcome, guide and decide in accordance with the patient the details of their care that can improvise autonomy, bonding and the management capacity of individuals and groups with effective gains in health, glycemic control and reduction of complications.
Esta tesis busca analizar la calidad de la atención médica brindada a las personas con diabetes mellitus tipo 2 por los equipos de la estrategia de salud familiar en la ciudad de Río de Janeiro. Sus objetivos son describir la ocurrencia de hospitalización por diabetes mellitus entre los años 2010 a 2015 según los barrios de residencia de los pacientes a través de un estudio ecológico y evaluar la calidad de la atención brindada por profesionales desde la perspectiva de las personas con diabetes mellitus tipo 2. Para investigar la relación entre las hospitalizaciones por diabetes y las condiciones de vida de la población, se calcularon indicadores demográficos, socioeconómicos y ambientales a partir del lugar de residencia. La tasa promedio de hospitalización por diabetes mellitus en el período fue de 20.5 hospitalizaciones por 10,000 habitantes, siendo mayor entre los pacientes masculinos (23.0 por 10,000) en comparación con las pacientes femeninas (18.4 por 10,000). La región Centro presentó más situaciones de vulnerabilidad social y ambiental y una tasa más alta de hospitalización en comparación con las otras regiones. El análisis de varianza mostró diferencias con respecto a las características sociodemográficas y ambientales que afectan las condiciones de vida y salud en todas las regiones. Para alcanzar el segundo objetivo, se realizó una encuesta con 451 personas diagnosticadas con diabetes mellitus 2, con la asistencia de equipos de Salud Familiar del Áreas de Influencia 2.1. La evaluación del Paciente de Atención a Enfermedades Crónicas (PACIC) se utilizó para investigar la atención recibida y un formulario con variables socioeconómicas, condiciones clínicas, mediciones antropométricas y pruebas de laboratorio, para complementar la información sobre la salud de los participantes. Los resultados mostraron que el 64% de la muestra tenía 60 años o más, el 52,1% se declaró marrón, el 62,6% tenía educación primaria, el 53,4% informó estar casado / en unión, el 50,7% nació en Río de Janeiro. La ausencia de información sobre mediciones antropométricas se identificó en el 50,8% de los registros médicos y la ausencia de resultados de la Orina I en el 46,3%. La calidad de la atención brindada por los equipos obtuvo un promedio de 2.5 (± 1.2 SD) y una mediana de 2.3, un resultado por debajo del punto de corte 3.0, establecido para determinar una atención médica consistente y dirigida a las mejores prácticas en el manejo de condiciones crónicas. Las dimensiones de PACIC que presentaron los peores resultados fueron " Participación activa del paciente en el tratamiento " y "Coordinación de la atención", con 2.0 y 1.9, respectivamente. Se concluyó que el manejo de personas con diabetes mellitus tipo 2 realizado por los profesionales de los equipos no se centra en sus necesidades. Es crucial que se revisen las prácticas profesionales, con la oportunidad de escuchar a las personas, tener un espacio para que expresen sus necesidades y a que se construyan planes de atención que sean más apropiados para las condiciones de vida, sacándolos de la dependencia de consultas que no afecten su cuadro clínico. Es importante resaltar que el éxito de un buen plan terapéutico, la disponibilidad para escuchar, recibir, guiar y acordar con la persona los detalles de sus acciones de atención puede favorecer la autonomía, el vínculo y la mejora de la capacidad de administrar la atención individual y colectiva con ganancias efectivas de salud, control glucémico y reducción de complicaciones.