Publication year: 2019
Theses and dissertations in Portugués presented to the Universidade Federal de Minas Gerais to obtain the academic title of Doutor. Leader: Barreto, Sandhi Maria
Introdução:
Vários critérios de classificação de osteoartrite (OA) de joelhos estão disponíveis na literatura, geralmente divididos em clínicos, clínico-radiográficos e radiográficos. A existência de diferentes critérios de classificação de OA de joelhos dificulta uniformizar e comparar resultados em estudos epidemiológicos, assim como a investigação de fatores de risco e manifestações clínicas associados à OA de joelhos. O conhecimento sobre a capacidade desses diferentes critérios em discriminar indivíduos com e sem OA, assim como conhecer a força de associação de fatores de risco, da presença de dor e de limitação funcional com os diferentes critérios, é essencial para se compreender as vantagens e limitações do uso de cada um deles. Objetivo:
avaliar a validade de diferentes critérios de classificação de OA de joelhos em uma amostra de servidores públicos acompanhados pelo Estudo Longitudinal de Saúde do Adulto, ELSA-Brasil Musculoesquelético (ELSA-Brasil ME). Método:
trata-se de um estudo transversal de validação de diferentes critérios de classificação de OA de joelho, a saber: OA sintomática, OA radiográfica, OA pelo American College of Rheumatology (ACR clínico e clínico-radiográfico) e OA pela definição do National Institute for Health and Care Excellence (NICE). Os participantes do estudo foram provenientes da coorte ELSA-Brasil ME, um estudo ancilar ao Estudo Longitudinal de Saúde do Adulto (ELSA-Brasil). O ELSA-Brasil ME acompanha 2901 servidores públicos, ativos e aposentados, em um dos seis centros de investigação do ELSA-Brasil, localizado no estado de Minas Gerais, Brasil. O presente estudo foi realizado em uma subamostra de conveniência com 250 participantes do ELSA-Brasil ME, de ambos os sexos, com idade entre 39 e 78 anos. A avaliação foi feita por uma reumatologista (RCCM) no período de fevereiro de 2014 a junho de 2015. Apenas um joelho por indivíduo foi incluído, aquele com OA pela reumatologista. Quando ambos ou nenhum dos joelhos apresentava OA, foi feita a seleção por sorteio aleatório simples. Avaliou-se o desempenho dos critérios de classificação de OA descritos anteriormente, tendo como padrão-referência a avaliação clínico-radiográfica da reumatologista. Foram apresentados dados de prevalência, sensibilidade, especificidade, valores preditivos positivo e negativo e acurácia (IC 95%;α=5%). Posteriormente, a validade de construto convergente desses critérios foi avaliada a partir da associação entre a presença de OA de joelho identificada pelos critérios e as seguintes variáveis explicativas: índice de massa corporal (IMC), dor atual e limitação funcional (subjetiva e objetiva). A presença da dor atual em joelhos e a limitação funcional subjetiva foram avaliadas pelo Western Ontario and McMaster Universities Osteoarthritis Index (WOMAC) e a limitação funcional objetiva pelo teste sentar e levantar repetido. Associações foram testadas por modelos de regressão logística binária e multinomial (IC 95%;α=5%). Resultados:
a idade média foi de 56,1 anos (DP=8,7), 51,2% eram homens. A maior prevalência de OA ocorreu na avaliação da reumatologista (39,2%), seguido de OA pelo NICE (36,8%) e pelo critério OA radiográfica (22,0%). OA radiográfica demonstrou sensibilidade e especificidade de 51,0% e 96,7%, respectivamente. A definição pelo NICE apresentou sensibilidade de 57,0% e especificidade de 76,3%. Os demais critérios mostraram boa especificidade, mas sensibilidade menor que 30,0%. Na avaliação de validade de construto convergente, IMC, dor atual e limitação funcional subjetiva se associaram à OA de joelho identificada por todos os critérios, sendo a magnitude da associação particularmente forte entre dor atual e OA segundo o critério ACR clínico (OR 21,7; IC95% 7,12-66,12) e entre limitação funcional subjetiva e OA segundo o NICE (OR 32,5; IC95% 13,4-79,0). Limitação funcional objetiva apresentou associação com os critérios OA sintomática e ACR clínico e clínico-radiográfico. Conclusões:
o presente estudo demonstrou que dentre os critérios avaliados a OA radiográfica demonstrou melhor desempenho quanto à sensibilidade e especificidade, seguido pela definição de OA pelo NICE. Os critérios OA sintomática e OA pelo ACR clínico e clínico-radiográfico não se mostraram adequados para estudos que objetivam avaliar prevalência, devido à baixa sensibilidade dos mesmos. Entretanto, podem ser uma alternativa em estudos longitudinais nos quais é favorável o uso de critérios com boa especificidade. Quanto à validade de construto convergente, de forma geral, os resultados encontrados oferecem suporte para todos os critérios investigados, já que houve associação de IMC, dor atual e limitação funcional subjetiva com todos os critérios e a limitação funcional objetiva apenas não se associou à OA radiográfica e ao NICE. É importante ressaltar que a escolha de qual critério utilizar em um estudo requer levar em conta qual combinação melhor atende aos objetivos preconizados pelo estudo.
Introduction:
the classification criteria for knee osteoarthritis (OA) available in the literature are usually divided into three main groups; clinical, clinical-radiographic and radiographic. The existence of different knee OA classification criteria makes it difficult to standardize and compare results in epidemiological studies, and also to investigate risk factors and clinical manifestations associated with knee OA. It is essential to understand the extent to which these different criteria are able to discriminate between subjects with and without OA. It is also important to know the strength of association of the following items with the different criteria:
risk factors, the presence of pain and the functionality Objective: To evaluate the validity of different knee osteoarthritis (OA) classification criteria: radiographic OA, symptomatic OA, clinical and clinical-radiographic criteria of the American College of Rheumatology (ACR) and the OA definition proposed by the National Institute for Health and Care Excellence (NICE). Method:
A cross-sectional study of the validity of different knee OA classification criteria, radiographic OA, symptomatic OA, clinical and clinical-radiographic criteria of the American College of Rheumatology (ACR) and the OA definition proposed by the National Institute for Health and Care Excellence (NICE). The subjects were from the ELSA-Brasil Musculoskeletal cohort (ELSA-Brasil MSK), an ancillary investigation on musculoskeletal disorders of the Brazilian Longitudinal Study of Adult Health (ELSA-Brasil). The ELSA- Brasil MSK follows 2901 active and retired civil servants at one of the six ELSA-Brasil investigations centers, located in the State of Minas Gerais, Brazil. The present study was carried out using a convenience subsample with 250 male and female subjects aged between 39 and 78 selected from ELSA-Brasil MSK. The assessment was made by a rheumatologist (RCCM) between February 2014 and June 2015. Only one knee per subject was included i.e., the one that had OA according to the rheumatologist and, when both or none of the knees were affected, one knee was randomly selected for analysis. The performance of the classification criteria of knee OA described before was evaluated, using as reference-standard the clinicalradiographic evaluation of the rheumatologist. OA prevalence, sensitivity, specificity, positive and negative predictive values and accuracy were presented (CI 95%; α = 5%). After that the construct validity of the criteria was evaluated by the relationship between the presence of knee OA identified by the criteria and the following explanatory variables:
body mass index (BMI), pain and the functional limitation. The presence of current pain in knees and the subjective functional limitation were evaluated using Western Ontario and McMaster Universities Osteoarthritis Index (WOMAC) and the objective functional limitation was evaluated by the five-times sitto-stand test (FTSTS). Associations were tested by bivariate and multinomial logistic regression models (CI 95% ;α=5%). Mean age was 56.1 years (SD=8.7); 51.2% were male. The highest knee OA prevalence was observed in OA according to the rheumatologist, followed by the NICE definition (36,8%) and radiographic OA (22.0%).The sensitivity and the specificity of radiographic OA were 51% and 96.7%, respectively, while the NICE definition showed 57.0% and 76.3%, respectively. The other OA criteria showed good levels of specificity, but the levels of sensitivity were below 30%. In the convergent construct validity evaluation, BMI, current pain and subjective functional limitation were associated with knee OA identified by all criteria. The magnitude of the estimates were particularly strong between current pain and OA according to the ACR clinical criteria (OR 21.7; 95%CI 7.12-66.12) and between subjective functional limitation and OA according to NICE (OR 32.5; 95%CI 13.4- 79.0). The objective functional limitation was associated with symptomatic OA and with clinical and clinical-radiographic ACR criteria. Conclusions:
the present study demonstrated that among the evaluated criteria, radiographic OA showed the best performance, followed by the NICE OA definition. The other criteria, namely symptomatic OA, clinical ACR and clinical-radiographic ACR were not adequate for studies that aim to evaluate prevalence, due to the low sensitivity of these criteria. However, they may be an alternative in longitudinal studies in which it is appropriate to use criteria with good specificity. Regarding the convergent construct validity, overall, our results offer support for all of the investigated criteria, since there was an association of BMI, pain and subjective functional limitation with all the criteria and the objective functional limitation was not radiographic OA and NICE. It is important to emphasize that the choice of criteria for a study requires deciding which the combination best meets the study objectives.