Análise da imunoexpressão de proteínas de reparo do DNA envolvidas nas vias BER e NER em lesões odontogênicas epiteliais benignas

Publication year: 2019
Theses and dissertations in Portugués presented to the Universidade Federal do Rio Grande do Norte to obtain the academic title of Doutor. Leader: Freitas, Roseana de Almeida

As lesões odontogênicas epiteliais benignas apresentam comportamento biológico heterogêneo e patogênese ainda não totalmente esclarecida. As vias de reparo do ácido desoxirribonucleico (DNA) atuam em tipos específicos de danos ao material genético, realizando o reparo e regulando diversos processos celulares. Dentre as principais vias de reparo do DNA, destacamse o reparo por excisão de bases (BER) e o reparo por excisão de nucleotídeos (NER). Investigações têm demonstrado que as proteínas envolvidas nessas vias se encontram desreguladas e, por vezes, altamente expressas em algumas neoplasias malignas, contribuindo para a progressão tumoral. Levando em consideração a heterogeneidade do comportamento biológico das lesões odontogênicas epiteliais benignas e a escassez de estudos que tenham avaliado a expressão de proteínas de reparo do DNA nestas lesões, este trabalho avaliou a imunoexpressão de proteínas da via BER (APE-1 e XRCC-1) e NER (XPF) em ameloblastomas (AMEs) sólidos (n = 30), ceratocistos odontogênicos não sindrômicos (CONS) (n = 30), ceratocistos odontogênicos sindrômicos (COS) (associados à Síndrome de Gorlin) (n = 29), cistos dentígeros (CDs) (n = 30) e folículos dentários (FDs) (n = 20). A análise da expressão imunoistoquímica de APE-1, XRCC-1 e XPF foi realizada de forma quantitativa por um avaliador previamente calibrado e sem acesso aos dados clínicos dos casos. Em cinco campos de maior imunorreatividade, foram quantificadas as células positivas e negativas para as proteínas no componente epitelial de todos os casos, sendo estabelecido o percentual de células positivas em relação ao número total de células contadas para cada anticorpo. As marcações nucleares e citoplasmáticas foram analisadas separadamente para APE-1 e XPF, enquanto apenas a imunoexpressão nuclear foi considerada para XRCC-1. As comparações das medianas dos percentuais de imunorreatividade em relação aos grupos estudados foram realizadas por meio dos testes não paramétricos de Kruskal-Wallis e Mann-Whitney. Possíveis correlações entre a expressão de APE-1, XRCC-1 e XPF foram avaliadas por meio do teste de correlação de Spearman. O nível de significância foi estabelecido em 5% (p < 0,05). Foi verificada uma maior imunoexpressão nuclear de APE-1 nos CONSs, COSs e AMEs sólidos, em comparação com os CDs (p < 0,001). Dentre todos os grupos avaliados, a expressão citoplasmática de APE1 só foi encontrada em 4 CONSs e 6 COSs. A expressão nuclear de XRCC-1 foi estatisticamente maior nos CONSs e COSs em relação aos CDs (p < 0,05). Em nível nuclear, a expressão de XPF foi significativamente maior nos CONSs e COSs em relação aos CDs e AMEs (p < 0,05) e, embora sem significância estatística, foi observada uma maior expressão nuclear dessa proteína nos AMEs quando comparado aos CDs. Em relação à expressão citoplasmática de XPF, foi observada uma maior expressão nos COSs em relação aos CDs (p = 0,04). Nenhuma diferença estatisticamente significativa foi encontrada entre as expressões nucleares de APE-1, XRCC-1 e XPF entre CONSs e COSs (p > 0,05). Além disso, todas as lesões odontogênicas estudadas revelaram uma maior expressão estatisticamente significativa de APE-1 (nuclear), XRCC-1 (nuclear) e XPF (nuclear e citoplasmática) quando comparados aos FDs (p < 0,05). Para todas as lesões, o teste de correlação de Spearman mostrou uma correlação positiva entre a expressão nuclear de APE-1 e XRCC-1 ou XPF, em nível nuclear (p < 0,05). Os resultados deste estudo sugerem um potencial envolvimento das proteínas APE-1, XRCC-1 e XPF na patogênese das lesões odontogênicas epiteliais benignas, com destaque para aquelas com comportamento biológico mais agressivo (AU).
The benign epithelial odontogenic lesions present a heterogeneous biological behavior and their pathogenesis are not fully understood. The deoxyribonucleic acid (DNA) repair pathways act on specific types of damage to the genetic material, performing the repair and regulating several cellular processes. Among the main DNA repair pathways, the most notable are the base excision repair (BER) and the nucleotide excision repair (NER). Investigations have shown that the proteins involved in these pathways are deregulated and sometimes highly expressed in some malignancies, contributing to tumor progression. Taking into account the heterogeneity of the biological behavior of benign epithelial odontogenic lesions and the scarcity of studies that have evaluated the expression of DNA repair proteins in these lesions, this study evaluated the immunoexpression of BER (APE-1 and XRCC-1) proteins and NER (XPF) in solid ameloblastomas (AMEs) (n = 30), non-syndromic odontogenic keratocysts (NSOKCs) (n = 30), syndromic odontogenic keratocysts (SKOCs) (associated with Gorlin's Syndrome) (n = 29), dentigerous cysts (DCs) (n = 30) and dental follicles (DFs) (n = 20). The immunohistochemical analysis of APE-1, XRCC-1 and XPF was performed quantitatively by a previously calibrated evaluator and without access to the clinical data of the cases. In five fields of higher immunoreactivity, positive and negative cells were quantified for the proteins in the epithelial component of all cases, and the percentage of positive cells was established in relation to the total number of cells counted for each antibody. Nuclear and cytoplasmic markers were analyzed separately for APE-1 and XPF, while only nuclear immunoexpression was considered for XRCC-1. The comparisons of the median percentages of immunoreactivity in relation to the studied groups were performed using the non-parametric Kruskal-Wallis and MannWhitney tests. Possible correlations between the expression of APE-1, XRCC-1 and XPF were assessed by Spearman's correlation test. The level of significance was set at 5% (p < 0.05). A higher nuclear immunoexpression of APE-1 in the NSOKCs, SOKCs and solid AMEs was verified in comparison with the DCs (p < 0.001). Among all the evaluated groups, the cytoplasmic expression of APE-1 was only found in 4 NSOKCs and 6 SOKCs. Nuclear expression of XRCC-1 was statistically higher in NSOKCs and SOKCs than in DCs (p < 0.05). At the nuclear level, XPF expression was significantly higher in NSOKCs and SOKCs than in DCs and AMEs (p < 0.05) and, although without statistical significance, a higher nuclear expression of this protein was observed in AMEs when compared to CDs. Regarding the cytoplasmic expression of XPF, a greater expression was observed in the SOKCs in relation to the DCs (p = 0.04). No statistically significant difference was found between the nuclear expressions of APE-1, XRCC-1 and XPF between NSOKCs and SOKCs (p > 0.05). In addition, all the odontogenic lesions studied revealed a statistically significant expression of APE-1 (nuclear), XRCC-1 (nuclear) and XPF (nuclear and cytoplasmic) when compared to DFs (p < 0.05). For all lesions, Spearman's correlation test showed a positive correlation between nuclear expression of APE-1 and XRCC-1 or XPF at the nuclear level (p < 0.05). The results of this study suggest a potential involvement of APE-1, XRCC-1 and XPF proteins in the pathogenesis of benign epithelial odontogenic lesions. The role played by these proteins may be more important in odontogenic lesions with more aggressive biological behavior (AU).

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