Práticas alimentares de crianças menores de 12 meses: um panorama da alimentação infantil no município de Jacareí-SP

Publication year: 2020
Theses and dissertations in Portugués presented to the Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo. Instituto de Saúde to obtain the academic title of Doutor. Leader: Garcia, Mariana Tarricone

Introdução:

O aleitamento materno (AM) e a introdução da alimentação complementar (AC) adequada são relevantes para a saúde da população a curto, médio e longo prazo. Apesar dos estudos nacionais existentes apontarem dados importantes para promoção do AM e AC, conhecer dados municipais é fundamental para avaliar a realidade local e apoiar o planejamento de políticas públicas. Diante da escassez de dados municipais e regionais recentes sobre o cenário verifica-se a necessidade de coleta de dados para caracterização das práticas alimentares de lactentes menores de 12 meses e do perfil de trabalho das Unidades Básicas Saúde (UBS) para promoção e apoio do AM e AC no município de Jacareí.

Objetivos:

Caracterizar as práticas alimentares de crianças entre 0 e 12 meses no município de Jacareí e caracterizar o perfil das UBS no tocante à promoção do AM e AC.

Metodologia:

Trata-se de um estudo transversal de caráter descritivo de base populacional. Foi realizado um inquérito domiciliar direcionado aos cuidadores de lactentes menores de 12 meses. Também se caracterizou o perfil de trabalho das UB por meio de entrevistas aos supervisores administrativos das UBS. A coleta de dados aconteceu entre os meses de agosto e dezembro de 2019. Para composição da amostra foram sorteadas aleatoriamente crianças com cadastro completo independente de fazer acompanhamento do desenvolvimento e crescimento no Sistema Único de Saúde (SUS), distribuídas em todas as UBS. Todos os supervisores de UBS participaram da entrevista para caracterização do perfil de trabalho das equipes. Os dados coletados foram digitados no Microsoft Excel, transportados para o Software Stata e analisados por meio dos indicadores propostos pelo Ministério da Saúde descrevendo as frequências absolutas (n) e relativas (%) e intervalos de confiança de 95%. Para a comparação das proporções foi utilizado o teste do qui-quadrado, considerando o nível de significância de p<0,05.

Resultados:

Participaram do estudo 540 lactentes, sendo 253 menores de seis meses e 287 entre seis e doze meses. A prevalência de aleitamento materno exclusivo (AME) em menores de seis meses foi de 34,3%, de aleitamento materno continuado (AMC) em lactentes entre seis e doze meses foi de 55,1% e de AM em menores de doze meses foi de 67,6%. A água foi introduzida desde os primeiros dias de vida e foi consumida por 52,6% dos lactentes menores de seis meses. Dentre os indicadores da AC, a maior prevalência de adequação foi o indicador da frequência somada à consistência, que foi de 68,6%; e 57,1% das crianças consumiram pelo menos um dos alimentos ultraprocessados investigados. Em maiores de seis meses a menor escolaridade materna associou-se ao maior consumo de bebidas ultraprocessadas adoçadas (p<0,001) e biscoitos (p<0,003) enquanto a maior escolaridade materna foi associada ao maior consumo de fórmula infantil (p<0,017), frutas (p<0,013) e hortaliças (p<0,001). O maior consumo de fórmula infantil (p<0,043) e de embutidos (p<0,005) foi associado ao trabalho materno fora do lar. Em relação ao perfil de trabalho das UBS para à promoção do AM e AC adequada verificou-se que a proporção de UBS que realizam ações em puericultura foi menor quando comparada àquelas que realizam ações em grupo durante o pré-natal, a visita domiciliar pós-parto em menos de sete dias acontece em apenas 27,8% das UBS e que foram realizadas capacitações no último ano sobre alimentação infantil em apenas 38,9% das UBS.

Considerações finais:

Conclui-se que as fragilidades no processo de trabalho das equipes de saúde identificados apontaram necessidade de investimentos em capacitação dos profissionais, ações intersetoriais e implementação de protocolos de cuidados voltados para pós-parto e puericultura. O perfil alimentar infantil apresentou baixa prevalência do AME em menores de seis meses, alto consumo de alimentos ultraprocessados.

Potencial de Aplicabilidade:

alto potencial de aplicabilidade.

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