Introdução:

A amamentação seria um processo natural, se pensarmos que todas as mulheres mães potencialmente podem produzir leite e oferecerem o alimento aos filhos até que eles consigam se alimentar de maneira independente. Os principais obstáculos para que os índices de aleitamento materno se tornem desejáveis, incluem diferenças regionais significativas como a dificuldade de sensibilização, tanto de gestores e profissionais de saúde quanto da população em geral, escassez de recursos humanos com qualificação para esse trabalho e abandono do aleitamento materno após o final ou mesmo durante a licença-maternidade. Tais obstáculos destacam a importância de investimento em novas estratégias que viabilizem a amamentação.

Objetivo:

Analisar a percepção dos enfermeiros de Atenção Básica e dos gestores da cidade de Jaguariúna quanto aos fatores que influem na implementação de ações pró-amamentação.

Método:

Trata-se de uma pesquisa qualitativa, ancorada no referencial teórico foucaultiano realizada com três gestores da Atenção Básica e com doze enfermeiros que atuam na assistência ao binômio mãe-bebê. Os dados foram coletados por meio de entrevistas individuais com os gestores e questionários com os enfermeiros da rede, sendo analisados utilizando-se as ferramentas da análise de conteúdo temática-categorial.

Resultados:

Os discursos dos entrevistados permitiram a descrição dos serviços de Atenção Básica, a identificação de fortalezas e de barreiras para implementação de ações pró-amamentação, a elaboração de proposta de intervenção que, consequentemente, oportuniza a pactuação de compromissos entre gestores e profissionais de saúde para promoção, proteção e apoio ao aleitamento materno no município. Os sujeitos deste estudo entendem como fortalezas a rede de apoio à mulher que amamenta, o acolhimento nos serviços de saúde, a realização de consulta de enfermagem no pré-natal e nos primeiros dez dias após o parto, a realização de atendimentos de pré-natal em todas as unidades básicas do município e as ações de educação em saúde. Como barreiras identificam a necessidade de capacitação e educação permanente, déficit de recursos humanos, ausência de grupos educativos, dificuldades de abordagens multiprofissionais, divergências entre as condutas dos profissionais da equipe, desconhecimento dos indicadores de aleitamento materno, ausência de protocolos e diretrizes municipais como norteadores da assistência.

Considerações finais:

Ao compreender a configuração das relações de poder e a biopolítica da amamentação é possível intervir na organização do processo de trabalho dos serviços de saúde, fortalecendo o trabalho em equipe, o respeito à autonomia dos indivíduos e a responsabilização de todos os profissionais para o sucesso de ações pró-amamentação.

Potencial de Aplicabilidade:

Durante a realização deste estudo elaborou-se uma proposta de intervenção que considera os pontos da RAS de Jaguariúna, identificando agentes em diversos serviços que podem contribuir para identificação precoce de problemas na amamentação e multiplicadores de informações que promovam a prática de amamentar.