O estudo traz como objeto a formação dos alunos de Medicina em práticas do cuidado humanizado durante a gestação na Estratégia Saúde da Família (ESF). Assinala a necessidade da humanização da assistência ganhar maior visibilidade nas ações dos profissionais de saúde e nas práticas de aprendizagem dos alunos, com o objetivo de analisar, juntamente com os participantes, como são abordadas, durante a formação, as ações relativas ao cuidado humanizado a gestantes, buscando maior aproximação entre a teoria e a prática. É uma pesquisa intervenção com abordagem qualitativa, com referencial teórico metodológico da Análise Institucional (AI) na modalidade Socioclínica Institucional (SI) das práticas profissionais. Os dados foram produzidos mediante encontros com os participantes e um diário da pesquisadora, em 2018, após aprovação pelo Comitê de Ética (parecer 2.849.667). As atividades registradas no diário permitiram a análise das implicações da pesquisadora com as práticas de humanização e com as instituições que as atravessam.

Os alunos acompanharam a pesquisadora em 04 atividades realizadas com as gestantes:

consulta médica, visita domiciliar, participação em um grupo educativo e uma visita à maternidade. No final das atividades foram realizados os encontros socioclínicos institucionais para uma reflexão coletiva, e elaboração de uma proposta de ensino em Medicina. A leitura do material transcrito evidenciou as características da SI nas falas e no diário de campo, selecionando dois eixos de análise e um analisador. O primeiro eixo colocou em discussão as implicações da pesquisadora com a formação e a humanização do cuidado. O segundo eixo abriu debates sobre como os estudantes entendiam o conceito de humanização e a percepção deles sobre a abordagem na grade curricular. Os resultados revelaram as contradições entre o que o currículo oferece a respeito das práticas de ensino da humanização e a pouca compreensão dos alunos sobre sua relevância no atual estágio de formação, e a necessidade de experimentar cenários mais realistas. Destacam ainda que a falta de integração das disciplinas e de relações humanizadas entre docentes e alunos não favorecem uma melhor compreensão do cuidado. Considera nesses resultados, que o referencial teórico metodológico escolhido permitiu o desenvolvimento de uma nova proposta metodológica de ensino médico que possibilitou produzir conhecimentos, analisando as transformações produzidas no decorrer das experimentações, seus contextos e interferências, com a participação direta dos envolvidos.