Gestantes na atenção primária à saúde: transtornos mentais comuns, qualidade de vida e uso de drogas
Pregnant Women in Primary health care: Common Mental Disorders, Quality of Life and use of Drugs
Publication year: 2017
Theses and dissertations in Portugués presented to the Universidade de São Paulo. Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto to obtain the academic title of Doutor. Leader: Miasso, Adriana Inocenti
Essa pesquisa teve por objetivo geral identificar a prevalência de Transtornos Mentais Comuns (TMC), uso de drogas e a qualidade de vida (QV) em gestantes atendidas na atenção primária à saúde (APS) no município de Campinas, São Paulo. Trata-se de estudo quantitativo, de caráter correlacional, realizado de agosto de 2015 a agosto de 2016 com plano amostral estratificado e proporcional (n=287). Cada estrato foi formado pela Unidade Básica de Saúde sorteada, na área de abrangência de cada um dos cinco distritos de saúde da cidade.
Foram instrumentos de pesquisa:
questionário sociodemográfico, econômico, farmacoterapêutico e de histórico de saúde; o Alcohol Use Disorders Identification Test (AUDIT) para o rastreamento do uso do álcool; o Self Reporting Questionnaire (SRQ-20), para estimar a prevalência de TMC e o World Health Organization Quality of Life Assessment-Brief (WHOQOL-brief), para mensurar escores de QV na amostra. TMC, QV e uso de drogas lícitas não prescritas e/ou ilícitas foram considerados variáveis dependentes. Para análise das variáveis TMC e uso de drogas lícitas não prescritas e/ou ilícitas foi utilizado o teste de regressão logística simples e múltipla e QV a regressão linear múltipla. Das 287 gestantes entrevistadas 30% foram positivas para TMC.As variáveis associadas à TMC foram:
idade (OR 6,63), situação conjugal (OR 2,15), histórico de transtorno mental (OR 4,34), gravidez desejada (OR 3,33), idade gestacional (OR 5,86), relato de ter sofrido violência (OR 18,47) e uso de chá (OR 2,47). Identificou-se que 95,8% declararam ter utilizado pelo menos um medicamento durante a gravidez e desses 2,09% utilizaram sem prescrição. Em relação à classificação de risco, 58,47% dos medicamentos utilizados são da classe A; 30,87% da classe B; 8,84% da classe C, 1,09% da classe D e 0,73% sem classificação. Quanto ao uso de drogas lícitas não prescritas e/ou ilícitas 19,5% relataram o uso sendo a droga mais utilizada o álcool (8,71%), seguido do tabaco (6,61%); sete (2,43%) usaram essas duas substâncias concomitantemente e quatro (1,4%) utilizaram drogas ilícitas associadas ao álcool e/ou tabaco. Por meio do AUDIT, identificou-se que durante a gestação, 2,8% das mulheres foram classificadas como em uso de risco e 0,7% em provável dependência. As variáveis associadas ao uso de drogas lícitas não prescritas e/ou ilícitas foram idade (OR 6,91) e idade gestacional, sendo no segundo trimestre (OR 2,68) e no terceiro trimestre (OR 2,81). Quanto a QV, a média dos escores foi maior no domínio relações sociais enquanto o mais baixo foi no domínio meio ambiente.O preditor mais significativo para menor QV foi TMC. Assim, os achados desta pesquisa poderão ser utilizados na sensibilização dos profissionais da atenção primária, com vistas a maior adequação das ações desenvolvidas no pré-natal e redução de complicações tanto para a gestante quanto para o feto. Além disso, esses indicadores poderão subsidiar a elaboração e implementação de políticas públicas que proporcione uma assistência pré-natal mais integral e qualificada
The objective of this research was to identify the prevalence of Common Mental Disorders (CMD), drug use and quality of life (QoL) in pregnant women treated at primary health care in the city of Campinas, São Paulo. It is a quantitative, correlational study, carried out from August 2015 to August 2016 with a stratified and proportional sampling plan (n = 287). Each stratum was formed by the Basic Health Unit drawn in the area of coverage of each of the five health districts of the city.