Adaptação familiar à prematuridade durante a internação na unidade de terapia intensiva neonatal e ao longo do primeiro ano após a alta hospitalar
Family adaptation to prematurity during admission to the neonatal intensive care unit to the first year after hospital discharge

Publication year: 2021
Theses and dissertations in Portugués presented to the Universidade Federal de Minas Gerais. Escola de Enfermagem. Programa de Pós-Graduação em Enfermagem to obtain the academic title of Doutor. Leader: Elysângela Dittz Duarte

Introdução:

a ocorrência do nascimento prematuro e a evolução da criança é influenciada por aspectos biológicos, econômicos, comportamentais, tecnológicos e de condição de saúde da população. Diante desta situação e hospitalização de um filho, a família passa a ter a sua autonomia para o cuidado ameaçada e a sua organização familiar se modifica para atender às necessidades da criança. Este contexto repercute no funcionamento da família e sua consequente adaptação à condição de ter um filho nascido prematuro, podendo ser comprometido em situações de vulnerabilidade familiar.

Objetivo:

analisar a associação entre aspectos da vulnerabilidade familiar e o processo de adaptação familiar à situação de cuidar de uma criança nascida prematura, desde a internação na Unidade de Terapia Intensiva Neonatal (UTIN) até o primeiro ano após a alta hospitalar.

Métodos:

trata-se de um estudo do tipo longitudinal, de abordagem quantitativa, realizado no município de Belo Horizonte, Minas Gerais, e guiado pelo referencial teórico do Modelo de Resiliência, estresse, ajustamento e adaptação familiar de McCubbin & McCubbin (1993). A coleta de dados foi organizada em três etapas. O primeiro momento da pesquisa (T0) correspondeu ao período de internação do prematuro na UTIN e foi realizado em Unidades de Terapia Intensiva Neonatal de um hospital público, não governamental. As mães foram acompanhadas após a alta hospitalar em dois momentos diferentes, do 1º ao 6º mês (T1), e do 6º ao 12º mês (T2). Neste período, a coleta de dados aconteceu em cenários diferentes, de acordo com as possibilidades de localização e contato com a família. No T0, participaram do estudo 72 mães de recém-nascidos prematuros internados na UTIN com idade gestacional menor do que 32 semanas. No T1 e no T2 foram acompanhadas 25 e 34 mães, respectivamente. Treze mães foram acompanhadas nos três momentos. Utilizou-se um questionário para caracterização da população, com a utilização das Escalas de Depressão Pós-Parto de Edimburgo, Apoio Social (MOS-SSS) e Funcionamento familiar (B-FAM). Para a análise de dados foram utilizados testes específicos de acordo com as variáveis correspondentes. Os dados foram apresentados em tabelas e gráficos. O nível de significância adotado em toda a análise foi de 5%. O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal de Minas Gerais sob o parecer de n° CAAE: 37059020300005149.

Resultados:

no T0, as principais características da vulnerabilidade familiar que tiveram associação com um pior processo de adaptação familiar foram: não residir em Belo Horizonte; ter um menor grau de escolaridade; ter filhos anteriores de risco; ter um maior número de pessoas residindo no mesmo domicílio; e prematuridade extrema. No período após a alta hospitalar, as principais características da vulnerabilidade familiar que tiveram associação com um pior processo de adaptação familiar foram: a necessidade de reinternação hospitalar da criança e a presença de sintomatologia depressiva, ambas especificamente no T2. O apoio social teve associação positiva com o processo de adaptação familiar em todos os períodos.

Conclusão:

é possível inferir que o processo de adaptação familiar é contínuo e dinâmico e pode estar diretamente associado a características que compõem o constructo da vulnerabilidade familiar. Além disso, cada família possui características, contextos e realidades singulares, por isso, destaca-se a importância dos enfermeiros e outros profissionais de saúde neste processo, podendo contribuir com estratégias de inclusão da família nos cuidados com o prematuro e com a manutenção de uma relação de apoio e confiança, para que dessa forma seja possível identificar aspectos da vulnerabilidade familiar que possam impactar no processo de adaptação familiar ante ao nascimento de um filho prematuro.

Introduction:

the occurrence of premature birth and child development are influenced by biological, economic, behavioral, technological and health aspects of the population. A child’s premature birth and hospitalization threaten the autonomy of the family in providing childcare and it modifies family organization to meet the demands of the child. This affects family functioning and adaptation to having a prematurely born child, which may be aggravated in situations of family vulnerability.

Objective:

to analyze the relationship between aspects of family vulnerability and the process of adapting to the care for a prematurely born child from admission to the Neonatal Intensive Care Unit (NICU) to the first year after hospital discharge.

Methods:

this is a longitudinal, quantitative study, performed in the city of Belo Horizonte, Minas Gerais. It followed the theoretical framework of the Resiliency Model of Family Stress, Adjustment and Adaptation by McCubbin & McCubbin (1993). Data collection was organized in three stages. The first stage of the research (T0) corresponds to the period of NICU hospitalization, and it was performed in Neonatal Intensive Care Units of a public, nongovernmental hospital. After hospital discharge, the mothers were monitored during two different time periods, from the 1st to the 6th month (T1), and from the 6th to the 12th month (T2). During these stages, data collection occurred in different scenarios, according to the possibilities of location and contact with the families. During T0, the study included 72 mothers of premature newborns of gestational age of less than 32 weeks, hospitalized in the NICU. During T1 and T2, 25 and 34 mothers were monitored, respectively. Thirteen mothers were monitored at all three stages. A questionnaire was used to characterize the population, Edinburgh postnatal depression scale, social support scale (MOS-SSS), and the family functioning scale (B-FAM). Specific tests were used to analyze the data, according to the corresponding variables. Tables and graphs present these data. The entire analysis adopted a 5% level of significance. The study was approved by the Research Ethics Committee of the Federal University of Minas Gerais (CAAE: 37059020300005149).

Results:

at T0, the main characteristics of family vulnerability associated with a worse family adaptation were residing outside of Belo Horizonte; having a lower level of education; previous at-risk children; having a larger number of people living in the same residence; and extreme prematurity. After hospital discharge, the main characteristics of family vulnerability associated with a worse family adaptation were the need for child rehospitalization, and depressive symptomatology, both specifically during T2. Social support showed a positive association with the process of family adaptation at all moments.

Conclusion:

the process of family adaptation is continuous and dynamic, and it may directly associate with characteristics of the construct of family vulnerability. Moreover, each family has singular characteristics, contexts, and realities; thus, nurses and other health professionals are important in this process. They may contribute with strategies to include the family in the childcare and to maintain support and trust, making it possible to identify aspects of family vulnerability which may impact on the process of family adaptation to the birth of a premature child.

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