Expectativa de vida livre de fatores de risco relacionados ao estilo de vida na população brasileira
Life expectancy free of lifestyle-related risk factors in the Brazilian population

Publication year: 2019
Theses and dissertations in Portugués presented to the UFRN to obtain the academic title of Doutor. Leader: Lyra, Clélia de Oliveira

Com o aumento da expectativa de vida no Brasil, faz-se essencial conhecer a saúde e a qualidade dos anos vividos por essa população mais longeva. Nesse cenário, as Doenças Crônicas Não Transmissíveis (DCNT) apontam como principais causas de limitações, incapacidades e morbimortalidade. Mensurar os fatores de risco relacionados ao estilo de vida para DCNT é premissa indispensável para atender a esta demanda por meio de políticas públicas eficazes.

Os objetivos deste trabalho foram:

(1) identificar perfis multidimensionais de fatores de risco relacionados ao estilo de vida, descrevendo as prevalências dos perfis e características sociodemográficas e de autopercepção de saúde associadas; (2) estimar a expectativa de vida livre de fatores de risco relacionados ao estilo de vida na população brasileira. Foram utilizados dados da Pesquisa Nacional de Saúde (PNS) 2013. Para a identificação dos perfis de estilo de vida foi utilizado o método Grade of Membership (GoM), com dados de 45.881 indivíduos acima de 30 anos, a partir de 12 variáveis relacionadas a estilo de vida. A análise de características associadas a estes perfis foi realizada por meio do teste Quiquadrado de Pearson e Regressão logística incondicional. As prevalências do perfil saudável e as tábuas de vida da população brasileira para o ano de 2013 foram utilizadas, no método de Sullivan, para o cálculo da expectativa de vida livre de fatores de risco relacionados ao estilo de vida, nesta etapa foram selecionados os indivíduos com idade entre 30 e 69 anos, totalizando 40.942.

Foram identificados dois perfis:

um perfil denominado de “perfil saudável” (61,6%; IC95% 61,1 – 62,2), caracterizado pelo consumo adequado de frutas e vegetais, peixes, e consumo não regular de refrigerante, carne com gordura e feijão, pelo excesso de peso e atividade física recomendada no lazer. E outro perfil intitulado de “perfil de risco” (38,4%; IC95% 37,8 – 38,9), caracterizado pelo não consumo de marcadores saudáveis, exceto o consumo de feijão, pelo consumo de todos os marcadores não saudáveis de alimentação, substituir refeições por lanches, consumo de álcool, uso de tabaco, por não serem fisicamente ativos no lazer e por serem eutróficos. O perfil saudável se associou ao sexo feminino, idosos, brancos, residentes no Norte e Nordeste, viúvos, casados, com maior escolaridade e melhor autoavaliação de saúde. Já o perfil de risco se associou ao sexo masculino, adultos jovens, residentes no Centro-oeste e Sul, solteiros, com menor escolaridade e pior autoavaliação de saúde. O tempo estimado a ser vivido pelos brasileiros livre de fatores de risco relacionados ao estilo de vida, aos 30 anos de idade, foi de 33,5 anos para as mulheres e 25,5 anos para os homens. O sexo feminino apresentou maior expectativa de vida livre de fatores de risco em todas as idades. Os achados do presente estudo evidenciam a associação do estilo de vida às características sociodemográficas e contribuem para a discussão sobre desigualdades de gênero existente na morbimortalidade. Os homens brasileiros vivem menos tempo livre de fatores de risco relacionados ao estilo de vida, o que pode contribuir com as elevadas taxas de mortalidade prematura (AU).
The increase in life expectancy in Brazil makes it essential to know the health and the quality of the years lived by the country’s longest-lived population. In this context, Chronic Non-communicable Diseases (NCDs) point out as the main causes of limitations, disabilities and morbimortality. Measuring of lifestyle-related modifiable risk factors for NCDs is an indispensable premise for meeting this emerging demand through effective public policy.

The objectives of this study were:

(1) to identify multidimensional profiles of lifestyle-related risk factors, describing the prevalence of the sociodemographic and self-perceived health profiles and their characteristics; (2) to estimate life expectancy free from lifestyle-related risk factors in the Brazilian population. This study based on data from the National Health Survey (Pesquisa Nacional de Saude, PNS) published in 2013. Grade of Membership (GoM) method was used to identify lifestyle profiles, with data from 45,881 individuals over 30 years by applying the inclusion of 12 lifestyle-related variables. The analysis of the characteristics associated with these profiles was done through Pearson's chi-square test and unconditional logistic regression. The prevalence of the healthy profile and the Brazilian population's life table for 2013 were used in the Sullivan's method to calculate life expectancy free of lifestyle-related risk factors. In this stage, individuals aged between 30 and 69 years were selected, totalling 40,942.

Two profiles were identified:

a profile called “healthy profile” (61.6%; 95% CI 61.1 - 62.2), characterized by adequate consumption of fruits and vegetables, fish, and non-regular consumption of soda, meat with fat and beans. The profile was also characterized by overweight and for meeting the recommendations for physical activity at leisure time. The second profile was entitled “risk profile” (38.4%; 95% CI 37.8 - 38.9), characterized by non-consumption of healthy markers, except bean consumption, by the consumption of all unhealthy markers of eating, replacing meals with snacks, alcohol consumption and tobacco use. The second profile was also characterized for not being physically active at leisure and for being eutrophic. The healthy profile was associated with females, elderlies, white populations, residents of the North and Northeast regions of Brazil, widowed, married, high-educated populations and individuals who evaluate their health habits positively. The risk profile was associated with males, young adults, residents of the Midwest and South regions of Brazil, singles, less educated populations and individuals who evaluate their health habits negatively. The estimated lifetime for Brazilians free of lifestylerelated risk factors at age 30 was 33.5 years for women and 25.5 years for men. Females had a higher life expectancy free of risk factors at all ages in relation to males. The findings of the present study show the association of lifestyle-related risk factors with sociodemographic characteristics and contribute to the discussion of gender inequalities when it comes to morbimortality. Brazilian men live less time free of lifestyle-related risk factors, which may contribute to the high rates of premature mortality among them (AU).

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