O ensino da promoção do autocuidado no Diabetes Mellitus: uma abordagem socioclínica institucional

Teixeira, Patricia Ribeiro da Silva Maia

Este estudo traz como objeto a formação dos profissionais de saúde em relação às atividades de promoção do autocuidado do paciente diabético. O diabetes mellitus (DM) constitui o grupo de doenças crônicas responsável pelas principais causas de morte no mundo. É considerado um dos problemas de saúde de grande magnitude. A capacidade de promover o autocuidado, na interação entre o indivíduo e o profissional de saúde, é uma dimensão significativa do projeto terapêutico que os futuros profissionais precisam adquirir em seu aprendizado clínico junto aos preceptores nos serviços de saúde.

Objetivo geral:

Analisar o processo formativo nos campos de prática dos futuros profissionais de saúde, no tocante à promoção do autocuidado de pacientes com diabetes mellitus, adquirido junto aos profissionais que exercem o papel de preceptores na Atenção Básica.

Objetivos específicos:

Investigar de que maneira foi abordada a promoção do autocuidado do paciente diabético durante a formação dos profissionais de saúde que atuam como preceptores de alunos de graduação; identificar as estratégias utilizadas por estes profissionais dos serviços de saúde da Atenção Básica, na qualidade de preceptores, para o desenvolvimento, no processo formativo, das habilidades discentes sobre o autocuidado no controle do DM; contribuir para a elaboração conjunta de um produto educacional capaz de intensificar a habilidade dos profissionais de saúde/preceptores para capacitar, nos campos de prática, os alunos de graduação para a promoção do autocuidado do paciente diabético na Atenção Básica.

Metodologia:

Estudo com abordagem qualitativa, realizado de 2018 a 2020, utilizando como referencial teórico-metodológico a Análise Institucional, nos moldes da Socioclínica Institucional. Escolhe como participantes profissionais do SUS que atuam como preceptores de graduandos de medicina, enfermagem e farmácia, em atividades junto a pessoas com DM em uma unidade do Programa Médico de Família de Niterói/RJ. Como dispositivos de coleta de dados, utiliza a observação participante, encontros socioclínicos institucionais e o diário da pesquisadora. Os dados foram coletados após aprovação pelo CEP (CAAE: 14351519.0.0000.5243) e Secretaria Municipal de Saúde, respeitando-se as Resoluções nº 466/2012 e nº 510/2016.

Resultados:

a discussão foi feita a partir de 03 eixos de análise: As características da Socioclínica Institucional se fazem presentes nos debates sobre o autocuidado e a formação; O ser e o fazer: dilemas dos profissionais de saúde na efetuação do autocuidado na assistência e na formação; e A preceptoria e o ensino do autocuidado do diabético: das dificuldades a caminhos possíveis. Os eixos revelaram as dificuldades e sofrimento dos profissionais de saúde/preceptores na efetuação do autocuidado e estão relacionados com três elementos: o autocuidado consigo (o Ser), o autocuidado na assistência (o Fazer) e o autocuidado na preceptoria (o Ser e o Fazer). Destacam-se os caminhos possíveis, sugerindo mudanças no processo de trabalho na preceptoria, em processo de institucionalização no cenário examinado. O produto que emergiu deste trabalho teórico-prático deu origem ao produto já registado no EDUCAPES: Encontros socioclínicos institucionais na Atenção Básica: debates sobre o autocuidado do diabético com profissionais do SUS que atuam como preceptores.

The object of this study is the training of health professionals in activities to promote self-care in diabetic patients. Diabetes mellitus (DM) belongs to the group of chronic diseases that answer for the major causes of death throughout the world and is regarded as a health hazard of the highest magnitude. The ability to promote self-care in the interaction between patients and health professionals is a significant dimension of the therapeutic project, and one that future professionals need to acquire in their clinical training with preceptors in health services.

General objective:

to analyze the training process of future health professionals in practical activities with regard to the promotion of diabetic patients’ self-care in Primary Care facilities, as provided by health professionals who work as preceptors.

Specific objectives:

to inquire into how the promotion of self-care in diabetic patients was handled during the formative training period of the health professionals now acting as preceptors to academic students; to identify the strategies used by these health professionals/preceptors in Primary Care services to develop their training students’ abilities regarding self-care in the control of DM; to contribute to the joint elaboration of an educational format that can enhance the ability of preceptors (SUS professionals) to qualify undergraduates under practical training to promote self-care in diabetic individuals within Primary Care services. As a qualitative research, the study has been conducted from 2018 to 2020 and used Institutional Analysis in its Institutional Socioclinics approach as a theoretical-methodological model. The chosen participants were SUS professionals who act as preceptors to medicine, nursing and pharmacy students in their practice with DM patients in a module of the Family Medical Program in Niterói/RJ. Data was collected through observation of academic practice and in institutional socioclinical meetings. Collection was conducted with the approval of CEP (CAAE: 14351519.0.0000.5243) and the Municipal Health Secretariat, as per Resolutions nos. 466/2012 and 510/2016.

Results:

discussions were conducted along three lines of analysis: (a) The characteristics of Institutional Socioclinics are present in debates on self-care and professional training; (b) Being and doing: health professionals’ dilemmas in rendering self-care effective while providing health care and student training; (c) Preceptorship and teaching diabetic self-care: from roadblocks to feasible paths. Those lines revealed the hardships and suffering borne by health professionals/preceptors in making self-care effective and have to do with three factors: one’s own self-care (Being), selfcare in providing assistance (Doing), and self-care in preceptorship (Being and Doing). Feasible paths are stressed and some changes are suggested in the work of preceptors, preceptorship itself being in the process of institutionalization in the setting under exam. The outcome of this theoretical-practical work gave origin to a product that has already been filed with EDUCAPES — Institutional socioclinical meetings in Primary Care: debates on diabetic self-care with SUS professionals who act as preceptors.