Hanseníase e trabalho: a correlação da doença com o afastamento do trabalhador em tratamento na Unidade Básica de Saúde
LEPROSY AND WORD: the disease correlation with work leave of worker under treatment in the Basic Health Unit
Publication year: 2019
Theses and dissertations in Portugués presented to the Universidade do Estado do Pará to obtain the academic title of Mestre. Leader: Ferreira, Ângela Maria Rodrigues
Enfermidade crônica, transmissível e negligenciada, a hanseníase possui indicadores alarmantes e, quando não diagnosticada e tratada precocemente, leva a ocorrência de incapacidades físicas permanentes. Somadas às tantas complicações possíveis da hanseníase, as incapacidades podem interferir de maneira significativa na vida do indivíduo, prejudicando o desenvolvimento de suas atividades do dia a dia, como as laborativas. A redução da capacidade para o trabalho, causada pela doença, compromete a produtividade, podendo levar a interrupção do trabalho, afastando ou, até mesmo, excluindo definitivamente indivíduos da cadeia produtiva. O afastamento do trabalho por motivo de doença possui repercussões financeiras e psicossociais ao trabalhador. Esse estudo objetivou analisar a correlação da hanseníase com o afastamento do trabalhador que realiza tratamento na Unidade Básica de Saúde. Trata-se de um estudo transversal, analítico com abordagem quantitativa, realizado em 10 unidades de saúde notificadoras de hanseníase do município de Belém-Pará. Foram selecionados 72 pacientes com diagnóstico de hanseníase, com idade igual ou superior a 18 anos e que possuíam alguma atividade trabalhista, independente do vínculo empregatício. A amostra foi composta por trabalhadores com média de idade de 42,9 anos, 69,4% do sexo masculino, 45,8% com nível de escolaridade fundamental, renda mensal de 1 a 3 salários mínimo (59,7%), ocupando cargos de trabalhadores dos serviços, vendedores do comércio em lojas e mercados (31,9%). Foi evidenciada predominância da forma clínica Dimorfa (72,2%), sem nervos afetados (52,8%) e, com 5 a 10 lesões cutâneas (51,3%). Foi identificada presença de incapacidades físicas em 34,7% dos trabalhadores, sendo esta, a principal causa indicada para os afastamentos do trabalho, problema referido por 59,7% dos trabalhadores. Outros problemas relacionados aos afastamentos do trabalho, indicados pelos trabalhadores foram: restrição ao trabalho (56,9%), redução da capacidade laborativa (55,5%), omissão do diagnóstico da doença (43%), falta de readaptação/mudança de função (90,2%) e preconceito (26,3%). O tempo de afastamento do trabalho em decorrência da hanseníase foi superior a 6 meses em 48,8% dos casos. Na análise bivariada identificou-se relação estatística com o afastamento do trabalho entre: redução da capacidade laborativa (p< 0.000), restrição ao trabalho (p=0.0001), maior número de nervos afetados (p=0.0015), presença de episódios reacionais (p=0.0086). Percebeu-se que, os afastamentos do trabalho estiveram relacionados, com maior grau de significância, às formas multibacilares da doença, aos trabalhadores com baixo índice de escolaridade, ocupando funções que exigem baixo ou nenhum conhecimento técnico, no setor informal de trabalho. Conclui-se que existe relação significativa entre a hanseníase e o afastamento do trabalho do paciente em acompanhamento na Unidade Básica de Saúde e que, a presença de incapacidades físicas, é considerada a principal causa de afastamento do trabalhador. É necessária maior articulação entre as estratégias de atenção à hanseníase e a saúde do trabalhador para a proposição de medidas que visem a minimização de afastamentos do trabalho em decorrência da doença
Chronic, transmissible and neglected disease, leprosy has alarming indicators and, when not diagnosed and treated early, leads to the occurrence of permanent physical disabilities. In addition to the many possible complications of leprosy, disabilities can significantly interfere with the individual's life, hampering the development of their day-to-day activities, such as work activities. The reduction of work capacity, caused by the disease, compromises productivity, which can lead to interruption of work, distancing or even definitively excluding individuals from the productive chain. The work leave due to illness has financial and psychosocial repercussions on the worker. This study aimed to analyze the correlation of leprosy with the removal of the worker who is being treated at the Basic Health Unit. This is a transversal, analytical study with a quantitative approach carried out in ten health units reporting leprosy in the city of Belém - Pará. Were selected 72 patients with a diagnosis of leprosy, aged 18 years or more and who had some labor activity, regardless of the employment relationship. The sample consisted of workers with a mean age of 42.9 years, 69.4% male, 45.8% with a primary schooling level, monthly income of 1 to 3 minimum wages (59.7%), occupying positions of service workers, store sellers and markets (31.9%). It was evidenced predominance of the clinical form Dimorfa (72.2%), without affected nerves (52.8%) and with 5 to 10 cutaneous lesions (51.3%). The presence of physical disabilities was identified in 34.7% of the workers, being this the main cause indicated for work leave, a problem referred by 59.7% of the workers. Other problems related to work leave, indicated by workers were: work restriction (56.9%), reduction of work capacity (55.5%), omission of the diagnosis of the disease (43%), lack of readaptation change of function (90.2%) and prejudice (26.3%). The time to leave work due to leprosy was greater than 6 months in 48.8% of the cases.