Avaliação da tolerância a protocolo de recuperação pós-operatória acelerada em pacientes submetidos à cirurgia colorretal laparoscópica: estudo prospectivo e randomizado
Assessment of tolerance to accelerated postoperative recovery protocol in patients undergoing laparoscopic colorectal surgery: prospective and randomized study

Publication year: 2018
Theses and dissertations in Portugués presented to the Universidade Federal de Minas Gerais. Faculdade de Medicina. Programa de Pós-Graduação em Ciências Aplicadas à Cirurgia e à Oftalmologia to obtain the academic title of Doutor. Leader: Antonio Lacerda Filho

O pós-operatório das operações colorretais tem morbi-mortalidade elevada, trazendo desconforto e, por vezes, sofrimento para os pacientes e familiares. Até recentemente, a maioria das medidas adotadas nos períodos pré, per e pós-operatório, tinham bases empíricas. O desenvolvimento do conceito de recuperação pós-operatória acelerada, Enhanced Recovery After Surgery, (“ERAS”) é baseado na premissa de que, adotar protocolo com medidas cientificamente comprovadas, traz benefícios aos pacientes, permitindo recuperação mais rápida. O sucesso da implantação desses protocolos depende da adesão e da tolerância dos pacientes, sendo que a intolerância ocorre por motivos diversos e multifatoriais.

Objetivo:

avaliar a taxa de insucesso na implantação de protocolo simplificado de recuperação acelerada em pacientes submetidos a cirurgia colorretal por acesso laparoscópico e os possíveis motivos de não aceitação.

Método:

Foram avaliados e comparados de forma randomizada,161pacientes divididos em 2 grupos, o G1 (n=84) submetido ao protocolo de recuperação acelerada e o grupo G2 (n=77) que recebeu cuidados pós-operatórios convencionais. Os pacientes do G1 foram subdivididos em 2 subgrupos de pacientes que toleraram (n=51) ou não (n=33) o protocolo ERAS, sendo comparados entre si em relação a possíveis variáveis que pudessem influenciar na aceitação ou não do protocolo.

Resultados:

Noventa e seis pacientes eram do sexo feminino (59%). A idade variou de 25 a 95 anos, com média de 57,4 ± 12,6 anos. O IMC variou de 18,0 a 51,0 kg/m2 com mediana (Q1;Q3) 25,5kg/m2 (22,8;28,2kg/m2). Os dois grupos foram semelhantes em relação às características sociodemográficas e clínicas. Os pacientes do G1 apresentaram menor período de internação, eliminaram flatos, deambularam e toleraram a dieta mais precocemente (p<0, 0001). A taxa de tolerância ao protocolo de recuperação acelerada foi de 60%. Na análise multivariada dos subgrupos que toleraram ou não o protocolo, observou-se que o tempo cirúrgico prolongado, a confecção de estomia e a ocorrência de complicações foram variáveis que comprometeram a aceitação do mesmo (p<0,0001).

Conclusões:

O protocolo simplificado de recuperação pós-operatória acelerada é capaz de melhorar a recuperação de pacientes submetidos a operação colorretal laparoscópica, sendo que sua utilização pode não ser tolerada por parcela significativa de pacientes. A adoção de medidas que possam aumentar as taxas de sucesso desses protocolos poderia torná-los mais efetivos, reduzindo as consequências deletérias das alterações fisiológicas decorrentes das cirurgias colorretais.
Colorectal surgeries are associated with increased postoperative morbimortality, causing discomfort and even suffering for patients and relatives. Until recently, the majority of the adopted measures during the pre, per, and postoperative periods were empirical. The Enhanced Recovery After Surgery (ERAS) program development is based on the premise that adopting a protocol with scientifically proven measures brings benefits to patients, allowing a faster recovery. The success of its implementation depends on patient adherence and tolerance, and intolerance can be related to several and multifactorial reasons.

Objective:

to assess the insuccess rate of implantation of a simplified Enhanced Recovery After Surgery Program (SERSP) protocol in patients undergoing laparoscopic colorectal surgery and the possible reasons for its non-acceptance.

Method:

161 patients were randomly divided into 2 groups G1 (n = 84) submitted to the SERSP protocol and G2 group (n = 77) who received conventional postoperative care. Groups were assessed and compared with respect to factors that could affect ERAS tolerance. The G1 patients were subdivided into 2 subgroups of patients who tolerated (n = 51) or not (n = 33) the SERSP protocol, being compared to each other in relation to possible variables that could influence protocol acceptance.

Results:

There were 96 females (59%) and the mean age was 57.4(± 12.6 years ranging from 25 to 96 years old). The BMI ranged from 18.0 to 51.0 kg / m2 with median (Q1; Q3) 25.5kg / m2 (22.8; 28.2kg / m2). Groups were similar with respect to socio-demographic and clinical characteristics. Group 1 patients had significantly shorter length of stay, and eliminated flatus, wandered and tolerated the diet earlier (p <0.0001). The rate of tolerance to the accelerated recovery protocol was 60%.In the comparative analysis of the subgroups that accepted or not the SERSP protocol, it was observed that the prolonged surgical time, ostomy preparation and the occurrence of complications were variables that compromised the acceptance of SERSP (p <0.0001).

Conclusions:

The accelerated postoperative recovery protocol is capable of improving the recovery of patients undergoing laparoscopic colorectal surgery, but its use may not be tolerated by a significant number of patients. Adopting measures that can increase the success rates of these protocols could make them more effective.

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