Cultura de segurança da mulher no parto hospitalar: um estudo misto das percepções dos profissionais de enfermagem e médicos
Safety culture of women in hospital birth: a mixed study of the perceptions of nursing professionals and doctors

Publication year: 2019
Theses and dissertations in Portugués presented to the Universidade do Estado do Rio de Janeiro to obtain the academic title of Mestre. Leader: Figueiredo, Adriana Lenho de

O modelo obstétrico dominante nos hospitais é caracterizado por uma assistência medicalizada e intervenções excessivas, que estão em desacordo com a cultura organizacional de segurança da mulher e do seu filho.

Os objetivos do estudo são:

descrever a avaliação da cultura de segurança da mulher e do filho na assistência ao parto hospitalar; conhecer as percepções da equipe de enfermagem e médicas(os) sobre a segurança dessa assistência; identificar os fatores envolvidos na cultura de segurança segundo essa equipe de profissionais. Trata-se de um estudo misto, quan  QUAL, com desenho sequencial explanatório, realizado numa maternidade pública do município do Rio de Janeiro. A fase quantitativa foi do tipo survey, e para a coleta de dados foi utilizado o questionário validado e adaptado transculturalmente para o português, denominado Hospital Survey on Patient Safety Culture (HSOPSC), criado pela Agency for Healthcare Research and Quality (AHRQ). Os dados receberam tratamento estatístico descritivo, pelas frequências absolutas e relativas. Na fase qualitativa, foi um estudo descritivo. Os dados foram coletados por meio de entrevistas semiestruturadas, transcritas e analisadas através da análise de conteúdo temática. Obteve-se uma amostra válida de 26 (100%) participantes, selecionados aleatoriamente no ambiente de trabalho, sendo: 9 (34,6%) enfermeiras(os) obstetras, 9 (34,6%) técnicas(os) de enfermagem e 8 médicas(os). Verificou-se que nenhuma das dimensões avaliadas alcançou o nível de cultura de segurança fortalecida. A média das frequências das repostas positivas nas 12 dimensões avaliadas foi de 48,14%, o que representa uma cultura de segurança fragilizada na maternidade pesquisada. A percepção geral de segurança do paciente foi de 31,8%, sendo a dimensão pessoal um dos pontos críticos de comprometimento da segurança, com apenas 31,5% das respostas positivas, ao passo que a dimensão com maior percentual de respostas positivas foi a aprendizagem organizacional e melhorias contínuas, com 70,4%. Na etapa qualitativa participaram 12 profissionais, sendo 4 enfermeiras(os) obstetras, 4 técnicas(os) de enfermagem, 2 médicas(os) obstetras e 2 médicas(os) pediatras. As entrevistas revelaram que as percepções da equipe sobre a assistência obstétrica segura se referem à prevenção de incidentes e cuidados técnicos adequados. Ademais, os fatores que interferem na cultura de segurança na ótica da equipe são: o desconhecimento das ações de segurança, deficiência na uniformidade de condutas e quantitativo de pessoal limitado frente à demanda assistencial. Portanto, há fragilidades na cultura de segurança da mulher e do seu filho no parto hospitalar. As(os) profissionais da equipe consideram que seguir os protocolos nacionais, da rede municipal de saúde, da instituição e as evidências científicas é necessário para a assistência segura, o que expressa uma visão ainda incipiente sobre as questões, medidas e ferramentas que envolvem a segurança do paciente.
The dominant obstetric model in hospitals is characterized by medicalized care and excessive interventions, which conflict with the organizational safety culture for the woman and her child.

The objectives of the study are:

to describe the evaluation of the safety culture for the woman and her child in hospital birth assistance; to know the perceptions of the nursing and medical team about the safety of this assistance; to identify the factors involved in the safety culture according to this team of professionals. This is a mixed study, quan  QUAL, with an explanatory sequential design, carried out in a public maternity hospital in the city of Rio de Janeiro. Its quantitative phase was of the survey type, and for the data collection the questionnaire created by the Agency for Healthcare Research and Quality (AHRQ), entitled Hospital Survey on Patient Safety Culture (HSOPSC), was validated and transculturally adapted to Portuguese. The data received descriptive statistical treatment, by absolute and relative frequencies. In its qualitative phase, it was a descriptive study. Data were collected through semi-structured interviews; transcribed and analyzed through the thematic content analysis. A valid sample of 26 (100%) participants, randomly selected in the work environment, was obtained: 9 (34.6%) obstetrician nurses, 9 (34.6%) nursing technicians and 8 doctors. It was found that none of the dimensions assessed reached the level of strengthened safety culture. The mean frequencies of the positive responses in the 12 dimensions evaluated were 48.14%, which represents a fragile safety culture in the maternity hospital. The general perception of patient safety was 31.8%, with the personal dimension being one of the critical points of safety compromise, with only 31.5% of the positive responses, whereas the dimension with the highest percentage of positive responses was the organizational learning and continuous improvement, with 70.4%. At the qualitative phase, 12 professionals participated, including 4 obstetrician nurses, 4 nursing technicians, 2 obstetricians and 2 pediatricians. The interviews revealed that the team's perceptions about safe obstetric care refer to the prevention of incidents and appropriate technical care. In addition, the factors that interfere in the safety culture from the perspective of the team are: lack of knowledge of safety actions, deficiency in the uniformity of behaviors and limited staff quantitative in relation to the demand for care. Therefore, there are weaknesses in the safety culture for the woman and her child in hospital birth. The team’s professionals consider that following the national, institutional and municipal healthcare system protocols, as well as scientific evidence, is necessary for a safe care, which expresses a still incipient view regarding the issues, measures and tools that involve patient safety.

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