Da arte do viver à arte de estar pesquisando com crianças. O que podem as crianças de terreiro? Que infâncias permeiam este território? Por onde se movimentam as culturas infantis de terreiro? Quem são partícipes dessas culturas e como inscrevem suas marcas e grafias nas infâncias afrodiaspóricas? O quinto volume da Série Pensamento Negro Descolonial, “Culturas Infantis de Terreiro: agenciando memórias, histórias e narrativas”, visa provocar aberturas para novos imaginários sobre as infâncias; produzir fissuras nos lugares por onde perpassam os estudos sobre crianças e infâncias, num Brasil que pouco se reconhece como forjado por tradições e culturas de matriz africana; provocar deslocamentos em conceituações aprisionadas e mumificadas em uma infância universal, branca, colonizada. Importa destacar que a infância, por si só, é uma referência de incômodo ao que está estabelecido e definido no mundo adultocêntrico. Incômodo que é ampliado quando tratamos de infâncias de terreiro e negras. Trata-se de uma coletânea cuja arte-ciência abre caminhos e nos desafia a novas leituras de mundo crianceiras, em imagens, sons e palavras. Um percurso que se dobra ao ventre da tradição de matriz africana e que nos convoca às possibilidade de estudos e pesquisas que apostam nos espaços-vividos-revividos pela primeira infância de terreiro; que se desafia à construção de novos modos de evidenciar as concepções de infâncias experienciadas nas comunidades tradicionais de terreiro – seja nas suas utopias de existir, nas fabulações sobre a vida ou na luta por políticas públicas que considerem a pluriversidade ontológica do ser criança em nossa sociedade. Seja bem vinda e bem vindo a modos de criançar a vida e a pesquisa. Sinta-se na dança, no riso, no desenforme infantil do ser e estar no mundo. Ao longo da leitura, permita-se criançar e apre(e)nder os (des)caminhos da infância.