Construção e reconstrução de novas formas sociais de vida nas colônias de hanseníase do Brasil - Estigma, segregação, violência e superação
Construction and reconstruction of new social forms of life in leprosy colonies in Brazil - Stigma, segregation, violence and overcoming

Publication year: 2021
Theses and dissertations in Portugués presented to the Universidade Federal de Minas Gerais. Faculdade de Medicina. Programa de Pós-Graduação em Promoção de Saúde e Prevenção da Violência to obtain the academic title of Doutor. Leader: Melo. Elza Machado de.

O presente trabalho constitui estudo nacional, de natureza qualitativa, acerca das novas formas de vida e sociabilidade construídas pelas pessoas que foram internadas nas colônias de hanseníase das cinco regiões do Brasil. A pesquisa foi organizada a partir da proposta metodológica da Teoria Fundamentada nos Dados (Grounded Theory), coletados por meio de entrevistas semiestruturadas com 15 (quinze) pessoas que foram acometidas pela hanseníase e internadas compulsoriamente, bem como análise documental da literatura produzida por ex-internos e ex-internas desses estabelecimentos em livros e periódicos. Respeitada as etapas de codificação e análise propostas pela Teoria Fundamentada, os dados foram agrupados em categorias intituladas: estigma, mortificação, construção de novas formas de sociabilidade e esperançar. A partir da organização dessas foi identificada a core category “Construção e Reconstrução de Novas Formas Sociais de Vida nas Colônias de Hanseníase do Brasil”, que dá título à essa dissertação. A teoria construída sugere que o estigma foi responsável pelo preconceito e exclusão milenar a que o paciente de hanseníase foi submetido, fato que resultou em políticas públicas segregacionistas e arbitrárias que contaram com o apoio da sociedade. A violência da internação compulsória destruía a subjetividade do internado, buscando apagar sua história pregressa em um processo de mortificação. A adaptação ao cotidiano nas colônias só foi possível pela construção de uma vivência coletiva do internado e seus pares. O trabalho, a arte, o esporte e a religiosidade foram alguns dos instrumentos que facilitaram a adequação, aceitação e a consequente subordinação ao encarceramento, diminuindo os enfrentamentos ao sistema imposto e as fugas. Entretanto, as resistências e a luta por direitos e dignidade também sempre estiveram presentes nas histórias das colônias. Com frequência, o processo de iniciado na mortificação, atravessava a adaptação, quase sempre passava pela ressignificação da vida e da história e resultava na construção de uma nova consciência. Para muitos, amparados pela luta coletiva, essa etapa era pautada no reconhecimento como sujeitos de direito em busca de sua plena cidadania.
This work is a national study, qualitative, about the new ways of life and sociability constructed by people who were interned in leprosy colonies in the five Brazil’s regions. The research was organized from the methodological proposal of Grounded Theory, collected through semi-structured interviews with 15 (fifteen) people who were affected by hansen disease and compulsorily hospitalized; and documentary analysis of the literature produced by ex- inmates of these establishments in books and periodicals. Respecting the coding and analysis steps proposed by the Grounded Theory, the data were grouped into categories entitled: stigma, mortification, construction of new forms of sociability and hope. Based on their organization, the core category “Construction and Reconstruction of New Social Forms of Life in Hansen Colonies in Brazil” was identified, which gives the title to this dissertation. The constructed theory suggests that stigma was responsible for the millenary prejudice and exclusion that the people with Hansen disease was subjected to, a fact that resulted in segregationist and arbitrary public policies that had the support of society. The violence of compulsory internment destroyed the inmates’ subjectivity, seeking to erase his previous history in a process of mortification. Adapting to everyday life in the colonies was only possible through the construction of a collective experience for the inmates and their peers. Work, art, sport and religiosity were some of the instruments that facilitated adaptation, acceptance and the consequent subordination to incarceration, reducing confrontations with the imposed system and escapes. However, the resistance and struggle for rights and dignity were also always present in the histories of the colonies. Often, the process of being initiated into mortification, went through adaptation, almost always went through the resignification of life and history and resulted in the construction of a new consciousness. For many, supported by the collective struggle, this stage was based on recognition as subjects of rights in search of their full citizenship.

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