O envelhecimento populacional característico das mudanças demográficas atuais vem sendo acompanhado por maior preservação dentária. Pessoas idosas possuem particularidades que as tornam mais susceptíveis ao desenvolvimento de alterações bucais como cárie dentária e lesões cervicais não cariosas (LCNC). Com a idade avançada, a prevalência da cárie dentária aumenta, e as LCNC tornam-se mais comuns e graves. O objetivo desse estudo foi avaliar a frequência de cárie dentária e de LCNC em idosos independentes, além de investigar associações entre proteínas salivares e a presença de cárie, e entre LCNC e fatores oclusais em dois artigos distintos. Neste estudo transversal, parte dos dados foi coletada usando entrevista estruturada. A experiência de cárie e de LCNC foi determinada pelos índices de Dentes Cariados, Perdidos e Obturados (CPO-D), Raízes Cariadas e Obturadas (CO- R) e Índice de Desgaste Dentário (TWI), coletados em exame clínico. Ao total, foram avaliados 127 indivíduos, com idade entre 60 e 84 anos. A média do CPO-D foi 23,86 e frequência de cárie dentária foi 65,4%. Para LCNC, a frequência de lesões com profundidade superior a 1mm foi 65,4%. Modelos 3D foram obtidos a partir de escaneamento intraoral para análise oclusal, morfologia e morfometria das LCNC, em 53 idosos, totalizando 1245 dentes com frequência absoluta de 352 (28,27%) dentes com LCNC. Lesões arredondadas possuíam maior altura, enquanto lesões anguladas apresentaram maior profundidade. Dentes com LCNC apresentaram maior proporção de facetas de desgaste, contatos oclusais intensos e contatos de interferência oclusal. Saliva em repouso foi coletada durante 5 minutos para quantificação do fluxo, pH, capacidade de tamponamento e proteínas salivares por meio de análise proteômica realizada em 80 participantes. Os indivíduos foram subdivididos em um grupo sem cárie ativa (47,5%) e outros dois grupos com lesões de cárie divididos pela mediana de dentes acometidos: £2 dentes (31,3%) e >2 dentes com cárie ativa (21,3%). Na análise proteômica, foram quantificadas 665 proteínas, envolvidas em processos de imunidade inata, modulação enzimática, atividade dos íons cálcio e adesão celular. Dessas, 68 proteínas demonstraram diferenças significativas de abundância entre os grupos. O conjunto de dados proteômicos foi correlacionado com índice de placa dentária visível, experiência de cárie radicular, fluxo salivar, capacidade tampão, pH e porcentagem de ingestão de açúcar. Com as correlações, 87 candidatos a biomarcadores foram identificados e 19 repetiram a significância da análise anterior. Dessa forma, os resultados deste estudo indicam potenciais biomarcadores e características individualizadas do paciente idoso que podem contribuir para o direcionamento do manejo clínico desse estrato populacional.